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Bolsonaro escolhe Lula para falar de Petrobras e petista fica na defensiva

Do UOL, em São Paulo

28/08/2022 21h17Atualizada em 28/08/2022 22h28

O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu seu principal adversário na corrida eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para o primeiro confronto do debate, promovido pelo UOL, em parceria com a Band, Folha de S. Paulo e TV Cultura. O atual chefe do Executivo questionou sobre a Petrobras no governo Lula e citou ainda a delação feita pelo ex-ministro Antonio Palocci.

Bolsonaro, no entanto, não disse que a delação do ex-ministro foi anulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2020. Lula, por sua vez, repetiu as declarações dadas durante a sabatina do Jornal Nacional, na última quinta-feira (25), e disse "não teve nenhum presidente da República que fez mais investigação para que a gente apurasse a corrupção do que nós fizemos".

A pergunta de Bolsonaro: Em um sorteio prévio feito pela organização do debate com as campanhas de cada político, Bolsonaro foi sorteado para ser o primeiro a escolher um candidato para fazer uma pergunta. O questionamento do atual chefe do Executivo:

A Petrobras, ao longo de 14 anos de PT, se endividou em aproximadamente R$ 900 bilhões. Fruto de desmandos, refinarias começadas e não concluídas, entre tantas outras coisas. Esses R$ 900 bilhões dariam para fazer 60 vezes a transposição do rio São Francisco. Ou seja, o povo nordestino sofreu por falta d'água por causa de corrupção do seu governo. Mais ainda. Esse montante é equivalente a 120 vezes o orçamento do Ministério da Infraestrutura e estou falando isso para que se tenha noção do tamanho da corrupção somente na Petrobras. E delatores devolveram R$ 6 bilhões. Ou seja, corrupção houve. Presidente Lula, o senhor quer voltar ao poder para quê? Para continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras?"
Pergunta de Jair Bolsonaro a Lula

Transparência e investigação: Lula voltou a falar, assim como respondeu na sabatina do Jornal Nacional, que seu governo foi o que "fez mais investigações para que apurasse a corrupção". Voltou a reafirmar que foi responsável pela criação do Portal da Transparência, por exemplo.

"E é importante deixar claro que nós fizemos o Portal da Transparência, a fiscalização da CGU [Controladoria-Geral da União], a lei de acesso a lei contra crime organizado, lei contra lavagem de dinheiro, colocamos AGU [Advocacia-Geral da União] no combate a corrupção, fizemos o Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] funcionar e a movimentação bancárias atípicas", afirmou o petista.

Réplica: Bolsonaro chamou a resposta do adversário de "mentirosa" e disse que "o seu governo foi o mais corrupto da história do Brasil".

O candidato do PL disse ainda que "segundo Palocci" tudo foi "emparelhado" no governo Lula. "Então, se todo mundo fazia malfeitos, roubava, desviava, só o ex-presidente não sabia. E o Palocci conclui na sua delação premiada que foi reservado uma conta no exterior de R$ 300 milhões que o senhor recebia pacotes dele mesmo, R$ 50 mil a título de propina", disse Bolsonaro.

Na tréplica, Lula apresentou outros dados e feitos de seu governo para além da corrupção, como meio ambiente, emprego e relações internacionais.

Esse país que teve 20 milhões de empregos com carteira assinada é o país que o atual presidente está destruindo. Está destruindo porque ele adora."
Lula

Delação anulada: Bolsonaro usou a delação de Palocci para fazer sua pergunta, mas não citou que as acusações feitas pelo ex-ministro foram anuladas pelo STF.

A Polícia Federal, em agosto de 2020, concluiu que o ex-ministro não apresentou provas e que as acusações foram todas desmentidas pela investigação.

Caras e bocas: Enquanto Bolsonaro fazia sua pergunta, o petista fazia caras e bocas. Em uma das situações, o atual presidente falava que o "povo nordestino sofreu por falta d'água por causa de corrupção do seu governo" e, no mesmo instante, Lula deu uma risada irônica.

Primeiro debate entre presidenciáveis: Esse é o primeiro encontro entre os candidatos à Presidência da República. O debate terá três blocos de perguntas entre os políticos e também questionamentos feitos por jornalistas.

Além de Lula e Bolsonaro, também participam do debate o ex-governador Ciro Gomes (PDT), a senadora Simone Tebet (MDB), o cientista político Felipe d'Ávila e a senadora Soraya Thronicke (União Brasil).