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Vereador baleado no Rio em ato de campanha fala em tentativa de homicídio

Zico Bacana postou foto nas redes sociais dizendo-se bem horas após ser baleado durante um ato de campanha no Rio - Reprodução/Instagram Zico Bacana
Zico Bacana postou foto nas redes sociais dizendo-se bem horas após ser baleado durante um ato de campanha no Rio Imagem: Reprodução/Instagram Zico Bacana

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

03/11/2020 08h13Atualizada em 03/11/2020 19h26

O vereador, Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana (Podemos-RJ), baleado ontem à noite em Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio, afirma ter sido vítima de uma tentativa de homicídio. Ele foi atingido de raspão na cabeça durante um ato de campanha. Duas pessoas morreram no ataque, e outras duas ficaram feridas, além do vereador.

"O que aconteceu foi uma tentativa de homicídio. Eu não posso dizer como aconteceu. Foi muito rápido. Foram vários disparos que foram efetuados. Fui baleado na cabeça, caí no chão", disse o vereador e candidato a um novo mandato, em entrevista à TV Globo.

"Não tenho palavras. Estou grato. Estou vivo. Eu queria deixar bem claro, o parlamentar não pode passar por isso, trabalha pelo povo, pela população e infelizmente isso está acontecendo com vários outros políticos durante esses meses aí."

Zico Bacana foi levado para o Hospital Carlos Chagas. A Secretaria Estadual de Saúde chegou a informar que o estado de saúde dele era estável. No decorrer na noite, ele foi liberado e registrou ocorrência na Delegacia de Homicídios, que ficou responsável pelas investigações.

Menos de 24h após ser baleado de raspão na cabeça, o vereador sofreu um mal-estar e foi levado para o hospital Unimed Barra, na zona oeste do Rio, de acordo com sua assessoria.

Ele retornou para casa no início da noite de hoje. "Nem dormi. Na parte da tarde agora me senti mal, a pressão estava alta, teve sangramento, fui novamente ao médico, mas graças a Deus voltei", disse, em vídeo divulgado por sua assessorai de imprensa.

Mortos e feridos

Ontem, antes do ataque, o vereador fez campanha na comunidade Beira da Linha, em Ricardo de Albuquerque, mesmo bairro onde foi baleado mais tarde. Ele acompanhou um campeonato de futebol amador no local.

Segundo sua assessoria, Zico Bacana estava no Bar do Xuxa, em Ricardo de Albuquerque, quando foi baleado, por volta de 20h. Testemunhas relataram que criminosos chegaram ao local em um carro e atiraram.

Pelo menos 15 tiros atingiram o veículo do vereador. Segundo informações de sua assessoria de imprensa, ele estava perto do carro quando começaram os disparos.

Uma das vítimas que morreram na ação foi identificada como Valmir Cleri Bandeira, morador da região. Ele estava entre as pessoas que conversavam com o vereador no momento do ataque e era conhecido como "Cabelinho".

A segunda vítima era o traficante conhecido como "Da Roça", da comunidade do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte do Rio. Ele é suspeito de participar da tentativa de homicídio.

Os outros dois feridos são da equipe do vereador.

Suspeita de envolvimento com milícia

Zico Bacana convive há dez anos com acusações de que seria um dos líderes de uma milícia que atua na zona norte da cidade.

Então cabo da PM, ele foi citado no relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquéritos) das Milícias, aprovado pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) em 2008, como um dos principais dirigentes de um grupo paramilitar que atuava nos bairros de Barros Filho, Anchieta e Ricardo de Albuquerque e Guadalupe.

Violência na campanha eleitoral

O Rio de Janeiro vive uma onda de violência ligada a disputas políticas e atuação de organizações criminosas neste ano. Desde o período pré-eleitoral, três pré-candidatos a vereador foram assassinados na Baixada Fluminense.

Na semana passada, a cabo eleitoral Renata Castro —que participava da campanha do deputado estadual Renato Cozzolino à prefeitura de Magé— foi assassinada após denunciar adversários políticos à polícia.

Para desarticular os grupos criminosos —principalmente de milicianos— que têm praticado ações violentas ligadas à eleição, a Polícia Civil criou em outubro uma força-tarefa voltada para investigar a interferência dessas quadrilhas nas eleições. Duas ações do grupo levaram à morte de 17 milicianos em dois dias na Baixada Fluminense: uma operação no bairro Km 32, em Nova Iguaçu, terminou com cinco suspeitos mortos, enquanto uma ação em parceria com a Polícia Rodoviária Federal na Rodovia Rio-Santos, em Itaguaí, matou 12 homens acusados de fazerem parte do Bonde do Ecko —maior milícia do Rio.