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Bolsonarismo racha e partidos aliados costuram chapa contra Crivella no Rio

Pré-candidatos à Prefeitura do Rio, Cristiane Brasil, do PTB, e Hugo Leal (ao centro), do PSD, firmaram chapa conjunta - Divulgação
Pré-candidatos à Prefeitura do Rio, Cristiane Brasil, do PTB, e Hugo Leal (ao centro), do PSD, firmaram chapa conjunta Imagem: Divulgação

Maria Luisa de Melo

Colaboração para o UOL, no Rio

05/09/2020 16h57Atualizada em 05/09/2020 18h16

Depois de seguidas conversas com Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos), ambos pré-candidatos à Prefeitura do Rio, o PSL anunciou hoje uma chapa própria em construção entre os partidos da base do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Em encontro realizado na manhã de hoje, os pré-candidatos à prefeitura Cristiane Brasil (PTB) e Hugo Leal (PSD) firmaram um acordo por uma chapa própria com o PSL. O cabeça da chapa seria o deputado federal Luiz Lima (PSL), tendo como vice a ex-deputada Cristiane Brasil. O PSD, de Leal, seria um integrante da coligação e abriria mão de sua pré-candidatura. As convenções partidárias vão até o próximo dia 16, então o cenário pode mudar.

A movimentação pode atrapalhar os planos do prefeito Marcelo Crivella à reeleição, porque o grupo formado por PSL, PTB e PSD é composto por diversos políticos bolsonaristas em suas fileiras. Com isso, a chapa dividiria os votos conservadores na cidade. Crivella é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (atualmente sem partido).

A formação da nova chapa também deve atrapalhar os planos de Eduardo Paes. O ex-prefeito ainda não anunciou quem será o vice de sua chapa e vinha conversando justamente com duas das três legendas que anunciaram a união neste sábado. Pessoas ligadas ao Democratas afirmam que ele está em busca de um vice conservador.

Presidente estadual do PSL, o deputado federal Sargento Gurgel explicou que a aliança ainda pode passar por alguns ajustes. "Ainda falta o aval da nacional do PSD e do PTB, mas a conversa está bem avançada", afirmou ao UOL.

Filha de Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, Cristiane Brasil diz que a estratégia é uma tentativa de evitar a repetição do que aconteceu em 2016, quando Crivella foi eleito.

"O carioca não pode passar pelo que já passou em 2016", diz ela em referência à campanha na qual diversos candidatos de centro dividiram o eleitorado, dando a chance de Marcelo Freixo (PSOL) chegar ao segundo turno.

Ela diz acreditar no apoio de Bolsonaro ao grupo, que é formado por partidos aliados de seu governo. "Crivella não tem o apoio declarado do presidente. O fato de os filhos estarem no Republicanos significa que não estão em nenhum dos outros três partidos. Apenas isso. Nosso presidente recentemente disse que não vai declarar apoio a candidatura nenhuma nesse primeiro turno. Talvez ele mude de ideia agora."

Ainda segundo a petebista, quatro pesquisas feitas pelo grupo indicam que a disputa não será fácil para Crivella. "A rejeição dele é de quase 70% em várias pesquisas diferentes. Quando perguntadas em quem votariam, só 12% das pessoas dizem que votariam nele. Eu, [Antonio] Rueda (PSL) e o PSD fizemos pesquisas", diz.

Sobre a escolha do cabeça de chapa ter sido o deputado federal Luiz Lima em vez do então pré-candidato Rodrigo Amorim (PSL), o grupo ficou em silêncio.

Já segundo Amorim —deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro e que ganhou notoriedade após ter quebrado a placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco—, o momento é de união pelo melhor para a cidade do Rio de Janeiro.

"O PSL está unido e precisa entrar focado nessa eleições, seja sozinho ou com uma aliança de convergência em prol do Rio. As cartas estão na mesa e nas próximas horas definiremos a nossa estratégia. Poderemos, sem presunção, ser o fiel da balança nas eleições. Nenhuma hipótese está descartada", disse ele, sobre possíveis alterações na chapa.