MP diz que deputada bolsonarista eleita usou fundão para fazer harmonização
O Ministério Público Eleitoral no Amapá enviou uma representação ao TRE-AP (Tribunal Regional Eleitoral do Amapá) contra a deputada eleita Silvia Waiãpi (PL-AP) por gasto ilícito de recursos. De acordo com o documento, ela teria usado R$ 9 mil do fundo eleitoral para fazer uma harmonização facial.
A denúncia foi apresentada por Maite Martins Mastop, que disse ter sido coordenadora da campanha de Silvia até as duas se desentenderem. A briga teria acontecido justamente pelo uso de recurso público para fazer o procedimento estético.
Segundo ela, Waiãpi ordenou que ela repassasse parte do pagamento que recebeu para pagar pelo tratamento. Mastop apresentou os comprovantes das transferências ao MPE. Na representação, também consta o recibo do procedimento estético, com o nome de Silvia Nobre (o nome real de Waiãpi).
Em contato com o UOL, a defesa da deputada eleita negou que ela tenha sido intimada e disse estar "sem acesso aos autos do procedimento". Segundo o representante de Waiãpi , a denúncia é "fruto de vingança pessoal e intrigas partidárias, bem como discriminação racial, dada a origem da declarante, manifesta a intenção de ajuizar o competente processo cabível na espécie".
Profissional confirmou que fez procedimento em deputada eleita. O profissional que atendeu Waiãpi foi ouvido pelo MPE e confirmou tanto que o procedimento foi feito quanto o pagamento realizado.
A lei eleitoral não permite que os recursos do fundo sejam usados para nada além de propaganda e pagamento de serviços destinados à campanha.
Na representação, o MPE diz que é "inequívoco" o mau uso dos recursos públicos, e pede que ela seja impedida de assumir o cargo de deputada.
Quem é Silvia Waiãpi
Waiãpi se elegeu deputada federal pelo Amapá no último domingo com 5.435 votos, defendendo que as terras indígenas sejam abertas para obras de infraestrutura e atividades como mineração e agricultura em larga escala. Ela é militar e apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O que aconteceu em 1500 acabou, passou, eu não vivo mais em 1500. Eu vivo em 2022", diz ela, que nasceu na terra indígena Waiãpi, no oeste amapaense.
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