'Mago do Leite' é preso acusado de adulterar laticínios com soda cáustica
O MPRS deflagrou a 13ª fase da Operação Leite Compensado, que investiga a adulteração de derivados lácteos com produtos nocivos à saúde, como a soda cáustica. Entre os presos nesta quarta-feira (11) está um químico industrial conhecido como "Mago do Leite".
O que aconteceu
Os criminosos também utilizavam água oxigenada na produção de leite UHT, composto, em pó, soro, entre outros. Também foram encontrados, segundo o Ministério Público, "pelos indefinidos" e sujeira dentro de embalagens dos produtos, fabricados em uma indústria no município gaúcho de Taquara, no Vale do Paranhana.
Ainda foram presos o diretor administrativo da empresa, uma funcionária e outro suspeito em São José do Rio Preto. Também foi apreendida com o diretor uma arma de fogo com numeração raspada.
O Mago do Leite, também conhecido como "Alquimista", já havia sido alvo da 5ª fase da operação, em 2014, quando foi acusado de fazer a adulteração em uma indústria no Vale do Taquari. Ele aguardava há dois anos por uma tornozeleira eletrônica, de acordo com o MPRS. O químico foi absolvido de uma condenação em 2005 por um caso semelhante e recebeu medida cautelar pela Justiça em Teutônia, no Vale do Taquari.
Também foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em empresas e casas nos municípios gaúchos de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na capital paulista. A Operação Leite Compensado contou com a colaboração do Ministério da Agricultura, Receita Estadual, Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), Ministério Público de São Paulo, Polícia Civil e Brigada Militar.
Após sete anos da última fase, o MPRS deflagrou a 13ª etapa após novas denúncias. "Com a denúncia de 2024 se confirmou um novo risco e, para nossa surpresa, lá estava o alquimista - ou mago do leite. Era para ele estar usando tornozeleira eletrônica, era para sair a condenação dele da 'Leite 5'. Mas, enquanto essas questões básicas não ocorrem, o que ele faz? Adultera leite, e pior, aprimora seus mecanismos de ação", disse o promotor Mauro Rockenbach.
A soda cáustica é utilizada para ajustar o PH do leite e diminuir a acidez do produto. Segundo o promotor Luz Bastos da Silva Filho, ela desaparece rapidamente, o que dificulta a identificação em análises. "Já a água oxigenada serve para matar micro-organismos e recuperar produto em deterioração", explica.
Os produtos da indústria alvos desta fase são distribuídos para todo o Brasil e até para a Venezuela. Segundo o órgão, a empresa participa de "várias licitações em muitas partes do país" para fornecimento de laticínios. Entre os clientes estaria uma cidade paulista.
Os nomes dos suspeitos e da empresa não foram divulgados. O espaço segue aberto para manifestação.
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