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Sem Janja e Alckmin, Lula começa campanha em fábrica no ABC

Do UOL, em São Paulo e em São Bernardo do Campo

16/08/2022 15h43Atualizada em 16/08/2022 17h03

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu a porta de uma fábrica na Região Metropolitana de São Paulo para marcar o início oficial da campanha à Presidência da República hoje.

Sobre um minitrio elétrico, ele falou aos trabalhadores da Volkswagen e estudantes, em São Bernardo do Campo (SP), que foram enchendo o pátio aos poucos, durante as trocas de turno —no início da tarde, o espaço estava vazio. No meio da fala do ex-presidente, uma pessoa não identificada jogou dois ovos no meio da multidão, que não atingiu ninguém.

A escolha do local faz parte de uma estratégia da campanha petista em falar diretamente com trabalhadores sobre questões cotidianas. A campanha chegou a anunciar um outro evento, nesta manhã, em uma fábrica da zona sul de São Paulo —mas ele foi cancelado por questões de segurança.

Lula estava acompanhado de Fernando Haddad (PT), candidato ao governo, Márcio França (PSB), candidato ao Senado, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice, e a esposa Janja da Silva não participaram do evento. A equipe informou que Alckmin tinha outro compromisso.

Tomei a decisão de vir aqui na porta da Volkswagen, porque além de companheiros antigos e não tão antigos, eu sei da quantidade de meninos e meninas, filhos de trabalhadores da Volkswagen, que estão iniciando seu futuro fazendo curso no Senai e se aperfeiçoando para vencer na vida."

Onde tudo começou: Ao voltar a uma fábrica automobilística em São Bernardo do Campo, Lula também faz referência às origens sindicalistas. Torneiro mecânico, ele iniciou sua trajetória política no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC no final dos anos 1970, durante a ditadura militar, quando ajudou a liderar grandes greves gerais.

Eu venho na porta da Volkswagen desde 1969, certamente a maioria de vocês não tinham sequer nascido, não eram nem projeto de gente quando eu já vinha na porta da Volks quando tinha mais de 40 mil trabalhadores."

O discurso, hoje, começou voltado aos jovens e às mulheres —grupos em que Lula tem apoio. Em seguida, o ex-presidente falou de retomada econômica e fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição —como faz normalmente. Por fim, fez um forte aceno aos evangélicos —público que está na mira da campanha bolsonarista.

Sem primeira-dama e sem trilha sonora: Janja da Silva, esposa de Lula e figura frequente nos comícios, não participou deste primeiro ato. Ela é, geralmente, responsável por apresentar o jingle de campanha e deverá ir a eventos maiores. O ato, hoje, foi uma sequência mais rápida de discursos e nem mesmo o jingle foi tocado.

A escolha vai na direção oposta do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deu protagonismo à primeira-dama Michelle Bolsonaro em seu ato de estreia na manhã de hoje, em Juiz de Fora (MG).

À espera do primeiro turno: Lula chegou à fábrica por volta das 14h20, mas teve de esperar a saída do primeiro turno de trabalhadores da fábrica, às 14h30, para subir no pequeno trio montado sobre uma picape.

Enquanto isso, o ex-presidente tirou fotos e cumprimentou trabalhadores. O motivo da espera —anunciado amplamente por um sindicalista no microfone— seria a chegada desses trabalhadores.

Ainda assim, o ato começou com uma demora menor do que o costume em comícios do petista, que têm cerca de duas horas de atraso.

Ataque com ovos: Durante a fala de Lula, alguém ao fundo jogou dois ovos no meio da multidão, mas ninguém foi atingido.

Segundo testemunhas, os ovos caíram perto de alunos do Senai, que estudam na fábrica. Houve um pequeno burburinho, mas a pessoa que atirou os ovos não foi identificada até o fim do ato —que não chegou a ser interrompido.

Início oficial: Embora Lula já esteja em pré-campanha desde junho, a data de hoje marca o início oficial da campanha —a partir de agora, os candidatos podem pedir voto e usar o número da urna eletrônica. Nesta semana, além da visita à fábrica e um encontro com empresários amanhã (17), Lula já tem dois grandes atos marcados:

  • Em Belo Horizonte, na quinta (18), com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD);
  • No Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no sábado (20).

Encontro no TSE: À noite, Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) deverão ir à posse do ministro Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília. Lula e o Planalto confirmaram presença ao UOL. Os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT) também confirmaram presença.

Eleito em cargo em junho, Moraes assume o cargo no lugar do ministro Edson Fachin, também do STF (Supremo Tribunal Federal). Atual vice da Corte Eleitoral, o magistrado ficará responsável por liderar o tribunal em meio às eleições polarizadas. Ricardo Lewandowski será vice-presidente.