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Para assessores de Bolsonaro, chegou a hora de encarar o debate com Lula

Lula e Bolsonaro deverão debater pela primeira vez no próximo domingo (28) - Reprodução
Lula e Bolsonaro deverão debater pela primeira vez no próximo domingo (28) Imagem: Reprodução

22/08/2022 12h29Atualizada em 22/08/2022 14h43

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A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que diminuíram as chances de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer as eleições no primeiro turno, como indica o Agregador de Pesquisas do UOL. Portanto, a campanha eleitoral começou oficialmente com Jair Bolsonaro (PL) em um leve viés de alta, impulsionado pelas expectativas geradas em torno do auxílio de R$ 600, que vem sendo pago desde o início deste mês, e a redução no preço dos combustíveis.

O entendimento do núcleo político da campanha de Bolsonaro é de que chegou a hora de ele abandonar um pouco o radicalismo e o golpismo para falar de seu governo, comparando-o com os do PT, especialmente o período Dilma Rousseff (2011-2016).

Nesse cenário, ganhou ainda mais importância o debate do próximo dia 28, domingo, promovido por Folha, UOL, TV Bandeirantes e TV Cultura, que formaram um pool, e será exibido às 21h.

Segundo assessores e ministros de Bolsonaro, após a aprovação da "PEC Eleitoral", o presidente passou a ter uma agenda positiva para rechear suas entrevistas e debates. Em sentido contrário, ele deverá usar essas oportunidades para atacar Lula e as gestões do PT na Presidência, buscando despertar nos eleitores o sentimento antipetista da eleição de 2018.

A ideia também é "suavizar" um pouco a imagem do presidente, hoje muito identificada à truculência e ao despreparo emocional. A entrevista que Bolsonaro concederá nesta segunda-feira (22) ao Jornal Nacional, da TV Globo, também é considerada fundamental nesse sentido.

A expectativa é de que ele enfrente perguntas duras, relacionadas à pandemia da covid-19 e aos ataques à democracia e às instituições. Se sair da linha, o presidente estará justificando as críticas de que não aceita críticas.

Em linhas gerais, a campanha de Bolsonaro avalia que o cenário ruim para o presidente, que teve seu ápice no ano passado e início deste ano, não deverá se repetir daqui até a eleição. Ou seja, ministros e auxiliares palacianos enxergam uma disputa muito dura com Lula, mas ainda longe de uma definição.

O que mais entusiasma esse grupo são os dados relativos à aprovação do governo Bolsonaro, que vêm melhorando na média das pesquisas. Segundo o Datafolha, a avaliação positiva do presidente está numericamente em seu índice mais alto desde março de 2021, de acordo com pesquisa Datafolha.

Consideram o governo ótimo ou bom 30% dos entrevistados, ante 43% que o avaliam como ruim ou péssimo. Na pesquisa anterior, em julho, o placar estava em 28% a 45%. O índice de avaliação regular é agora de 26%, mesma taxa do levantamento anterior.

É justamente com base nesses números que esse grupo prega uma inflexão no foco de Bolsonaro: defender seu governo e atacar os do PT deveria ser a tônica da campanha, em vez de ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e às urnas eletrônicas.

Tudo isso, porém, depende de Bolsonaro, admitem esses assessores. O temperamento explosivo do presidente e a forte influência do filho Carlos, considerado um radical da ideologia de extrema direita, são entraves para essa inflexão. Outro problema é a pouca disposição que Bolsonaro apresenta em estudar os dados do governo e se preparar para os embates com oponentes ou com a imprensa.

Do lado petista, Lula espera usar o debate e a entrevista ao Jornal Nacional na quinta-feira (25) para pontuar suas diferenças em relação a Bolsonaro. A ideia é se contrapor na forma, tentando passar a imagem de um candidato equilibrado e moderado, de um estadista, e no conteúdo, despertando no eleitor a sensação de que a vida era melhor quando ele ocupou a Presidência, entre 2003 e 2010.

Há, claro, alguns temores também quanto ao comportamento de Lula na entrevista e no debate. Apesar de ser considerado um político experimentado, o ex-presidente guarda ressentimentos quanto à cobertura da imprensa durante a Lava Jato e o processo que levou à prisão dele.

Quanto ao debate, os assessores petistas avaliam que ele será provado por Bolsonaro e também por Ciro Gomes (PDT) e deverá ter sangue frio para permanecer firme na estratégia de falar de futuro.

Por tudo isso, os próximos dias poderão ser decisivos nesta campanha.