#MinhaCidadePrecisa: No Rio, volta às aulas na pandemia concentra críticas
A reabertura das escolas em meio à pandemia da covid-19 é a questão mais urgente a ser enfrentada pelo próximo prefeito do Rio de Janeiro, segundo os usuários do Twitter indicaram em levantamento exclusivo do UOL em parceria com a rede social.
O risco à saúde de alunos e professores foi a principal queixa dos moradores da cidade ouvidos no projeto #MinhaCidadePrecisa, que perguntou aos usuários quais as maiores demandas das principais capitais do país tendo em vista as Eleições 2020.
Na etapa do Rio, mais de 104 mil pessoas enviaram 413,3 mil respostas e comentários sobre os problemas da capital fluminense, que foram coletados pela rede social durante todo o mês de outubro.
O assunto que mais mobilizou os cariocas foi a trinca "saúde", "covid-19" e "educação", que em geral apareceram relacionados. Em seguida, os termos mais citados foram "corrupção", "violência", "mobilidade e transporte", "direitos humanos", "economia", "desemprego" e "cultura".
Depois de liberar parcialmente as aulas presenciais na rede privada no início de outubro, a Prefeitura do Rio retirou em 3 de novembro todas as restrições para as escolas particulares, inclusive as creches —a decisão de como retornar as atividades foi transferida às próprias instituições, desde que sigam o protocolo de segurança.
Para a rede pública, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) determinou o reinício das aulas para quarta-feira (dia 11), a partir do 9º ano. Mas, na terça, os profissionais da rede municipal decidiram manter uma greve iniciada em julho em protesto contra o retorno das aulas enquanto a pandemia não for totalmente controlada.
Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), falta estrutura nas escolas para proteger professores, estudantes e funcionários.
"Estamos mantendo todas as atividades remotas, temos compromisso com os alunos. Mas as escolas municipais não estão estruturadas para atender a todos os protocolos sanitários necessários para as aulas presenciais. Não basta só álcool em gel e sabão, tem escolas que não foram reestruturadas e estão com banheiros interditados", declarou a coordenadora-geral do sindicato, Izabel Costa.
A autorização de Crivella para a retomada das aulas foi criticada por ter sido anunciada a 12 dias do primeiro turno da eleição. Com popularidade em baixa, o prefeito disputa uma vaga no segundo turno com Martha Rocha (PDT). O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) lidera as pesquisas.
A Secretaria Municipal de Educação diz seguir as determinações do comitê científico municipal, que na semana passada recomendou o fim de todas as restrições às atividades econômicas na cidade, mantendo somente orientações sanitárias.
"Estão sendo tomadas todas as providências necessárias como divisão da turma em duas, espaçamento entre as carteiras, disponibilização de máscara, álcool em gel e demais indicações da vigilância sanitária", afirmou a secretaria, em nota.
A decisão levou em conta a relativa estabilidade de novos casos de covid-19 na cidade. Depois de ficar em torno de mil na primeira semana de outubro, a média móvel de sete dias caiu para menos de 500 novos casos diários nas últimas quatro semanas. A média móvel de óbitos, que passou de 150 no pico da pandemia em junho, baixou para menos de 30 mortos por dia em novembro.
Apesar disso, o Rio possui um recorde incômodo: é a capital brasileira mais mortal na pandemia. Até esta quarta-feira (dia 11), quando o município contava 12.322 mortos por covid, a mortalidade na cidade era de 197,7 pessoas por cada 100 mil habitantes. É uma taxa 75% mais alta do que a de São Paulo, que registra 112,8 mortes por 100 mil habitantes.
Durante a campanha, os principais candidatos à Prefeitura do Rio se manifestaram sobre a retomada das aulas. Martha Rocha (PDT) disse ser favorável à reabertura das escolas somente em 2021, após discutir a reposição das aulas com representantes dos professores e pais de alunos.
Eduardo Paes (DEM) também falou em construir uma proposta conjunta de "dois anos em um", na qual os conteúdos de 2020 seriam repassados junto com os do próximo ano.
Benedita da Silva (PT) e Eduardo Bandeira de Mello (Rede) se posicionaram no sentido de só liberar a reabertura das escolas públicas com apoio dos professores. O único candidato que defendeu a retomada imediata, em sintonia com o prefeito Crivella, foi o deputado federal Luiz Lima (PSL).
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