Em Manaus, candidato bolsonarista saca arma em roubo e usa para se promover
Candidato bolsonarista a prefeito de Manaus, o deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos) sacou uma arma durante um assalto em um ônibus público na manhã de hoje, em uma região onde ele fazia um ato de campanha acompanhado por fotógrafos e cinegrafistas, que registraram a ação. A assessoria de imprensa do parlamentar distribuiu o material e as imagens viralizaram nas redes sociais.
Manaus tem sido marcada, nas últimas décadas, por aumento nos índices de violência. Personagens que atuam no setor da segurança pública ou na mídia com este mote ganharam maior protagonismo nas campanhas eleitorais.
No primeiro mandato, Alberto Neto foi um dos mais votados entre os oito deputados federais do Amazonas. Ele se popularizou ao postar nas redes sociais as filmagens de operações policiais em que participava ainda como capitão. Hoje, promovido a major, preferiu manter a patente mais baixa em seu nome de urna. Assim como na campanha de 2018, utiliza o símbolo do Capitão América, dos filmes da Marvel, na sua campanha.
Afastado das ruas desde 2018, Alberto Neto tenta chegar à Prefeitura de Manaus prometendo armar a guarda municipal, que ele mesmo treinaria, e defendendo que a polícia tem que atirar para mantar bandido.
'Fiz meu papel', diz candidato
De acordo com o major, ele e seus apoiadores faziam um bandeiraço num dos sinais do bairro Coroado, zona leste de Manaus, quando ele percebeu o pedido de socorro do motorista do coletivo e dos passageiros.
"O meu tino policial ativou, fui e fiz meu papel como cidadão. A vitima estava em confronto com o assaltante quando entrei no ônibus", disse.
Alberto Neto afirmou que o assaltante foi imobilizado e, logo depois, uma viatura da Polícia Militar levou o suspeito. O suposto assaltante não estava com arma de fogo, de acordo com o candidato.
Questionado sobre qual orientação daria para pessoas que passassem por situações semelhantes, Alberto Neto disse que agiu assim porque é treinado, mas que o recomendado é que a população não reaja. Também defendeu sua proposta sobre ter alarmes dentro dos coletivos para acionar a viatura mais próxima em caso de assalto.
Ele disse ter porte de arma, apesar de estar na reserva da PM. "Prendi muito traficante, muita gente não gosta de mim. Preciso andar armado. Sou instrutor de tiros, tenho tudo legalizado. Ando com uma pistola 9 milímetros. Eu sempre ando armado."
A reportagem solicitou informações da assessoria de comunicação da SSP (Secretaria de Estado de Segurança Pública) e da Polícia Civil do Amazonas. A SSP não respondeu até a última atualização deste texto. Já a assessoria da Polícia Civil disse que não havia registro de BO sobre o caso.
O presidente da Apeam (Associação de Praças da Polícia Militar do Amazonas), Gerson Feitosa, disse que conversou com os policiais da 11ª Cicom (Companhia Interativa Comunitária), presentes na ocorrência, que informaram que a ocorrência já estava em andamento quando o Capitão Alberto Neto interveio.
"O que soube pelos policiais é que a equipe do Alberto Neto captou a ocorrência pela rádio comunicador da PM, que estava sintonizada na frequência da 11ª Cicom. Os policiais até se ressentem pelo fato de ele ter espalhado a informação sem ter dado o crédito a eles. Mas, em sã consciência, qual praça vai se opor a um oficial que é major, deputado federal e ainda tem apoio do governo?", afirmou Feitosa.
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