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Candidata tetraplégica denuncia assédio em campanha no Rio: 'Impotência'

Luciana Novaes relata que sofreu assédio enquanto fazia campanha no centro de Niterói - Reprodução/Instagram
Luciana Novaes relata que sofreu assédio enquanto fazia campanha no centro de Niterói Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, no Rio

28/09/2022 14h40Atualizada em 28/09/2022 19h36

Tetraplégica após ser vítima de um disparo de arma de fogo aos 19 anos, dentro da faculdade, na zona norte do Rio de Janeiro, a assistente social e candidata a deputada federal pelo PT Luciana Novaes, 39, contou ao UOL que sofreu assédio sexual enquanto panfletava em uma rua no centro de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Ela detalhou que um homem se aproximou no seu ouvido, por trás da sua cadeira de rodas, e sussurrou que ela "aprontava na faculdade". O homem —não identificado— a chamou ainda para tomar duas cervejas. Ao que Luciana respondeu que não bebe, e o homem se alterou.

"Ele ficou falando várias palavras de baixo calão. Levei um susto. Minha irmã, um pastor e um psicólogo que nos acompanhava ainda tentaram conversar com ele, mas ele só se alterava. Nunca tinha passado por uma situação como essa. Acho que é o momento que a gente está vivendo. Estou bem, mas dá uma sensação de impotência", relatou Luciana à reportagem por telefone.

Ela também revelou a denúncia em suas redes sociais.

Com medo, uma eleitora de outro candidato que testemunhou o ato chamou um agente da guarda municipal que atuava no entorno, mas o homem foi embora prometendo voltar.

"Como ele ameaçou voltar, o guarda me aconselhou a sair do local, porque a gente não sabe o que a pessoa é capaz de fazer e não tem como correr comigo. Estavam todos muito perplexos."

Assustada, Luciana preferiu ir para casa sem registrar boletim de ocorrência na polícia, mas ela procurou a delegacia na tarde desta quarta. O caso foi registrado como constrangimento ilegal na Decradi (delegacia de crimes raciais e delitos de intolerância). Ela também entregou à polícia uma foto em que o homem aparece.

Luciana estudava enfermagem na Universidade Estácio de Sá do Rio Comprido quando foi atingida no maxilar, na cervical e parte do bulbo cerebral —a origem do disparo é desconhecida.

Ela passou quase dois anos em um CTI e foi desenganada. Hoje assistente social, Luciana diz que, de todas as violências, a que mais enfrenta hoje é o preconceito capacitista durante sua campanha.

"Ficam o tempo todo me perguntando como faço as coisas. Fora o fato de não conseguir estar em vários locais por falta de acesso a cadeirantes, mas a capacidade está na mente. Vou até o final e jamais irão me intimidar", afirmou.