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Em disputa polarizada, Davi Alcolumbre é reeleito senador pelo Amapá

Senador Davi Alcolumbre em campanha  - Divulgação
Senador Davi Alcolumbre em campanha Imagem: Divulgação

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

02/10/2022 21h39Atualizada em 02/10/2022 23h53

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil) foi reeleito nas eleições de 2022 para mais um mandato de oito anos pelo Amapá. Com 196.087 votos (47,88%), ele derrotou outros sete oponentes, tendo como principal adversária a primeira-dama de Macapá, a médica Rayssa Furlan (MDB).

Ambos polarizaram a corrida ao Senado. A bancada do estado segue inalterada, com Alcolumbre ao lado de Lucas Barreto (PSD) e Randolfe Rodrigues (Rede), eleitos em 2018.

Alcolumbre contou com uma ampla aliança no Amapá, com apoio de 10 dos 16 prefeitos, e outros oito partidos além do União Brasil: Cidadania, PDT, PSDB, PL, PP, Solidariedade e Republicanos. Ele foi o único candidato ao cargo pela aliança.

O apoio incluiu o governador Waldez Góes (PDT), que terminará ao fim de 2022 o seu quarto mandato no comando do Amapá. Ambos foram adversários na disputa pelo governo no pleito de 2018, quando Alcolumbre ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

Para o governo do Amapá, Alcolumbre apoiou Clécio Luís (Solidariedade). Apesar de ter se aliado a Jair Bolsonaro (PL) enquanto ocupou o cargo de presidente do Senado, o senador não recebeu endosso do chefe do Executivo para a sua candidatura. Nem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve João Capiberibe (PSB) como candidato no estado.

A reeleição de Alcolumbre indica que o desgaste com parte da direita bolsonarista do Amapá é coisa do passado. No ano passado, o senador foi alvo de críticas de apoiadores do presidente por demorar quatro meses para marcar a sabatina do então indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Presidência no Senado pavimentou reeleição

Sempre no espectro político de centro-direita, Alcolumbre recebeu, em 2014, o apoio de parte da esquerda no Amapá para derrotar Gilvan Borges (MDB), candidato indicado por José Sarney —o político maranhense foi senador pelo entre 1991 a 2015, e desistiu de concorrer após desgaste político local.

Alcolumbre pavimentou a reeleição por mais oito anos após assumir a presidência do Senado, em 2019, em uma disputa polêmica contra Renan Calheiros (MDB). O parlamentar amapaense contou com apoio do governo de Jair Bolsonaro na eleição na Casa.

Foi o período na presidência do Senado que impulsionou o mandato dele, pois, como o próprio senador afirmou em sua campanha, conseguiu com o cargo destravar no estado obras públicas do governo federal e enviar mais recursos de Brasília aos municípios.

Durante o tempo à frente da Casa legislativa, Alcolumbre ainda se tornou o principal cabo eleitoral de Clécio Luís, então prefeito de Macapá, e se aliou a Waldez Góes, recebendo o apoio de ambos.

A popularidade local de Alcolumbre o fez lançar o irmão, Josiel Alcolumbre, a prefeito de Macapá, em 2020. Eles sofreram desgastes, contudo, em razão do apagão que durou mais de 15 dias no período eleitoral.

Na ocasião, o senador chegou a dizer que o maior prejudicado era o irmão dele. Josiel perdeu de virada no segundo turno para Dr. Furlan, hoje desafeto político da família Alcolumbre.

A frase dita por Alcolumbre voltou à tona no pleito de 2022, mas o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá mandou retirar do ar vídeos que mencionavam isso. Alcolumbre diz que a frase foi retirada de contexto.

Atualmente, Josiel — dono da TV Macapá (afiliada da Band) — é primeiro suplente na chapa. O segundo é o empresário Breno Pinto.

Alcolumbre X Furlan

É a segunda vez que o casal Furlan enfrenta os irmãos Alcolumbre em menos de quatro anos. A primeira aconteceu em 2020, quando Dr. Furlan venceu de virada Josiel, irmão de Davi Alcolumbre, no segundo turno para prefeitura de Macapá. Derrotado dois anos antes, agora o irmão é primeiro suplente do senador amapaense.

As duas famílias trocaram acusações ao longo da campanha. Uma operação da PF (Polícia Federal) fez buscas no endereço de Furlan para apurar supostas compras de votos no pleito de 2020. A ação aconteceu sete dias depois de Rayssa ser confirmada como candidata ao Senado, o que virou motivo para o prefeito acusar Alcolumbre de articular a operação para desgastar a imagem dele e da mulher.

Rayssa também acusou Alcolumbre da prática de "rachadinha" em seu gabinete, publicando em suas redes sociais e propagandas eleitorais trechos de matérias jornalísticas sobre a investigação em relação ao caso. Ele nega as acusações.

Quem é Davi

Nascido em Macapá e de origem judaica, Davi Samuel Alcolumbre Tobelem vem de uma família de comerciantes e está na política desde 2000, quando venceu para vereador de Macapá.

Foi deputado federal entre 2003 e 2015, e ganhou o primeiro pleito ao Senado em 2014. Por outro lado, perdeu para prefeitura de Macapá em 2008, e para governador em 2014.