Suspeito de golpe milionário em sertanejos é preso após reportagem do UOL

Uma operação do MP-GO (Ministério Público de Goiás) para desarticular um esquema de roubo digital de músicas sertanejas prendeu um suspeito e apreendeu com ele veículos, criptomoedas e bens no valor de R$ 2,3 milhões, nesta quinta-feira (5).

O esquema foi revelado em reportagem do UOL de abril de 2024.

O que aconteceu

'A investigação teve início a partir de trabalho de jornalismo investigativo do site UOL e de representação feita por vítima', diz comunicado do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-GO (Ministério Público de Goiás).

'O esquema pode ter afetado mais de 400 canções, com aproximadamente 30 milhões de visualizações nos aplicativos de música', diz o Gaeco.

A ação ganhou o nome de Operação Desafino. Além do MP-GO, ela também teve participação de servidores públicos e policiais de Goiás, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Para a reportagem do UOL, compositores sertanejos, a maioria deles de Goiânia, denunciaram o roubo de composições inéditas. Elas eram desviadas em grupos de WhatsApp e publicadas por centenas de perfis falsos em plataformas de streaming.

O UOL encontrou no Spotify uma rede de 209 falsos artistas que publicaram 444 canções roubadas. Elas tiveram mais de 28,3 milhões de plays no app. Entre as vítimas estão compositores que trabalham com grandes nomes do sertanejo como Henrique e Juliano, Maiara e Maraisa e Jorge e Mateus.

Segundo o MP-GO, o prejuízo das vítimas com o golpe pode ser de mais de R$ 6 milhões. Segundo investigação do MP, todos os perfis falsos que lucravam com as faixas roubadas eram controlados por apenas um criminoso. O homem suspeito era procurado no Recife, mas foi preso em Passo Fundo (RS). Sua identidade não foi divulgada.

Os crimes investigados são de violações de direitos autorais, falsa identidade e estelionato. As investigações continuam em sigilo a partir do material coletado e de novos depoimentos, segundo o MP-GO.

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O Gaeco vai periciar os aparelhos eletrônicos apreendidos. O UOL apurou que, no imóvel em que o homem era procurado no Recife, foram encontrados dezenas de notebooks com programas que aumentam de forma artificial a execução de músicas em streaming (uma chamada "fazendas de plays" em funcionamento).

Na decisão pela prisão preventiva, a juíza destacou os prejuízos ao mercado de composição sertaneja e à economia criativa. O suspeito segue preso em Passo Fundo.

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Imagem: Arte/UOL
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Imagem: Arte/UOL

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