Bolsonaro diz que vai 'evitar' novos concursos e muda discurso sobre o Pix
O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse hoje a empresários e lideranças do setor de comércio e serviços que vai "evitar" novos concursos públicos a partir do ano que vem, se for reeleito. O governante também mudou o discurso sobre o impacto da implementação do Pix em relação ao faturamento dos bancos.
Agora, na versão dele, as instituições financeiras "não perderam nada".
"São mais de 1 bilhão de movimentações por mês, são mais de 100 milhões de pessoas que estão com o Pix. Eu considero uma coisa revolucionária. Os bancos não perderam quase nada com isso aí porque ganharam 6 milhões de contas, e os bancos têm mecanismo para fazer com que seu lucro não diminua. Ninguém quer interferir em banco."
A declaração de hoje contrasta com os ataques que ele fez à Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) quando a entidade assinou documento em favor do Estado democrático de Direito, em 28 de julho. Disse o presidente à época:
"Você pode ver, esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o Pix que eu dei paulada neles, os bancos digitais que nós facilitamos", declarou ele a apoiadores aglomerados no cercadinho do Palácio da Alvorada, em 28 de julho.
"Estamos acabando com o monopólio dos bancos. Eles estão perdendo poder. Carta pela democracia. Qual ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?", afirmou.
Vai ter concurso público? Bolsonaro disse a empresários e líderes do setor de comércio e serviços que pretende "evitar" a abertura de novos concursos públicos em 2023, caso seja reeleito, para "proteger o servidor" já na ativa.
"Vamos evitar concursos públicos até para proteger atuais servidores. Muitos jovens ficam chateados, mas a máquina está no seu limite", justificou Bolsonaro, ao responder uma pergunta sobre uma eventual reforma administrativa.
O postulante à reeleição também colocou a responsabilidade da aprovação de uma reforma a respeito do tema sob o poder Legislativo, mas disse que ano que vem pretende discutir reajustes salariais para determinadas categorias, como para a Polícia Rodoviária Federal.
Mercado 'amigo'. Bolsonaro disse se sentir confortável em um ambiente com lideranças do setor do comércio e serviços —grande parte manifesta apoio ao postulante à reeleição. "Eu me considero em casa, não me considero em uma sabatina."
Indagado sobre possíveis políticas voltadas ao refinanciamento de dívidas, o presidente evitou estabelecer compromissos formais e disse que quem poderia abordar o assunto com mais propriedade é o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Qualquer palavra minha um pouco distorcida ou não muito bem compreendida mexe com o dólar hoje à tarde. Eu quero que o dólar continue caindo", declarou ele. Já sobre a taxa de juros, o candidato disse acreditar que ela vai "começar a cair" e lembrou que a Selic já esteve no patamar dos 2%, em 2019.
"Se tiver que fazer um programa de refinanciamento, eu te levo pessoalmente para falar com o Paulo Guedes, como fiz em 2020", respondeu Bolsonaro a um dos entrevistadores.
Bolsonaro também disse que não vai interferir na política das estatais. "Não quero violentar o mercado."
Oferta de audiência com Guedes. Depois, Bolsonaro voltou a "ofertar" uma audiência com o ministro Paulo Guedes ainda hoje.
Segundo ele, "até meia-noite, é dia". "Quem quiser uma audiência com o Paulo Guedes... Estamos à disposição."
Cinco minutos a mais na ONU. Durante o evento, Bolsonaro declarou que está tentando negociar com a ONU (Organização das Nações Unidas) uma ampliação de cinco minutos no tempo previsto para discurso do chefe de estado brasileiro na Assembleia Geral (entre 19 e 23 de setembro).
Tradicionalmente, o Brasil é o país que abre o evento da ONU, que reúne lideranças globais na sede da organização, em Nova York. O prazo habitual de discurso é de 15 minutos. Bolsonaro quer falar por 20 minutos.
Hoje fiz a primeira reunião para discurso da ONU mês que vem. Vamos dar notícia para Brasil de lá para cá. Tempo são de 15 minutos, tentando passar para 20
Jair Bolsonaro
'Números são fantásticos', diz candidato. Nas considerações iniciais, Bolsonaro disse considerar que "o governo está andando mesmo após uma pandemia, crise hídrica e guerra fora do Brasil". Segundo ele, "os números são fantásticos" e o país tem em agosto o seu segundo mês seguido com deflação.
"O Brasil está na vanguarda da saída desses problemas voltados para a economia, que é o assunto que estamos tratando aqui", comentou.
O governante declarou ainda que é seu objetivo "colaborar com os senhores", em mensagem endereçada aos representantes da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços. "Quem cria empregos não sou eu, são os senhores."
Bolsonaro voltou a dizer que "a grande vacina em 2019" foi a lei da liberdade econômica, costurada pelo Ministério da Economia para impulsionar a iniciativa privada.
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