Morre motorista de aplicativo baleado em ataque a tiros contra alvo do PCC
Do UOL, em São Paulo
10/11/2024 09h05Atualizada em 10/11/2024 12h16
Morreu neste sábado (9) o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, atingido por um tiro nas costas durante o ataque que matou o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, no aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8). A informação foi confirmada ao UOL na manhã deste domingo (10) pela família e pela Polícia Militar.
O que aconteceu
Novais estava internado na UTI do Hospital Geral de Guarulhos. A causa da morte não foi divulgada. A família disse ter sido informada do óbito por volta das 20h30 deste sábado.
Vítima estava no saguão do aeroporto quando foi baleada e não tinha relação com o empresário. Segundo a funcionária pública Simone Fernandes de Novais, 41, esposa do motorista, ele havia estacionado em uma espécie de fila formada por veículos usados por motoristas de aplicativo e aguardava ser acionado por algum passageiro. "Em seguida, começaram os tiros e ele foi baleado", contou Simone ao UOL.
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O motorista chegou a passar por cirurgias no hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a família, ele perdeu um dos rins e parte do fígado. "Ele sangrou muito, e isso fez com que o estado de saúde dele piorasse", relatou a esposa.
Família aguarda liberação do corpo para confirmar o horário do sepultamento. Celso tinha três filhos, com 20, 13 e três anos.
Além dele, outras duas pessoas ficaram feridas na ocorrência. Funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, sofreu ferimentos na mão direita e no ombro e está em observação no hospital. Ferida superficialmente no abdômen, a técnica Samara Lima de Oliveira, 28, já teve alta. Os dois também não tinham relação com Gritzbach.
Como foi o crime
Gritzbach voltava de Maceió. O empresário deixou Alagoas rumo a São Paulo e desembarcou no aeroporto de Guarulhos após voltar de uma viagem com a namorada e o motorista particular dele na tarde de sexta-feira (8).
Suposto problema em um dos carros da escolta do empresário. A segurança era feita por quatro policiais militares contratados por Gritzbach e que foram afastados do serviço após o assassinato. Segundo a Polícia Civil, o Volkswagen Amarok apresentou uma falha e foi deixado em um posto de combustível sem acessar a área de desembarque. A investigação irá apurar se houve mesmo falha mecânica ou se episódio pode estar relacionado com o crime.
Filho e amigo de Gritzbach foram levados do local pelos seguranças particulares do empresário. Eles chegaram ao terminal 2 no veículo Trailblazer, o outro veículo da escolta.
Assim que deixou o saguão do aeroporto, o empresário foi assassinado por dois homens encapuzados com fuzis. Os atiradores entraram em um Gol preto e fugiram do local. Gritzbach foi atingido por dez tiros.
As imagens mostram, no meio do tiroteio, passageiros correndo com suas malas e funcionários tentando escapar.
Namorada do empresário deixou o local antes da chegada da polícia. Ela foi embora com um dos PMs que integrava a escolta do empresário, foi ouvida pelas autoridades e teve o celular apreendido.
O veículo que teria sido no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto ainda na sexta-feira (8). Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.
PMs que faziam a escolta do empresário morto prestaram depoimento e tiveram os seus celulares apreendidos. Os agentes foram identificados como Leandro Ortiz, 39, Adolfo Oliveira Chagas, 34, Jefferson Silva Marques de Sousa, 29, e Romarks César Ferreira de Lima, 35. Eles não foram localizados para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
A polícia investiga se a vítima foi assassinada a mando do PCC. Mas não descarta outras possibilidades, como queima de arquivo, já que havia assinado acordo de delação premiada e tinha vários inimigos agentes públicos, a quem disse ter pago altos valores em propinas.
Vítima era pivô de guerra no PCC
Ameaçado pelo PCC já havia escapado de um atentado no Natal de 2023. O ataque ocorreu no prédio onde ele morava no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. Na ocasião, um atirador disparou quando Gritzbach se aproximou da janela para fazer uma filmagem com o celular. Ninguém se feriu. O empresário passava o Natal com o pai, filhos e tios.
Empresário morto e policial penal David Moreira da Silva, 38, foram acusados pelo MP pelos assassinatos de dois membros do PCC. Segundo investigações, Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, havia entregue R$ 40 milhões ao empresário para que investisse em criptomoedas, mas o dinheiro não foi devolvido.
Cara Preta então passou a exigir a prestação de contas e a devolução do dinheiro. Ele e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, foram mortos em dezembro de 2021. Noé Alves Shaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado no mês seguinte.
Segundo o MP, Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele. O empresário e o policial penal sempre negaram envolvimento nos assassinatos.
Denunciado pela Justiça, Gritzbach chegou a ficar preso pelos assassinatos, mas respondia ao processo em liberdade. Ele deixou a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) em junho de 2023, usando tornozeleira eletrônica. Na época em que esteve preso, o advogado do empresário dizia que ele poderia ser assassinado na prisão por integrantes da facção criminosa.