Elevador despenca e mata trabalhador em MG: quais as chances de queda?

O acidente recente em Belo Horizonte envolvendo a queda de um elevador com uma morte levanta dúvidas sobre as reais chances de um equipamento como esse despencar.

O que aconteceu

Um elevador caiu do 17º andar em BH, matando um técnico de manutenção. Aldemir Rodrigues de Souza, funcionário terceirizado, trabalhava na modernização do equipamento no Tribunal Regional Federal da 6ª Região quando o incidente ocorreu.

O técnico fazia ajustes no elevador antes da queda. A vítima morreu na hora após a queda até o fosso. O Corpo de Bombeiros relatou que o equipamento ficou completamente danificado, levando ao fechamento do local para perícia.

É perigoso?

Segundo o sargento Azevedo Farias, acidentes com elevadores são raros. Após um caso ocorrido em março de 2023, ele explicou que, apesar do medo comum associado à ideia de uma queda, os elevadores são projetados com múltiplos sistemas de segurança para evitar esse tipo de ocorrência. "Elevador é o meio de transporte mais seguro do mundo, mas precisa ser usado corretamente", afirmou.

O desrespeito às normas de segurança aumenta os riscos. O sargento enfatizou que a lotação acima da capacidade, como aconteceu em Maceió recentemente, é um dos fatores que pode desencadear falhas graves. "A carga máxima permitida é definida pelo fabricante e deve ser respeitada. Quando isso não ocorre, o sistema pode ser sobrecarregado, resultando em problemas como o desgaste dos componentes ou até falhas críticas", detalhou.

Educação do usuário é essencial para prevenir acidentes. Azevedo destacou que, além da manutenção técnica, a conscientização dos usuários é fundamental. Ele lamentou que muitos brasileiros não respeitem as normas de segurança, mesmo com alertas visíveis nos equipamentos. "Muitos acidentes poderiam ser evitados se os usuários seguissem as orientações básicas de uso", concluiu.

Falhas na manutenção

Engenheiro aponta falhas estruturais no setor de manutenção de elevadores. Em artigo publicado na Revista Elevador Brasil, edição de setembro deste ano, Carlos Eduardo dos Santos destacou que, entre janeiro e agosto de 2023, foram registrados 20 acidentes envolvendo elevadores no Brasil, com 46 pessoas afetadas e sete mortes. Em 2024, no mesmo período, o número subiu para 31 acidentes, 69 envolvidos e 22 mortes.

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Problemas como preços baixos e empresas irregulares comprometem a segurança. Segundo Santos, práticas inadequadas como cobranças de R$ 80,00 a R$ 150,00 mensais para manutenção não garantem segurança. Ele alertou que muitas empresas sequer possuem registro no CREA, agravando o problema.

Falta de fiscalização e erros técnicos ampliam os riscos. O engenheiro apontou que a ausência de fiscalização adequada e a contratação de técnicos e engenheiros sem qualificação resultam em falhas graves, como erros em cálculos estruturais que comprometem componentes críticos, incluindo os freios de emergência.

Negligências levam a tragédias evitáveis. "Enquanto todos aceitarmos o que acontece no mercado, continuaremos vendo acidentes que poderiam ser evitados", escreve Carlos, reforçando a necessidade de regulamentação mais rigorosa e conscientização sobre a segurança nos transportes verticais.

Nos Estados Unidos, acidentes com elevadores são proporcionalmente raros. Estatísticas apontam cerca de 30 mortes anuais relacionadas a elevadores, num universo de 18 bilhões de viagens por ano.

O risco é de 1 em 600 milhões de viagens. Esses números reforçam a segurança dos elevadores, mas também destacam a importância de manutenção e uso adequados para minimizar falhas.

*Com reportagem de março de 2023

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