Universal ataca PT e Lula por buscarem voto evangélico: 'Tentam enganar'
A IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) publicou ontem no seu site um texto em que ataca o PT (Partido dos Trabalhadores) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por tentarem se aproximar do eleitorado evangélico.
Segundo a pesquisa Datafolha, de 22 de setembro, Jair Bolsonaro (PL) aparece com 50% contra 32% de Lula nas intenções de voto dos evangélicos. Já entre os católicos, o petista lidera com 53% ante 28% do atual chefe do Executivo.
O site da igreja compartilha um texto intitulado "É tempo de esperança, o Brasil tem jeito", supostamente divulgado pelo PT, em que apresenta 11 propostas importantes para o grupo. O texto da IURD foi publicado com o título "Panfleto do PT tenta enganar eleitor evangélico".
Na corrida eleitoral os discursos buscam alcançar todos os públicos para convencê-los sobre a melhor opção para ocupar o cargo máximo no País nos próximos anos. Contudo, nesse processo de promoção de promessas, figuram muitas incoerências e informações 'para inglês ver' ou, em uma versão adaptada à realidade atual, 'para o evangélico ver'. Igreja Universal
O texto da IURD continua acusando o PT de querer colocar em prática projetos iguais aos de países como Cuba, Venezuela, Argentina, Nicarágua, Colômbia e Chile, e que "os levaram ao verdadeiro caos". A acusação é comumente usada pelo presidente Jair Bolsonaro para criticar países liderados pela esquerda.
"Em uma leitura desatenta, o conteúdo pode até envolver os eleitores e por isso é preciso colocar luz sobre os temas abordados e mostrar a realidade que tentam esconder deles. Entre eles estão projetos que já foram colocados em prática em países governados pela esquerda, como Cuba, Venezuela, Argentina, Nicarágua, Colômbia e Chile, e os levaram ao verdadeiro caos."
Alguns tópicos do texto
O folheto traz ainda dez pontos essenciais para o grupo e rebate os petistas em cada um dos tópicos, entre eles, educação de qualidade, meio ambiente, trabalho, paz, valorização da mulher e defesa da família.
Entre os tópicos, a IURD recuperou a frase em que Lula disse que o aborto é "questão de saúde pública". No entanto, a igreja não citou que o ex-presidente, na ocasião, afirmou ser contra a prática, porém colocou que a realização do procedimento deveria ser tratada como "questão de saúde pública".
"Além disso, outras bandeiras defendidas pela ideologia são o fim da monogamia e do casamento convencional e a defesa da união de várias pessoas, o chamado poliamor", acusa a nota da IURD.
Na sequência, a igreja acusa Lula de querer "regulamentar a imprensa e as mídias, inclusive a internet, uma pretensão autoritária para supostamente evitar mentiras". "O segundo passo normalmente é restringir a liberdade religiosa, como tem acontecido na Nicarágua, cujo governo é ligado ao petista", continua o texto.
Posteriormente, na pauta de valorização da mulher, os religiosos apontam três "gafes" cometidas pelo candidato do PT à presidência, entre elas, quando ele disse, durante um comício no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no final do mês passado: "Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa". "(...) Todas falas muito estranhas. Entretanto, sabemos que a boca fala do que está cheio o coração."
O texto finaliza perguntando: "Quais valores você defende?" e reforça os "impactos negativos causados pelos governos petistas ao Brasil".
Não há espaço suficiente para indicar todos os impactos negativos causados pelos governos petistas ao Brasil. A estratégia atual, contudo, é contar com o esquecimento do povo e focar nas coisas que pareciam boas no passado, mas que se mostraram um desastre. As evidências são claras. Não se deixe iludir por promessas que servirão apenas para permitir que o passado se repita. Igreja Universal
O UOL tenta contato com a assessoria do PT e do ex-presidente. A nota será atualizada em caso de retorno.
Críticas da Universal
No fim de agosto, a IURD também publicou texto no seu site oficial em que fez duras críticas à fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse, em entrevista a uma rádio de Minas, em meados de agosto, "não ser candidato de nenhuma facção religiosa".
Em janeiro, a Universal disse, também por meio de um texto publicado em seu site, que é incompatível ser cristão e votar em candidatos de esquerda. De acordo com o artigo, que não é assinado, "esquerdistas se travestem de defensores do povo".
Em 2018, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal e dono da TV Record, declarou voto em Bolsonaro. Desde o ano passado, a Igreja Universal tem intensificado o discurso contra a esquerda. A Igreja Universal é considerada no meio religioso uma das potências neopentecostais, por ter sucesso eleitoral e uma estrutura centralizada de comando.
O fundador da Universal já participou como convidado de honra em 2019 do primeiro desfile do 7 de setembro da gestão de Bolsonaro na Presidência. Além da Universal, Macedo também tem controle da Record TV, considerada por aliados e auxiliares do presidente uma emissora menos crítica ao governo.
Macedo já se aliou no passado a governos do PT e políticos ligados à Universal compuseram os governos Lula e Dilma Rousseff. Um deles, o bispo Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio de Janeiro, ex-ministro da Pesca e sobrinho de Macedo, manteve conversas com outros pré-candidatos ao longo deste ano.
*Com Estadão Conteúdo
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