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MPF dá 5 dias para Douglas Garcia se explicar sobre ataque a Vera Magalhães

Vera Magalhães e Douglas Garcia - Reprodução
Vera Magalhães e Douglas Garcia Imagem: Reprodução

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

16/09/2022 11h17Atualizada em 16/09/2022 14h31

A procuradora regional eleitoral de São Paulo Paula Bajer deu cinco dias para que o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) se explique sobre os ataques feitos contra a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura.

"Expeça-se ofício ao candidato a deputado federal, solicitando esclarecimentos, por escrito. Se assim desejar, sem prejuízo dos esclarecimentos por escrito, poderá agendar dia e horário para comparecimento à PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) para prestar informações pessoalmente", diz.

A medida do MPF (Ministério Público Federal) ocorre depois de, na última terça-feira (13), o parlamentar agredir verbalmente a jornalista após o debate entre candidatos ao governo de São Paulo organizado pelo UOL, em parceria com Folha de S.Paulo e TV Cultura.

Durante a abordagem, ele afirmou que ela é "uma vergonha para o jornalismo" e questionou o valor do seu contrato de trabalho com a emissora, em que ela apresenta o programa Roda Viva. Em resposta, a jornalista afirmou que Garcia é misógino.

Procurado pelo UOL, Douglas Garcia não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Garcia mantém ataques

Após o ocorrido, Douglas Garcia anunciou, por meio de um vídeo publicado em suas redes sociais, que registrou boletim de ocorrência contra a jornalista da TV Cultura. Na publicação, o apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) pede desculpas a Tarcísio e mantém os ataques a Vera e à imprensa.

"Não me arrependo de absolutamente nada do que fiz hoje. Se é para pedir desculpas para alguém, não é para jornalista nenhum. Tenho que pedir desculpas ao Tarcísio. Eu sou adulto, Tarcísio é adulto, nós sabemos que essa questão de responsabilidade conjunta é uma coisa que a imprensa tenta incutir nas cabeças das pessoas", afirmou.

Defesa de Vera quer cassação

Em outra ação no órgão, os advogados de Vera pedem a abertura de processo por uso indevido de veículos ou meios de comunicação social em benefício de candidato.

"É preciso também destacar que se entende que o deputado, na situação em discussão, utilizou os meios de comunicação de maneira indevida: basta observar a enorme repercussão que o episódio teve nas redes sociais e o fato de que toda a conversa entre ele e Vera foi filmada com o intuito de publicação nas redes para evidente constrangimento que não pode ser aceito num processo eleitoral sadio", dizem.

Ações contra Douglas Garcia

Após ataques do deputado, a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) afirmou que o Conselho de Ética vai apurar as denúncias em relação a ele.

Douglas Garcia "premeditou ataque". Um pedido de cassação foi protocolado pela deputada Monica da Mandata Ativista (PSOL). Na ação, ela diz que Garcia planejou o ataque. "Destacamos que o deputado Douglas Garcia premeditou os ataques à jornalista, sendo que às 21h19 fez um Tweet questionando se ela compareceria ao debate", diz ela.

Não obstante, precisamos demarcar a violência de gênero existente no caso. O Deputado Douglas Garcia é conhecido por atacar mulheres, sejam elas cisgênero ou transgênero, sendo que já ameaçou até de "tirar a tapas" do banheiro a Deputada Erica Malunguinho.
Monica da Mandata Ativista (PSOL)

Misoginia. A deputada Isa Penna (PCdoB) foi outra a protocolar um pedido de cassação contra Douglas. No documento, a parlamentar também observou "assédio no exercício da profissão onde as mulheres não são enxergadas e respeitadas no devido cumprimento do dever profissional."

"Assim, valendo-se de método repugnante à que pertence a violência de gênero e por meio de falas completamente reprováveis por todos, inclusive colegas de partido, o Parlamentar visou inibir e constranger uma mulher que estava no exercício de sua profissão", acrescentou.

Conselho diz que dará andamento. A deputada Maria Lucia Amary (PSDB), presidente do Conselho de Ética da Alesp, confirmou que recebeu as representações contra Douglas Garcia e que ele será notificado.

"Como mulher, repudio veementemente este tipo de comportamento e me solidarizo com a jornalista Vera Magalhães, que estava no exercício do seu trabalho", escrevei Amary em suas redes sociais.

Alesp também se manifesta. Em nota, a Alesp disse que "não compactua e repudia condutas ofensivas e desrespeitosas, sempre prezando pelo respeito, diálogo e tolerância entre todos".

"O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Carlão Pignatari, manifesta a sua solidariedade à jornalista Vera Magalhães e seu repúdio à atitude irresponsável do deputado Douglas Garcia", diz o texto.

Tarcísio repudia Garcia. Ao UOL, o ex-ministro criticou a postura do correligionário e ressaltou que este tipo de situação não pode acontecer. "Acho que não cabe nenhum tipo de agressão em momento nenhum. A gente tá aqui promovendo a democracia", pontuou.

Tarcísio chegou a ligar para Vera Magalhães e se desculpar, dizendo: "eu mal conheço, nem tenho contato com esse idiota".