Debate: Criticado, Castro chama cargos secretos de problema administrativo

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), foi hoje o alvo principal das críticas dos outros candidatos ao governo durante debate promovido pelos jornais O Globo, Extra, Valor e pela rádio CBN.

O escândalo dos cargos secretos na Fundação Ceperj, a prisão de cinco secretários e a lembrança de que o vice de Castro, Thiago Pampolha, era aliado do ex-governador Sérgio Cabral foram alguns dos pontos trazidos à tona.

Em resposta, Castro tentou minimizar os mais de 20 mil cargos secretos na Ceperj, chamando o escândalo revelado pelo UOL de "problema administrativo". Castro disse ainda que os adversários tiveram ganho eleitoral em decorrência do escândalo.

A questão do Ceperj, até com competência, tenho que dizer, meus adversários transformaram um problema administrativo num pseudoescândalo e crise. Se alguém teve benefício eleitoral com isso foram meus adversários, que inclusive usaram bastante disso em seus programas eleitorais. Na prática, na verdade, houve um problema."
Cláudio Castro, governador do Rio

Ao lado de Castro, participaram do debate os candidatos Marcelo Freixo (PSB), Paulo Ganime (Novo) e Rodrigo Neves (PDT).

Conforme revelado em série de reportagens do UOL, os funcionários contratados na folha secreta da Ceperj sacaram R$ 226,4 milhões na "boca do caixa" somente este ano. Em diferentes momentos do debate, os candidatos lembraram do escândalo em associação direta a Castro.

Dobradinha. Freixo e Neves aproveitaram o debate para se unir em uma dobradinha contra Castro. Diferentemente de outros debates, quando Freixo acenou em vão para Neves, desta vez o ex-prefeito de Niterói correspondeu. Quando tiveram oportunidade de perguntar um ao outro, os candidatos foram elogiosos e focaram em atacar Castro, líder nas pesquisas.

Secretários presos. Com a mais recente prisão sendo a do ex-secretário de Polícia Civil Allan Turnowski, todos os candidatos citaram prisões do alto escalão do governo Witzel/Castro. Freixo chamou de "corrente do mal" e Ganime questionou se era "incompetência ou conivência" de Castro.

Eleição "nacional". Os candidatos do Rio atacaram e exaltaram os postulantes à Presidência da República. Freixo foi o mais enfático ao reafirmar a sua união com Lula (PT). Castro, por outro lado, falou de Bolsonaro (PL) somente nas considerações finais.

Já Ganime, quando questionado sobre ser o candidato do bolsonarismo no Rio, devido à afinidade com pautas defendidas pelo presidente, afirmou que é "representante do Partido Novo, mas que "com certeza não quer Lula presidente". O Novo tem candidato próprio à Presidência, mas Luiz Felipe d'Avila não foi citado por Ganime.

Rodrigo Neves citou Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo PDT, somente uma vez. Ao fim do debate, Neves evitou a todo custo entrar na polêmica entre Ciro e o PT em torno do voto útil em Lula. Questionado pelo UOL, ele afirmou apenas que Ciro é seu candidato e procurou mudar de assunto.

Acompanhantes. Neves foi ao debate acompanhado por Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, que não participou das orientações ao candidato nos intervalos. Freixo estava acompanhado, além de sua equipe, por sua esposa, Antônia Pellegrino, e Anielle Franco, diretora do Instituto Marielle Franco e irmã da vereadora do PSOL assassinada em 2018 e afilhada política de Freixo.

Apesar de ter a candidatura a vice de Castro indeferida pelo TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do RJ), Washington Reis (MDB) acompanhou o governador no debate. Reis sentou no fundo do auditório da Fecomércio, bem distante do atual vice, Thiago Pampolha (União Brasil).

Pós-debate

"O vencedor". Após o debate ser encerrado, Castro brincou com Paulo Vasconcelos, seu marqueteiro. "Paulo, o grande vencedor dessa campanha é você". A frase é uma referência aos adversários de Castro, que em diversos momentos elogiaram suas propagandas eleitorais.

Cautela. Com cerca de 45% dos votos válidos nas pesquisas, o governador evitou falar abertamente em vitória no 1º turno, mas não descartou essa possibilidade em entrevista ao UOL. "São muitas variáveis, temos que ver."