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Bruno Covas: Não escondo apoio de João Doria, mas o candidato sou eu

Luana Massuella

Colaboração para o UOL

05/11/2020 11h44

Bruno Covas, candidato à reeleição pelo PSDB à prefeitura de São Paulo, disse hoje que, apesar da rejeição que o governador João Doria (PSDB) vem enfrentando pelos moradores da capital, ele não esconde o apoio do político à sua candidatura, mesmo que ele não esteja participando de sua campanha.

"Eu não tenho nenhum problema em [ter que] esconder o apoio do governador João Doria, mas o candidato sou eu, as pessoas precisam analisar o meu currículo, a minha vida, o que eu fiz", disse ele durante sabatina promovida pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, comandada pelo colunista do UOL Diogo Schelp e Camila Mattoso, editora do "Painel", da Folha.

Estranho seria o governador João Doria deixar o governo do Estado para se dedicar à campanha na Prefeitura de São Paulo. Ele tem 645 municípios para poder cuidar.

"Estranho seria secretários estaduais deixarem seus afazeres para passar o dia no comitê do candidato Bruno Covas, como a gente vê ministros saindo de Brasília para poder fazer campanha para outros candidatos aqui na cidade de São Paulo. O governador tem um Estado para cuidar, e a população tem percebido a importância do trabalho conjunto entre prefeitura e governo do Estado", disse. Segundo o candidato, esse trabalho em conjunto estaria ajudando, entre outros, a viabilizar a concessão do Parque Ibirapuera e a redução nos índices de criminalidade.

Aqui não se trata de fazer um terceiro turno da eleição de 2018, ou uma antecipação da eleição de 2022, como querem fazer muitos dos meus concorrentes.

Tratamento de câncer

No mês passado, o candidato Celso Russomanno (Republicanos) colocou a saúde de Covas em pauta durante sua campanha eleitoral, dizendo que o atual prefeito de São Paulo poderia não terminar o mandato, caso seja reeleito. Covas, que foi diagnosticado em outubro de 2019 com câncer no trato digestivo, afirmou que o tumor está em regressão e lamentou as declarações do concorrente.

"Lamento as declarações do meu concorrente porque acho que elas não são prejudiciais a mim. Eu, que estou enfrentando uma campanha política [e] já estou preparado para qualquer tipo de agressão, acho que é uma agressão para todos aqueles que se encontram em tratamento oncológico na cidade de São Paulo, para todos seus familiares, todos seus conhecidos", disse. "A gente precisa virar essa página de que um diagnóstico de câncer é uma sentença de morte."

Estou completamente liberado pelos médicos para continuar a exercer minha profissão, para continuar a trabalhar, para viver com toda a liberdade possível e para poder enfrentar uma campanha eleitoral.

Rodízio na pandemia

Questionado sobre medida do mega rodízio, como tentativa de aumentar o índice de isolamento na cidade durante a pandemia do novo coronavírus, Covas disse que seguiu uma recomendação da Vigilância Sanitária, e defendeu que a ação foi eficaz.

Durante a semana do rodízio, esse índice [de isolamento] não só deixou de cair, como voltou a crescer, o que foi fundamental, porque duas semanas depois começamos a reduzir a quantidade de óbitos na cidade de São Paulo. Mostrando o acerto da decisão. Não houve qualquer piora nos índices, muito pelo contrário.

Segundo ele, a ideia de que o transporte público levou uma quantidade grande de pessoas a serem infectadas "não corresponde à realidade".

Obrigatoriedade da vacina

O candidato à reeleição também enfatizou a importância de não "politizar" a vacina contra a covid-19. "Da mesma forma que a gente não podia partidarizar o vírus, porque o vírus não é de esquerda, nem de direita, não vamos também politizar a vacina", disse ele.

Essa é uma questão para ser definida pela área da ciência. Temos um sistema nacional de vigilância sanitária que há anos opera no país, que é inclusive, referência para outros países mundo afora.

Questionado se seria o governador João Doria (PSDB) ou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quem estaria politizando a vacina, Covas apenas respondeu: "Você tem visto quem fala e quem defende a ciência e quem tem politizado a questão".

Atual prefeito de São Paulo, o tucano também é advogado e economista. Foi deputado federal, entre 2015 e 2016, e estadual, de 2007 a 2014.