Lula diz querer qualquer apoio num possível 2º turno: 'como a Arca de Noé'
Candidato à Presidência da República pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está disposto a discutir alianças com quem se interessar caso a decisão siga para o segundo turno. Ele deu entrevista em um hotel de São Paulo, hoje.
Nosso barco é que nem a Arca de Noé: quem quiser viver, pode entrar."
A entrevista, convocada em cima da hora, ocorreu em um hotel no centro de São Paulo horas após uma caminhada na rua Augusta, também na capital paulista. No local, onde o ex-presidente acompanhará a apuração eleitoral de amanhã, ele prometeu que irá comemorar na avenida Paulista independentemente do resultado.
"Vou para a [avenida] Paulista qualquer que seja o resultado", afirmou.
Acompanhado. Lula discursou acompanhado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), do candidato ao governo paulista Fernando Haddad (PT), de Márcio França (PSB), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Janja da Silva e Aloizio Mercadante, seu coordenador do plano de governo.
Líder nas pesquisas eleitorais, Lula disse que não comentaria os levantamentos publicados hoje — Datafolha e Ipec (ex-Ibope) — e que tiveram os respectivos resultados divulgados enquanto ele concedia a entrevista.
No Datafolha, ele lidera por 50% dos votos válidos contra 36% do presidente Jair Bolsonaro (PL). Já no Ipec, o petista tem 51% contra 37% do chefe do Executivo.
O petista disse estar confiante no resultado de amanhã e disse que, apesar de faltar pouco, respeita a decisão final do eleitor.
"Respeito quem não vota em mim, talvez eu não tenha encontrado a sabedoria para convencê-los."
Sem medo. Lula declarou que, se eleito, não teme sofrer um golpe que o impeça de tomar posse.
Não temo nada. A única coisa que eu temo é o povo não me eleger."
Cutucada. Lula e os demais presentes evitaram citar Bolsonaro nominalmente, mas não deixaram de criticar o presidente da República em mais de uma oportunidade. Alckmin, ao elogiar o programa de governo do PT, reforçou que o documento foi elaborado após diversas consultas a membros da sociedade civil.
"Não foi um programa de jet ski nem de motociata", cutucou o pessebista. Nesta manhã, enquanto Lula descia a rua Augusta, Bolsonaro promovia uma motociata com seus apoiadores também na capital paulista.
Lula também criticou outros ex-presidentes que, assim como Bolsonaro, levantaram a bandeira do combate à corrupção. "Tivemos o Jânio Quadros que teve como cabo eleitoral uma vassourinha e abandonou a Presidência depois de seis meses, o Collor caçador de marajás, e nós temos esse cidadão que está aí, que é fora do padrão de qualquer normalidade de governança."
"Agora é nóis (sic)". Se eleito no primeiro turno, Lula disse que pretende viajar para alguns países no exterior para trabalhar a imagem do Brasil.
Pimba na gorduchinha. Lula recorreu a uma metáfora futebolística, algo constante em seus pronunciamentos, para explicar sua aliança com o ex-tucano Alckmin.
"Sou muito grato à parceria com o Alckmin. Parecíamos dois jogadores de futebol, ele no Palmeiras e eu no Corinthians. Quando encontrava era só chute na canela", brincou o petista.
Lado paulista. Candidato ao governo de SP, Haddad manifestou confiança e elogiou a coligação do PT nestas eleições.
"Tivemos a oportunidade de reunir a maior quantidade de partidos do grupo progressista em torno desta candidatura", afirmou ele.
O ex-prefeito de São Paulo salientou o fato de dois ex-governadores, França e Alckmin, terem participado de sua própria campanha no interior. França, por sua vez, elogiou Haddad:
"Foi heroico o seu papel aqui em São Paulo, muito difícil, é um estado muito grande."
Se nada der certo... Antes do discurso de Lula, França brincou que, se nada der certo nas eleições, pode-se contar com Janja "para ser cantora". A mulher de Lula puxou o jingle tradicional do petista em comícios e atos ao longo da campanha.
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