MPF dá 5 dias para Douglas Garcia se explicar sobre ataque a Vera Magalhães
A procuradora regional eleitoral de São Paulo Paula Bajer deu cinco dias para que o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) se explique sobre os ataques feitos contra a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura.
"Expeça-se ofício ao candidato a deputado federal, solicitando esclarecimentos, por escrito. Se assim desejar, sem prejuízo dos esclarecimentos por escrito, poderá agendar dia e horário para comparecimento à PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) para prestar informações pessoalmente", diz.
A medida do MPF (Ministério Público Federal) ocorre depois de, na última terça-feira (13), o parlamentar agredir verbalmente a jornalista após o debate entre candidatos ao governo de São Paulo organizado pelo UOL, em parceria com Folha de S.Paulo e TV Cultura.
Durante a abordagem, ele afirmou que ela é "uma vergonha para o jornalismo" e questionou o valor do seu contrato de trabalho com a emissora, em que ela apresenta o programa Roda Viva. Em resposta, a jornalista afirmou que Garcia é misógino.
Procurado pelo UOL, Douglas Garcia não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Garcia mantém ataques
Após o ocorrido, Douglas Garcia anunciou, por meio de um vídeo publicado em suas redes sociais, que registrou boletim de ocorrência contra a jornalista da TV Cultura. Na publicação, o apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) pede desculpas a Tarcísio e mantém os ataques a Vera e à imprensa.
"Não me arrependo de absolutamente nada do que fiz hoje. Se é para pedir desculpas para alguém, não é para jornalista nenhum. Tenho que pedir desculpas ao Tarcísio. Eu sou adulto, Tarcísio é adulto, nós sabemos que essa questão de responsabilidade conjunta é uma coisa que a imprensa tenta incutir nas cabeças das pessoas", afirmou.
Defesa de Vera quer cassação
Em outra ação no órgão, os advogados de Vera pedem a abertura de processo por uso indevido de veículos ou meios de comunicação social em benefício de candidato.
"É preciso também destacar que se entende que o deputado, na situação em discussão, utilizou os meios de comunicação de maneira indevida: basta observar a enorme repercussão que o episódio teve nas redes sociais e o fato de que toda a conversa entre ele e Vera foi filmada com o intuito de publicação nas redes para evidente constrangimento que não pode ser aceito num processo eleitoral sadio", dizem.
Ações contra Douglas Garcia
Após ataques do deputado, a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) afirmou que o Conselho de Ética vai apurar as denúncias em relação a ele.
Douglas Garcia "premeditou ataque". Um pedido de cassação foi protocolado pela deputada Monica da Mandata Ativista (PSOL). Na ação, ela diz que Garcia planejou o ataque. "Destacamos que o deputado Douglas Garcia premeditou os ataques à jornalista, sendo que às 21h19 fez um Tweet questionando se ela compareceria ao debate", diz ela.
Não obstante, precisamos demarcar a violência de gênero existente no caso. O Deputado Douglas Garcia é conhecido por atacar mulheres, sejam elas cisgênero ou transgênero, sendo que já ameaçou até de "tirar a tapas" do banheiro a Deputada Erica Malunguinho.
Monica da Mandata Ativista (PSOL)
Misoginia. A deputada Isa Penna (PCdoB) foi outra a protocolar um pedido de cassação contra Douglas. No documento, a parlamentar também observou "assédio no exercício da profissão onde as mulheres não são enxergadas e respeitadas no devido cumprimento do dever profissional."
"Assim, valendo-se de método repugnante à que pertence a violência de gênero e por meio de falas completamente reprováveis por todos, inclusive colegas de partido, o Parlamentar visou inibir e constranger uma mulher que estava no exercício de sua profissão", acrescentou.
Conselho diz que dará andamento. A deputada Maria Lucia Amary (PSDB), presidente do Conselho de Ética da Alesp, confirmou que recebeu as representações contra Douglas Garcia e que ele será notificado.
"Como mulher, repudio veementemente este tipo de comportamento e me solidarizo com a jornalista Vera Magalhães, que estava no exercício do seu trabalho", escrevei Amary em suas redes sociais.
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