Quem é o primo de Gusttavo Lima acusado de 'deformar' pacientes de clínica
A Justiça de Goiás prorrogou por 30 dias a prisão dos empresários e influenciadores Karine Gouveia e Paulo César Dias. Conhecido como PC Segredo, ele é primo de Gusttavo Lima e foi o primeiro empresário do cantor.
PC Segredo e Karine são donos de uma clínica estética de Goiânia acusada de causar deformações físicas graves em mais de 60 pacientes.

Quem é PC Segredo?
- PC foi o primeiro empresário a investir na carreira solo de Gusttavo Lima. Ele nasceu em Patos de Minas (MG), e hoje tem 44 anos. Gusttavo chegou a morar em sua casa no início da carreira.
- O cantor já relatou que, em 2008, pensava em desistir da música quando PC o encontrou em Presidente Olegário (MG). O primo convenceu a se mudar para Goiânia e insistir no sucesso, com sua ajuda financeira. Foi quando a carreira finalmente engatou.
- PC era próximo dos pais de Gusttavo, uma família pobre. Mas ele tinha uma loja de acessórios para celular, e por isso conseguiu mais recursos para investir no cantor.
- Ele seguiu como um dos empresários do sertanejo, em parceria com outros agentes, até 2014. Naquele momento, Gusttavo, já famoso, saiu do escritório Audiomix, rompeu o contrato com todos os seus empresários e abriu sua produtora.
- Os primos mantiveram contato. Em 2021, PC postou fotos no escritório de Gusttavo.
- Além de Gusttavo Lima, PC também foi um dos primeiros investidores da dupla Matheus e Kauan. Ele assinou com eles em 2010, quando Matheus ainda tinha 15 anos de idade, e saiu da sociedade também em 2014, ao romper com a Audiomix.
- Após a rescisão dos contratos com Gusttavo e com Matheus e Kauan, PC começou a investir em outros negócios, inclusive na clínica de estética em sociedade com sua mulher. A Karine Gouveia Estética foi aberta em 2016.
- PC era responsável pela parte administrativa e Karine comandava a operação da clínica. Porém, segundo a Polícia Civil de Goiás, ela não tinha formação na área médica. Além da unidade de Goiânia, também foi fechada uma filial em Anápolis.

Quais são as acusações contra PC e Karine?

- O casal é acusado de exercício ilegal da medicina, lesão corporal gravíssima, falsificação, corrupção, adulteração de medicamentos, e estelionato. Eles foram presos no dia 14 de dezembro de 2024.
- A prisão foi baseada na denúncia de 23 vítimas, que relataram problemas graves após procedimentos estéticos. Uma das pacientes, segundo a Polícia Civil, precisou ser entubada após ter uma necrose no nariz.
- Ao prorrogar a prisão, o juiz apontou "esquema ilícito de manipulação e venda de medicamentos com base em receituários falsos". O caso corre em segredo de Justiça, mas o UOL obteve o texto da decisão de prorrogação, decretada na quarta-feira (15).
- As vítimas relatam "sequelas físicas e psicológicas severas, como tentativas de suicídio". O número de vítimas no processo já aumentou de 23 para mais de 60.
- Segundo a Justiça, a clínica cobrava preços baixos por procedimentos estéticos feitos com material impróprio. Foi apreendida "expressiva quantidade de medicamentos manipulados de forma irregular e vedados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]", disse o juiz na nova decisão.
- Além da prorrogação da prisão, o juiz determinou o aumento do bloqueio das contas correntes do casal de R$ 2,5 milhões para R$ 6,1 milhões. Já foi bloqueado um helicóptero que vale R$ 8 milhões. Também foi determinada a retirada do ar de perfis da clínica nas redes sociais.
- Foi autorizada, ainda, a quebra de sigilo telemático deles e de outras pessoas que trabalhavam na clínica. Foram decretadas as prisões temporárias de sete ex-funcionários e colaboradores da clínica. O juiz aponta a possibilidade de uma "organização criminosa".
- O UOL procurou o advogado do casal, Tito Souza do Amaral, mas não teve retorno até a primeira publicação desta reportagem.
- Após a publicação da reportagem, a defesa do casal respondeu com a seguinte nota:
Karine Gouveia e Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime. Sobre as acusações das mais de 60 pessoas que procuraram a delegacia, a defesa esclarece que todo procedimento estético exige cuidados pós-operatórios adequados e o acompanhamento contínuo do paciente. A fase pós-procedimento é fundamental para garantir resultados satisfatórios e evitar complicações. Os casos em que a defesa teve conhecimento até o momento são, na maioria, referentes a intervenções realizadas em anos anteriores e necessitam ser avaliados de forma detalhada. Em todos os casos em que a clínica teve conhecimento, sempre atuou com transparência, oferecendo todo o suporte necessário para a resolução de eventuais questões que possam ter surgido.
As defesas dos investigados têm denunciado vários abusos e violação de direitos, pois se há uma investigação em que há censura dos elementos colhidos e já documentos pela autoridade policial, se valendo de uma prisão sem fundamento real que está sendo utilizada como instrumento de coação para promover investigação clandestina e fora dos parâmetros legais, manchando a credibilidade das instituições e colocando em xeque todo o processo. Independente dos fatos investigados, a sociedade civil precisa estar atenta para que casos como este não se tornem a regra: pessoas sendo condenadas sem julgamento e sem direito de defesa, afinal, não se pode tolerar um Estado que prende primeiro e pergunta depois. Uma investigação que perdura há mais de ano, até agora eles não foram ouvidos.
Sobre a prorrogação da prisão temporária, os advogados dos empresários Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves, Drs. Romero Ferraz, Tito Amaral e Caio Tito, respectivamente, discordam absolutamente, e irão recorrer. A defesa reforça que não há qualquer motivação para a manutenção da prisão, uma vez que não há demonstração da sua necessidade para as investigações e que ambos podem responder às acusações em liberdade sem qualquer prejuízo para o processo. Importante destacar que o casal possui um filho de 7 anos que está afastado dos pais há um mês, violando a dignidade da pessoa humana. Inclusive, o STF reconhece que esse tipo de prisão, para constranger investigados e pressioná-los a renunciar aos seus direitos constitucionais, é inconstitucional.
Sobre a decisão judicial que aumentou o valor de sequestro de bens do casal, a defesa entende como natural para garantir uma eventual indenização em casos de ações cíveis. A defesa reforça mais uma vez que se for constatado que o casal teve culpa, eles não se furtarão das responsabilidades, assim como nunca se furtaram. Mas têm o direito de se defenderem.

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