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Com apoio de Rodrigo Garcia a Bolsonaro, PSDB forma neutralidade sobre Lula

Lula, observado por Rodrigo Maia (PSDB) e Renan Calheiros (MDB), cumprimenta o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, em jantar do Grupo Prerrogativas, em dezembro de 2021 - Reprodução
Lula, observado por Rodrigo Maia (PSDB) e Renan Calheiros (MDB), cumprimenta o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, em jantar do Grupo Prerrogativas, em dezembro de 2021 Imagem: Reprodução

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

04/10/2022 17h21

Num momento em que tucanos históricos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, fazem acenos à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, a Executiva Nacional do PSDB decidiu hoje liberar os diretórios estaduais e filiados para apoiarem a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A deliberação ocorre após o aceno do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao bolsonarismo, e de forma independente do Cidadania, sigla com a qual o PSDB formou federação partidária em torno de Simone Tebet (MDB) no início deste ano.

"Vamos respeitar as decisões daqueles que não concordem com a decisão do partido. O PSDB tem dificuldade de fixar uma norma de apoio nacionalmente. Por isso, decidimos para que cada um dos partidos exerça sua autonomia. Nossa decisão não foi condicionada a coisa alguma", afirmou ao UOL o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

"Não sabemos qual será nossa posição a partir do próximo governo. Muito provavelmente continuaremos fazendo oposição, mesmo que Bolsonaro não seja reeleito. Em quatro anos, Bolsonaro demonstrou total falta de respeito às instituições democráticas. Por causa disso, votaremos no número 13", afirmou ao UOL.

Hoje, o presidente do PSDB em São Paulo, Marco Vinholi, aceitou o pedido de desfiliação apresentado pelo deputado federal Alexandre Frota (SP), que havia ingressado na sigla em 2019, após ter sido expulso do PSL.

No primeiro turno, Lula recebeu 57,2 milhões de votos (48,4%), e Bolsonaro, 51,07 milhões de votos (43,2%). Tebet, candidata do bloco formado por Cidadania, PSDB e MDB, terminou a votação em terceiro lugar, com quase 5 milhões de votos.

Apoio do Cidadania não representação adesão ao PT

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, negou que a orientação para voto em Lula represente uma adesão ao PT. "O atual chefe do Executivo representa valores contrários aos princípios democráticos, ao respeito às diferenças e aos direitos humanos, à defesa da ciência e da vida", afirmou.

"O desprezo de Bolsonaro às minorias, a condução desumana e incompetente da pandemia, que resultou em centenas de milhares de mortos, suas reiteradas tentativas de cercear órgãos de investigação, os ataques à imprensa e a jornalistas, nada disso merece mais quatro anos", afirmou o Cidadania em nota.

Decisão ocorre após apoios de Ciro e do PDT

A declaração de apoio do Cidadania a Lula soma-se à do PDT, de Ciro Gomes.

"Bolsonaro, na nossa opinião, representa o atraso do atraso do atraso desse país, um aspirante a ditador, malversador do dinheiro público, um homem da falsa fé cristã. Nosso trabalho para derrotar Bolsonaro tem que ser a prioridade absoluta. Derrotar Bolsonaro é uma causa nacional, uma causa da pátria, uma causa dos democratas", disse hoje o presidente da sigla, Carlos Lupi.

Em vídeo divulgado em suas redes sociais, o ex-candidato pedetista anunciou que seguirá o entendimento do partido.

"Lamento que a democracia brasileira tenha afunilado a tal ponto que reste para o brasileiro duas opções, a meu ver, insatisfatórias. Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou me ausentarei da luta pelo Brasil. Sempre me posicionei e me posicionarei na defesa do país contra projetos de poder que levaram o país a essa situação grave e ameaçadora", disse Ciro.

Segundo ele, a declaração de apoio não foi condicionada a cargos num eventual governo petista.

"Adianto que não pleiteio e não aceitarei qualquer cargo em eventual futuro governo. Quero estar livre ao lado da sociedade, em especial da juventude, lutando por transformações profundas, como as que propusemos durante a campanha", afirmou.

O candidato do PDT foi o quarto candidato mais votado no primeiro turno das eleições 2022, com 3.599.287 votos, equivalente a 3,04%.