Doria vai ter que se nacionalizar para 2022, diz FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considera boa a performance do PSDB nas eleições municipais deste ano. Foram 521 prefeituras conquistadas pelo país, entre elas a reeleição na capital paulista. O resultado rendeu elogios a Bruno Covas, um homem "afável", nas palavras do sociólogo.
De olhos em 2022, o líder tucano, em tom de conselho ao governador de São Paulo, disse que se João Doria (PSDB) quiser disputar as presidenciais, terá de se nacionalizar. Por enquanto, diz FHC, "ele é um bom líder paulista". As declarações foram feitas em entrevista concedida ao colunista do UOL Tales Faria.
O Brasil é muito diverso, não adianta você pensar: 'vamos pegar uma pessoa que é do meu partido e acho que pode ser candidato. O Doria vai ter que se nacionalizar. Ele tem uma vantagem, os pais são da Bahia. Ele vai ter que 'baianizar', 'cariocar', 'gauchar'. Se é para expressar um sentimento nacional, você não pode ser de uma parte só, tem que atender essa diversidade do país
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil
FHC lembrou como se projetou nacionalmente para disputar a Presidência. "Eu nasci no Rio, sou paulista, minha mãe amazonense, meu pai do Paraná, meus avós de Goiás, eu explorava isso", disse. "O Doria tem que usar esses instrumentos que tem para se transformar num líder nacional, por enquanto ele é um bom líder paulista", concluiu.
Ainda em relação a 2022, o ex-presidente citou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como outro nome com potencial para ser a liderança tucana.
Ao comentar o desempenho do PSDB nessas municipais, o ex-presidente considerou boa a performance e fez elogios diretos ao tucano Bruno Covas, reeleito prefeito de São Paulo.
Para ele, Covas é uma pessoa muito "afável" e que tem experiência na política. "Para quem mora em São Paulo e para quem é do PSDB, é um bom resultado, a eleição do Covas. Isso fortalece o PSDB", disse.
Apesar dos elogios ao partido, FHC lembrou a necessidade de as siglas fazerem autocrítica e assumirem eventuais erros.
"O PSDB tem dificuldade nesta matéria e paga preço por isso. Onde é que nós fomos realmente vitoriosos? Certamente em São Paulo. Porque o Geraldo Alckmin todos sabem que é sério. Ninguém põe em dúvida. O PSDB tem a tradição de ter uma certa efetividade. Em São Paulo, vai bem. No Rio, nunca conseguiu se firmar. No Nordeste, não é nossa praça", pontuou.
FHC compara Boulos a Lula
Para o tucano, Guilherme Boulos (PSOL) é uma "liderança emergente" da esquerda que lembra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no começo de sua carreira política.
"Tenho notado como ele costuma se desempenhar. Primeiro, mostrou uma coisa importante: dedicação às causas populares. Foi morar mais perto dos bairros populares e está muito ligado ao 'movimento sem teto'", comentou o tucano.
"Ele, quando fala, me dá impressão de imitar um pouco o Lula. É o jeitão dele. Só que o Lula tinha o sindicalismo por trás dele, que é uma coisa mais ampla que ocupações. O Boulos simboliza a insatisfação de muita gente com a vida na cidade grande. Vai ser uma liderança para aparecer? É possível, provável", disse.
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