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Leia a íntegra do terceiro bloco do debate para governador de SP do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/09/2022 00h11Atualizada em 14/09/2022 00h56

Cinco candidatos ao governo de São Paulo participaram do debate promovido por UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura entre a noite desta terça-feira (13) e a madrugada desta quarta-feira (14). No terceiro bloco, houve troca de acusações entre Fernando Haddad (PT) e o governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição.

Antes, Haddad e Tarcísio de Freiras (Republicanos) já haviam nacionalizado a discussão ao falar de vacinação contra covid-19 e outros assuntos federais. Nas questões feitas a esses dois candidatos, foram citados os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Leia a íntegra do terceiro bloco do debate:

[Leão Serva]: Estamos de volta com o debate entre os candidatos a governador de São Paulo, uma promoção do pool de veículos formado pelo UOL, Folha de São Paulo, Rádio e TV cultura. Este evento tem transmissão em tempo real pela internet nas páginas dos veículos promotores. Vamos relembrar as regras deste bloco.

[Repórter]: Neste terceiro bloco, um novo segmento de perguntas de jornalistas do pool. O jornalista escolhe um candidato para responder e outro candidato para comentar as respostas.

As respostas têm três minutos, que podem ser divididos entre resposta de no mínimo um minuto e a réplica. O comentário tem um minuto e meio. Encerrando o debate, os candidatos fazem as suas despedidas em um minuto e meio. A ordem será inversa à abertura do debate.

[Leão Serva]: O primeiro a perguntar é o jornalista Diego Sarza, do UOL, que fará sua pergunta para o candidato Elvis Cezar.

[Diego Sarza]: Muito bem, boa noite a todos. Minha pergunta, então, para Elvis Cezar, com o comentário de Rodrigo Garcia. Bom, candidato, Santana de Parnaíba, cidade da qual foi prefeito, é uma das mais desiguais do país. Embora os condomínios de luxo sirvam ali para arrecadação, o município tem quase metade das casas, 44%, sem coleta de esgoto.

Como essa experiência de comandar uma cidade de apenas 140 mil habitantes te capacita, te credencia para governar um estado tão importante como o Estado de São Paulo?

[Elvis Cezar]: Obrigado pela pergunta. Santana de Parnaíba, quando iniciei de prefeito, tinha 4% de esgoto coletado e tratado; quando eu saí, 65%. Tem a maior desigualdade social em virtude dos condomínios, mas também tem a periferia melhor cuidada, o maior avanço do Ideb do Estado de São Paulo.

Tem também a maior geração de empregos— segunda maior geração de empregos do Estado de São Paulo pelo CAGED. Número um no Estado de São Paulo em segurança pública. Segunda melhor em capital humano, ou seja, formação de jovens da periferia no Estado de São Paulo.

E é somente a 80ª cidade mais rica do Estado, mas, em gestão pública, nos últimos seis anos, nós ganhamos por quatro vezes a melhor gestão pública do Brasil.

[Leão Serva]: Candidato Rodrigo Garcia, um minuto e meio para o seu comentário, por favor.

[Rodrigo Garcia]: Olha, a desigualdade social será um grande desafio nos próximos quatro anos. Já foi, porque nós herdamos, da época do governo da Presidente Dilma, mais de seis milhões e meio de pessoas que vieram para a pobreza ou para a pobreza extrema, e depois, de lá para cá, por conta da COVID e no atual governo, mais oito milhões de pessoas.

São, portanto, quinze milhões de pessoas no Brasil vivendo na pobreza, pobreza extrema a mais. Então, aqui em São Paulo, quando eu tomei posse como Governador de São Paulo no mês de abril, eu fiz questão de tomar posse dentro de um restaurante Bom Prato na favela de Paraisópolis. Fiz isso para chamar atenção da população.

Governar São Paulo é governar um estado poderoso, rico, desenvolvido, mas é governar também um estado com muitas desigualdades sociais. Por isso, hoje, nós temos o Bolsa do Povo, que é o maior programa de apoio a famílias carentes da história de São Paulo. Dentro do Bolsa do Povo, nós temos o Bolsa Trabalho, com cem mil pessoas trabalhando.

Temos o Vale Gás, com 400 mil famílias recebendo o Vale Gás no Estado de São Paulo; aumentei o valor, inclusive, no mês de maio. Teve o programa Dignidade Intima, que, pela primeira vez, o Governo de São Paulo dá absorvente para as meninas da rede pública de ensino poderem não mais faltar às aulas por falta de absorvente.

Tem o São Paulo Acolhe, tem programas de geração de emprego e renda como o Prospera, para mães solteiras, tem cursos de qualificação; é o maior investimento de combate à desigualdade social da história. Agora, nós vamos conseguir combater essa desigualdade com o Brasil crescendo, com o Brasil tendo paz para trabalhar. São Paulo, que é a locomotiva desse país, gerando emprego, gerando oportunidades, mas ajudando quem precisa nesse momento tão desafiador.

[Elvis Cezar]: Ao contrário do que o jornalista falou, os condomínios de Santana de Parnaíba não servem como fonte de arrecadação. Até porque, enquanto prefeito, congelei por sete anos o IPTU de Santana de Parnaíba. A única cidade do Brasil que tem essa marca de oito anos de IPTU congelado. Lá cobra-se menos e faz mais. Entreguei 250 obras.

Mas isso não é essencial, o essencial é o nosso IDH. É o investimento na periferia, que transforma. É zerar a fila da creche, é fazer o maior crescimento da educação do Estado em 2017. Peguei com o Ideb negativo. É ter 100% da educação municipalizada. É ter pessoas que moram em condomínios de luxo e os filhos estudam em escolas públicas. Esse é o orgulho dessa cidade.

Nós somos referência de gestão pública para o estado de São Paulo e para o Brasil. E não foi eu que construí isso tudo, foi um povo, foi uma cidade que tem pertencimento. São varredores, são professores, são pedreiros, são engenheiros que construíram a melhor gestão pública do estado de São Paulo. E é esse modelo que eu criei e dou aula para prefeitos, que eu quero levar para todo o estado de São Paulo.

Santana de Parnaíba tem 150 mil habitantes, que têm pertencimento e orgulho. Tem um Poupatempo lá novinho construído por mim, que o governador não foi inaugurar por causa de questão política, e deixou o povo lá sem atendimento.

O hospital de Barueri quem está construindo é a cidade de Barueri, porque quem ia construir não é... não foi o governo do estado de São Paulo, esses investimentos são municipais. Somos referência em mortalidade infantil para o estado de São Paulo e para o Brasil. Eu tenho orgulho dessa terra.

[Leão Serva]: É muito importante que a plateia não se manifeste, porque atrapalha o raciocínio e o andar da carruagem aqui. Segundo jornalista a perguntar é Fábio Zanini, da Folha de S.Paulo, que faz sua pergunta para Fernando Haddad.

[Fábio Zanini]: Boa noite. Comentário do candidato Tarcísio, por favor. Candidato Haddad, em 2013, quando o senhor assumiu a Prefeitura de São Paulo, o senhor decidiu não reajustar as tarifas de ônibus. Na época, o senhor atendeu aí a uma pressão, a um pedido do Governo Federal, da presidente Dilma Rousseff.

Quando o senhor decidiu fazer o reajuste, em junho, todo mundo sabe o que aconteceu, tivemos aí as maiores manifestações de rua em décadas no Brasil. Se o senhor virar governador no ano que vem, o senhor vai se deparar com um problema parecido com relação às tarifas do metrô e da CPTM, que estão sem reajuste desde 2020 — 20% a defasagem.

O senhor vai fazer o reajuste das tarifas ou o senhor vai de novo se submeter a pressão do Governo Federal?

[Fernando Haddad]: Em primeiro lugar, agradeço muito a pergunta, mas eu gostaria de fazer alguns esclarecimentos. Não foi um pedido da Dilma Rousseff para mim, foi um pedido para mim, para o governador Geraldo Alckmin, para o governador do Rio de Janeiro e para o governador do estado do Rio e da cidade do Rio de Janeiro.

O objetivo era ganhar tempo, alguns meses, foram cinco meses, porque a Presidenta Dilma queria editar uma Medida Provisória para zerar os impostos federais sobre transporte público urbano. Esse foi o objetivo da Presidenta Dilma. E ela cumpriu o acordo conosco.

Os impostos foram zerados, e para uma inflação acumulada de 17%, nós tomamos uma decisão conjunta de reajustar pouco mais de 6%, em benefício do usuário. Então aquilo era uma vantagem para São Paulo e para o Rio, e que atendeu o Brasil inteiro, de diminuir os impostos sobre o transporte público, o que é uma ótima recomendação.

O transporte público não pode pagar imposto, porque isso vai recair sobre os prefeitos, que cada vez mais subsidiam as tarifas. O metrô, como você sabe, é da alçada estadual, e nós temos um problema grave, que é a queda do número de passageiros do metrô. O pós-pandemia não está fazendo com que as pessoas voltem a usar o metrô, muita gente migrou para o carro e continua no carro.

Nós vamos ter que fazer uma grande campanha para fazer as pessoas voltarem a usar o transporte público. A queda é entre 25 e 30%. Vamos fazer o bilhete único metropolitano. E eu defendo desde 2013 que a CIDE seja municipalizada e estadualizada, para financiar justamente o transporte de massa.

Eu acho que a CIDE não deveria ser federal, ela deveria ser utilizada para subsidiar o transporte público e não aumentar as tarifas, até o momento em que a gente possa ampliar as gratuidades, como fizemos: passe livre do idoso, passe livre do estudante, que infelizmente o governo atual cortou.

[Leão Serva]: Candidato Tarcísio, um minuto e meio para o seu comentário.

[Tarcísio de Freitas]: Olha, primeiro é fundamental a gente entender como estão as equação tarifárias, que normalmente são muito antigas e precisam de revisão, de atualização. O cenário é interessante, porque o cenário aponta para uma diminuição da inflação. O Brasil é um país que está tendo efetividade no combate à inflação. A gente deve terminar o ano de 2022 com uma inflação menor do que a de Estados Unidos, países da zona do Euro e do Reino Unido. Então, a gente está tendo eficiência, graças a medidas que foram tomadas, graças à autonomia do Banco Central, que foi uma medida importante do presidente Bolsonaro, que passou e que nos dá uma estabilidade de política monetária. O Banco Central foi o primeiro Banco Central do mundo a subir juros, vai ser o primeiro Banco Central do mundo a baixar juros, com toda a certeza. E nós vamos ter que definir exatamente qual é a diferença da tarifa técnica para a tarifa social e verificar se é o momento adequado de fazer reajuste ou não. A ideia é que no ano que vem não tenha reajuste. É nós vamos restabelecer aquilo que foi tirado pelo governo do PSDB nesses últimos anos, ou seja, os benefícios que determinados estratos da nossa sociedade que eles tinham e foram subtraídos, nós precisamos restabelecer, porque é uma questão de Justiça. Além disso, a recuperação econômica, a recuperação do emprego vai fazer com que o nível de atividade no metrô volte e, portanto, as receitas.

[Mediador]: Fernando Haddad, 35 segundos.

[Fernando Haddad]: Nós vamos restabelecer o que foi tomado, até porque fomos eu e o governador Alckmin que estabelecemos a gratuidade a partir dos 60 anos de idade, uma medida que eu não sei por que foi revogada pelo Doria e pelo Rodrigo Garcia. Aliás, o Rodrigo é quem assina a medida. Nós vamos voltar com o Passe Livre do Idoso. Vamos ampliar as gratuidades, como fazemos desde o governo da Marta, e vamos fazer o Bilhete Único Metropolitano, porque não é justo que quem mora, por exemplo, em Santana do Parnaíba seja obrigado a pagar duas ou três passagens para trabalhar na capital.

[Leão Serva]: Agora o jornalista Thiago Herdy, do UOL, faz uma pergunta para Rodrigo Garcia.

[Thiago Herdy]: Boa noite, candidatos. O comentário para essa pergunta será do candidato Fernando Haddad. Governador, o irmão do senhor, Marco Aurélio Garcia, foi condenado à prisão depois de ser aprovado que ele era um operador de lavagem de dinheiro para integrantes da máfia do ISS. Esse grupo lesou a Prefeitura de São Paulo em mais de 500 milhões de reais, entre 2010 e 2013. Até 2010, o senhor ainda era secretário dessa mesma Prefeitura, durante a gestão de Gilberto Kassab. Ao final do processo judicial, o seu irmão confessou os crimes de que foi acusado. A minha pergunta ao senhor é a seguinte: como era possível não saber dos malfeitos de seu irmão, dentro de um governo do qual o senhor era tão próximo?

[Rodrigo Garcia]: Olha, ninguém é responsável por irmão, ninguém é responsável por ninguém. Nós somos responsáveis pelos nossos atos. Se ele fez algo de errado, ele que pague.

Eu respondo pelos meus atos, e, pelos meus atos, eu tenho o maior orgulho de, durante 27 anos, trabalhar no serviço público, ser secretário em várias oportunidades, ser deputado estadual, deputado federal, presidente da Assembleia, vice-governador e, hoje, governador, e nunca ter respondido a um processo sequer de improbidade administrativa.

Porque tenho uma história dedicada a São Paulo, uma história limpa e uma história dedicada à construção deste Estado. Então, é fundamental a gente poder aqui separar as coisas. E a sociedade sabe disso, sabe que cada um responde pelos seus atos. Não tenho negócios com ele, não tenho convivência comercial nenhuma com ele.

Ele é meu irmão e ele que pague pelos seus atos. Agora, o fundamental é que a gente tenha um combate forte à corrupção, aos malfeitos, como nós temos procurado fazer aqui em São Paulo. Nós estamos aqui, ao longo de quatro anos, fazendo o maior investimento público da história de São Paulo.

É importante lembrar, eu vi aqui o candidato Haddad falar da diminuição dos investimentos em São Paulo. Em 2018, São Paulo investiu 11 bilhões de reais. Neste ano, nós vamos investir 27 bilhões de reais. Isso é muito mais do que nós herdamos.

Se teve alguma queda de investimentos, é bom ele perguntar para o ex-governador Alckmin, porque neste mandato nós estamos crescendo os investimentos no Estado de São Paulo. Isso é que está gerando obra, gerando emprego; e, para o futuro, eu vou combater muito a desigualdade social com projetos concretos, como por exemplo o imposto zero para a população mais pobre.

O imposto, aqui em São Paulo, pela população mais pobre será devolvido, o pobre não vai pagar imposto. Como o Cartão Bom Prato. Nós vamos levar a comunidade e levar dentro do bolso da população a comida, para que ninguém passe fome no Estado, e, ao mesmo tempo, continuar com o grande programa de investimentos para gerar emprego e renda em São Paulo.

[Leão Serva]: Haddad, um minuto e meio, por favor.

[Fernando Haddad]: Eu queria deixar clara a minha posição, até porque eu acho que, pela formação jurídica que eu tenho, eu preciso concordar parcialmente com o que foi dito aqui pelo meu adversário. As penas no Brasil são individualizadas.

Você responde pelo crime que você comete, você não pode responder pelo crime de uma pessoa que é da sua igreja, que é do seu partido e, até mesmo, que é da sua família, como o caso de Marco Aurélio Garcia, que foi condenado a 16 anos de prisão pelo fato de ter ajudado uma máfia, a máfia do ISS, a desviar 500 milhões de reais, segundo o Ministério Público, dos cofres da Prefeitura de São Paulo.

Mas eu penso, Rodrigo, que isso é correto, você está certo, mas o que o jornalista perguntou é que você estava a poucos metros da sala onde o seu irmão agia criminosamente. Alguma coisa em torno de? São poucos metros, você atravessava uma rua, e o teu irmão já estava lá fazendo as maracutaias com uma máfia de uma dúzia de fiscais que desviaram meio bilhão de reais.

Então a pergunta é a seguinte: para quem tem por slogan proteger São Paulo, será que não é o caso de perguntar, um irmão seu, a poucos metros de distância, você tendo o dever de proteger a Prefeitura de São Paulo, na gestão Kassab, isso acontecer, é uma coisa que chama atenção e justifica a pergunta.

[Rodrigo Garcia]: Haddad, é a mesma coisa de eu dizer para você que você tinha que ter cuidado do erário público quando você foi ministro do Lula. O Mensalão começou no governo que você participou.

Silvinho Land Rover, Delúbio Soares, Vaccari, nós tivemos os maiores escândalos de corrupção da história do Brasil no seu partido, e nem por isso eu acuso você pessoalmente de qualquer malversação de serviço público, penso que você é uma pessoa correta. Agora, não venha querer transferir para outros um problema que não é meu, como provavelmente o Mensalão, o Petrolão não foi problema seu.

Então, não queira aqui confundir a cabeça das pessoas, né? Nós precisamos ter muita seriedade de cuidar desse debate.

Aliás, nós estávamos falando sobre aumento de impostos, diminuição, é importante lembrar que, no governo do Haddad, teve muito aumento, sim: aumento de fila de creche, aumento de cirurgias eletivas, mas teve diminuição também: ele diminuiu o transporte do deficiente nas escolas de São Paulo, ele diminuiu a ronda escolar, deixando os alunos desprotegidos.

Isso é, sim, fundamental para a gente debater aqui o que cada um fez da sua vida por São Paulo, em favor de São Paulo, e é por isso que eu quero uma chance de continuar quatro anos governando esse estado.

[Leão Serva]: A próxima jornalista—

[Aplausos]

[Leão Serva]: Senhores, silêncio. A próxima jornalista é a Vera Magalhães, da TV Cultura, que fará sua pergunta para Tarcísio de Freitas.

[Vera Magalhães]: Boa noite, comentário do candidato Vinícius Poit. Candidato, no seu plano de governo para a área da cultura, o senhor propõe o alinhamento às políticas do Governo Federal nessa área.

As políticas do Governo Federal incluem o desmonte da Lei Rouanet, que foi inclusive prometido pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha, porque ele associava essa lei a mamatas, e, neste ano, o veto integral às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, que destinavam quase sete bilhões para recuperar a área de cultura depois da pandemia.

Queria saber se é esse tipo de alinhamento que o senhor propõe e o que o senhor pretende fazer com os planos de cultura que já existem aqui no Estado de São Paulo.

[Tarcísio de Freitas]: Bom, boa noite, Vera. A ideia é incentivar a cultura. São Paulo é um grande polo cultural, transpira cultura, tem uma tradição na cultura, e a gente quer trazer a cultura para as pessoas. Mais importante que levar as pessoas até a cultura é levar a cultura até as pessoas.

De toda essa jornada de campanha, uma das atividades que mais me emocionou foi a visita ao Instituto Bacarelli, lá na favela de Heliópolis, patrocinada, em grande medida, pela Lei Rouanet, e é muito bacana ver como a educação musical transforma realidades.

Aquelas crianças, que entram desde novinhas no instituto, têm acesso a educação musical, vão se desenvolvendo, e nós temos hoje vários músicos importantes que participam de orquestras filarmônicas no mundo inteiro e que foram ali formadas naquela instituição.

Nós queremos mais institutos Bacarelli, nós queremos ampliar a quantidade de vagas, fazer com que mais pessoas possam ter a vida transformada pela cultura, pela música, pelas artes cênicas, também pelo esporte, por que não? As escolas têm que virar escolas integradas para que a gente possa trazer atividade cultural para dentro da escola.

Nós precisamos levar os espetáculos para o interior. Nós temos excelentes equipamentos no interior e precisamos fazer com que grandes espetáculos possam ir para lá.

E o modelo de gestão cultural de São Paulo facilita isso, porque nós temos uma gestão publicizada: organizações sociais que hoje tomem— tomam conta dos empreendimentos artísticos, empreendimentos culturais e do acervo, também, da infraestrutura de cultura, então fica fácil transpor espetáculos, transpor atividades para o interior e fazer com que esses espetáculos cheguem às pontas da linha.

Nós temos aí um patrimônio que é de São Paulo que são os rodeios, que a gente precisa estimular. Cada rodeio gera 2.000, 2.500, 3.000 empregos diretos, então vamos fazer com que isso seja visitado pelo Brasil inteiro. É uma grande manifestação cultural do Estado de São Paulo. Investir na cultura regional é uma coisa muito importante. Vamos ampliar as fábricas de cultura e também investir muito na economia criativa.

[Leão Serva]: Vinícius Poit, um minuto e meio, por favor.

[Vinícius Poit]: O exemplo do Bacarelli é um ótimo exemplo, conheço, aqui na favela de Paraisópolis, assim como outros que a gente tem pelo Estado de São Paulo: a Fábrica de Criatividade, do Denilson, ali no Capão Redondo, um exemplo que une cultura, une tecnologia, programação, artes cênicas, criatividade. Insere as crianças e adolescentes em um outro mundo que talvez elas não tenham aquela inspiração, aquela referência dentro de casa ou ali na comunidade, e isso passa a existir, levando para elas, levando até elas uma outra referência que principalmente não seja o crime organizado.

Eu visitei e conheci de perto a situação de Medellín, que já foi a cidade mais violenta do mundo na época do narcotráfico, hoje é a mais inovadora, porque, além de polícia, a gente levou outros equipamentos do Estado: levou esporte, levou cultura, levou centro de mediação de conflito.

Levou escola, sim, integrada, escola integral, integrada com cultura e esporte, projeto de vida, empreendedorismo, educação financeira e ensino profissionalizante no contraturno, mas também a primeira infância, que faz parte ali da fase principal de um ser humano.

Gosto do modelo das OSs, como tem em Brodowski, com a Casa de Portinari, como tem a mesma fundação, a mesma OS lá em Tupã, com o Museu Indígena, como a Sala São Paulo também é regida por uma fundação, e agora a gente vê o modelo da inauguração do Museu do Ipiranga, onde está lá a USP. Então, cultura é muito mais economia criativa e é priorização para os jovens.

[Leão Serva]: Tarcísio de Freitas, 42 segundos para sua tréplica.

[Tarcísio de Freitas]: Também vamos fazer com o que programa paulista, o programa de incentivo à cultura, receba recursos, recursos que vão vir do Tesouro, e também recursos que virão dos incentivos fiscais para fundações, para empresas, para que a gente possa continuar financiando empreendimentos culturais, levando a cultura até as pessoas.

E nós vamos investir muito na educação. A educação é transformadora, a gente quer, por exemplo, que o ensino médio seja o ensino de tempo integral, onde a gente tenha lá o programa de Jovem Aprendiz, onde a gente abra a porta do mercado de trabalho para esse jovem, aonde a gente possa promover as transformações do Brasil e do estado de São Paulo.

[Leão Serva]: E agora, é a última pergunta que vai ser feita pelo Tayguara Ribeiro, da Folha, para Vinícius Poit.

[Tayguara Ribeiro]: Comentário, Elvis. Candidato, eu gostaria de insistir em um tema que não ficou totalmente compreensível. O senhor, qual é sua avaliação a respeito das cotas raciais nas universidades? E você pretende implantar cotas raciais no funcionalismo público em São Paulo?

[Vinícius Poit]: Tayguara, obrigado pela pergunta, novamente. Eu acredito que a gente está dando o maior exemplo dessas eleições partindo da nossa atitude já na candidatura. As cotas raciais, como eu coloquei anteriormente, elas existem no Brasil e ninguém vai desligar a chave, ninguém vai tirar as cotas raciais. Mas a gente precisa caminhar para um mundo que não precise delas. A gente precisa investir na base.

A gente precisa dar condições iguais de oportunidade lá no começo, porque aí não vai precisar de cotas. Então ninguém... sabe, parece que: puxa, vai vir o candidato do Novo, vai vir o candidato liberal, vai acabar com as cotas de uma vez por todas. Lógico que não, gente. As cotas precisam ser encaradas como modelo de transição, mas a causa precisa ser resolvida.

Eu entendo, Tayguara, que o modelo muito mais assertivo para a sociedade seriam cotas de renda, porque pode ter alguma raça específica que é rica, aí tem a cota racial, mas vai estudar pela cota racial? Eu não sei se isso é tão justo. Vamos discutir com a sociedade, com a autonomia que as faculdades merecem ter.

Agora uma novidade que nós vamos trazer, conversando com as universidades também, Tayguara, é permitir que mais alunos que não tenham renda para estudar, estudem nas universidades públicas. No momento em que a pessoa rica seja ela preta, branca, parda, possa contribuir com a sua mensalidade.

A pessoa rica hoje paga o cursinho, paga o colégio de altíssimo qualidade, entra na faculdade e é sustentada pelo pobre que paga o ICMS, paga o imposto pelo consumo e sustenta a faculdade.

Então, mais do que as cotas raciais, que a gente vai encarar esse modelo de transição ainda até que todos, independente de ser branco ou negro, tenham oportunidades iguais no estado de São Paulo, essa verdadeira política de um governante, a gente tem que olhar para critérios de renda no nosso Estado.

[Leão Serva]: Elvis Cezar, um minuto e meio para o seu comentário.

[Elvis Cezar]: Eu tenho um programa específico para isso, que é a força da mulher. Nenhum negro, nenhum branco, nenhum pardo, chega na universidade se não tiver oportunidade de um ensino infantil de excelência. E o que falta hoje no estado de São Paulo? São as vagas de creche.

Eu quero ser governador, mulher, para que você nunca mais, para que nunca mais falte vagas de creche no estado de São Paulo. Porque eu farei consórcio com as 645 cidades, e nós vamos eliminar esse problema e investir no ensino infantil, porque é o principal ensino. Quanto à universidade, eu sou favorável às cotas. É muito importante as cotas para o reequilíbrio da sociedade.

O que eu quero dizer é que eu vou democratizar o ensino universitário por meio da Unifesp. Eu, enquanto prefeito, fui o primeiro a assinar o convênio com a universidade virtual do estado de São Paulo, que reproduz os cursos da Unicamp, da USP e da Unesp.

E hoje temos apenas 50 mil alunos. No meu mandato, eu vou estender para todas as cidades, e chegaremos e atenderemos 500 mil universitários, de forma gratuita. Vai ter amplitude e nós vamos assim dar oportunidade do acesso não só do negro, do branco, mas a todos à universidade de qualidade em São Paulo.

[Leão Serva]: Vinícius Poit, 54 segundos, por favor.

[Vinícius Poit]: Aproveito para retomar um tema aqui, que foi a primeira infância, onde eu mencionei, que o candidato Elvis também colocou, gente, que o governo do Estado, alguns falam: Ah, mas é responsabilidade do município, mas o governo pode atuar. A política do ICMS educacional que já funciona em outros estados do Brasil, nesse daqui é a passos de tartarugas.

O projeto estava na Assembleia, governo que demorou, sabe, e isso não saiu. O governo de posse do repasse do ICMS para os municípios, gente, pode passar mais ICMS para aquele município que tem uma nota melhor no SARET, para aquele município que tem vaga da creche zerada, para aquele município que tem escola de primeira infância de qualidade, gente.

Ele vai merecer o incentivo a mais. Aquele que não tem, vai, ó, pessoal, você precisa melhorar a educação na primeira infância. Isso já funciona no Ceará, em Pernambuco, e nós vamos colocar em São Paulo, gente. Primeira infância ou seja lá o que for é responsabilidade do governador também.

[Leão Serva]: E assim termina mais essa sessão de perguntas de jornalistas aos candidatos a Governador de São Paulo. Agora nós vamos a um rapidíssimo intervalo, fique aí, a gente volta já, já, com as despedidas dos candidatos ao Governo de São Paulo. Não saia daí.

Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Caê Vasconcelos, Isabela Aleixo, Felipe Pereira, Gabriela Vinhal, Gilvan Marques, Herculano Barreto Filho, Juliana Arreguy, Leonardo Martins, Lucas Borges Teixeira, Mariana Durães, Rafael Neves, Stella Borges, Wanderley Preite Sobrinho