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Veja a cronologia do assassinato de empresário ameaçado pelo PCC

Do UOL, em São Paulo

09/11/2024 11h06Atualizada em 10/11/2024 09h39

O assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do PCC, ocorreu quando a vítima desembarcava no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), na tarde de sexta-feira (8). Um motorista de aplicativo também foi baleado e morreu na ação. Veja a cronologia do crime.

Antes do ataque

Retorno de Maceió. O empresário deixou Alagoas rumo a São Paulo e desembarcou no aeroporto de Guarulhos após voltar de uma viagem com a namorada e o motorista particular dele.

Suposto problema em um dos carros da escolta do empresário. A segurança era feita por quatro policiais militares contratados como segurança pelo empresário. Segundo a Polícia Civil, o Volkswagen Amarok apresentou uma falha e foi deixado em um posto de combustível sem acessar a área de desembarque. A investigação irá apurar se houve mesmo falha mecânica ou se episódio pode estar relacionado com o crime.

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Filho e amigo de Gritzbach foram levados do local pelos seguranças particulares do empresário. Eles chegaram ao terminal 2 no veículo Trailblazer, o outro veículo da escolta.

16h03: hora do crime

Assim que deixa o saguão do aeroporto, o empresário é assassinado por dois homens encapuzados com fuzis. Os atiradores entraram em um Gol preto e fugiram do local.

As imagens mostram, no meio do tiroteio, passageiros correndo com suas malas e funcionários tentando escapar. Além do empresário e do motorista de aplicativos, duas pessoas ficaram feridas. Nenhuma delas tinha relação com Gritzbach.

Depois do ataque

Namorada do empresário deixa o local antes da chegada da polícia. Ela foi embora com um dos PMs que integrava a escolta do empresário e já foi ouvida pelas autoridades. O celular dela foi apreendido.

Feridos foram levados ao Hospital Geral de Guarulhos. O motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, foi levado para a UTI após ser atingido por um tiro nas costas, mas não resistiu. Ainda em observação no hospital, o funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, sofreu ferimentos na mão direita e no ombro. Ferida superficialmente no abdômen, a técnica Samara Lima de Oliveira, 28, teve alta.

O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

O setor do aeroporto foi fechado para perícia e os funcionários foram orientados a deixar o local e não relatar o ocorrido. Saguão ficou com marcas de bala e o corpo do empresário, sob manta térmica, foi retirado por volta das 21h. Até a reabertura da área, cerca de cinco horas depois, todos os desembarques estavam acontecendo no andar superior.

PMs que faziam a escolta do empresário prestaram depoimento e tiveram os seus celulares apreendidos. Os agentes foram identificados como Leandro Ortiz, 39, Adolfo Oliveira Chagas, 34, Jefferson Silva Marques de Sousa, 29, e Romarks César Ferreira de Lima, 35. Eles foram afastados do serviço.

Polícia localizou as armas que teriam sido usadas no atentado após uma denúncia anônima. Agentes da Polícia Militar de São Paulo apreenderam dois fuzis com três carregadores e uma pistola com um carregador que estavam dentro de uma mochila. Posteriormente, a PM encontrou outras duas mochilas que continham mais um fuzil, sete carregadores e dois emplacamentos.

A polícia investiga se ele foi assassinado a mando do PCC. Mas não descarta outras possibilidades, como queima de arquivo, já que havia assinado acordo de delação premiada e tinha vários inimigos agentes públicos, a quem disse ter pago altos valores em propinas.

A Polícia Federal anunciou no sábado que abriu investigação do homicídio. A apuração será realizada de forma integrada com a Polícia Civil do estado, que já está no caso por meio do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Vítima era pivô de guerra no PCC

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era suspeito de envolvimento na morte de um integrante do PCC Imagem: Divulgação

Ameaçado pelo PCC já havia escapado de um atentado no Natal de 2023. O ataque ocorreu no prédio onde ele morava no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. Na ocasião, um atirador disparou quando Gritzbach se aproximou da janela para fazer uma filmagem com o celular. Ninguém se feriu. O empresário passava o Natal com o pai, filhos e tios.

Empresário morto e policial penal David Moreira da Silva, 38, foram acusados pelo MP pelos assassinatos de dois membros do PCC. Segundo investigações, Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, havia entregue R$ 40 milhões ao empresário para que investisse em criptomoedas, mas o dinheiro não foi devolvido.

Cara Preta então passou a exigir a prestação de contas e a devolução do dinheiro. Ele e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, foram mortos em dezembro de 2021. Noé Alves Shaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado no mês seguinte.

Segundo o MP, Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele. O empresário e o policial penal sempre negaram envolvimento nos assassinatos.

Denunciado pela Justiça, Gritzbach chegou a ficar preso pelos assassinatos, mas respondia ao processo em liberdade. Ele deixou a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) em junho de 2023, usando tornozeleira eletrônica. Na época em que esteve preso, o advogado do empresário dizia que ele poderia ser assassinado na prisão por integrantes do PCC.

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