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Leia a integra do quarto bloco do debate na Globo

Do UOL, em São Paulo, no Rio e em Brasília

29/10/2022 00h02

O último debate do segundo turno das Eleições Presidenciais de 2022, entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), acontece nesta sexta-feira (29) na Rede Globo.

No quarto bloco do debate, Bolsonaro escolheu começar falando sobre geração de emprego. Enquanto o presidente pediu a Lula que lhe desse os parabéns por reduzir o desemprego, Lula respondeu que Bolsonaro inclui em sua conta os trabalhadores informais, enquanto, no governo petista, os empregados teriam carteira assinada.

Bolsonaro também comparou o crescimento econômico brasileiro e a queda da inflação no Brasil com outras regiões do mundo, como a Europa, e voltou a colar sua imagem à criação do PIX, originalmente criado pelo Banco Central. Lula respondeu falando dos empregos criados em seu governo.

Leia aqui a íntegra do quarto bloco do debate:

[William Bonner]: De volta com o debate candidatos à Presidência, e este quarto bloco repete as regras do segundo. O candidato vai escolher um tema do painel e vai fazer uma pergunta. O painel já está mostrando os temas disponíveis. Os candidatos vão ter cinco minutos cada para debater o tema que for escolhido. Quem começa dessa vez é o candidato Jair Bolsonaro. Candidato, por favor, o tema e a pergunta.

[Jair Bolsonaro]: Criação de empregos.

[William Bonner]: Pois não. Cinco minutos para cada um dos senhores.

[Jair Bolsonaro]: Mesmo por ocasião da pandemia, o Brasil criou empregos. Só nesse último mês foram 250 mil, uma média muito próxima disso mês a mês. Você disse há poucos dias, Lula, está em fita, que você quer criar emprego para homens e mulheres. Você só não sabe como. O que tu acha do nosso governo criando empregos?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu sinceramente não entendi. Porque ele tá falando pra dentro. Eu não consegui, Bonner, ouvir o que ele falou.

[Jair Bolsonaro]: Posso repetir.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Fala um pouco mais alto.

[Jair Bolsonaro]: Vamos lá.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Fala, assim, sem vergonha. Fala alto.

[William Bonner]: Um minuto, por favor. Vamos parar os dois relógios. A dinâmica do debate prevê cinco minutos para cada um. Não vamos parar o relógio porque um não escutou. Se não escutou, ele vai dizer "Não escutei", o outro repete, o tempo vai correr, gente. Vamos em frente. Por favor. Os assessores mantenham silêncio, por gentileza. Candidatos vamos em frente.

[Jair Bolsonaro]: Vou repetir com relógio parado, é isso?

[William Bonner]: O relógio vai voltar a contar. Por favor, vamos em frente.

[Jair Bolsonaro]: Deixa parado ali.

[William Bonner]: Os senhores fazem questão de quantos segundos, 20?

[Jair Bolsonaro]: Pode deixar como está ali.

[William Bonner]: Vamos lá.

[Jair Bolsonaro]: Vou repetir para ele porque não entendeu. O nosso Governo, em 2020 e 21, criou empregos mesmo com a pandemia. Este ano a média mensal está em torno de 250 mil empregos por mês. E você disse, há pouco tempo, em vídeo, que você queria criar empregos para homens e mulheres, só não sabia como. Que tal você dar os parabéns para mim agora sobre a criação de empregos no Brasil?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: A primeira coisa que o povo brasileiro tem que compreender é que eles mudaram a lógica da medição de emprego. Eles colocaram o MEI como se fosse emprego. Colocaram o emprego informal como se fosse emprego. No meu tempo, a medição de emprego era carteira profissional assinada. Era isso que era que a gente... Agora não. Agora eles inventaram colocar o trabalho eventual, coloca o trabalho informal, coloca o MEI. Eu quero saber emprego geral com carteira assinada, emprego registrado. Porque uma coisa que nós vamos fazer, e quero dizer para o povo brasileiro, é que nós vamos, a partir de janeiro, consertar esse país. Aliás, antes de janeiro, se eu ganhar as eleições, eu vou visitar alguns países do mundo para restabelecer relação. Depois de janeiro, eu vou me reunir com governadores para a gente estabelecer um programa de desenvolvimento para este país. Cada governador vai apresentar pelo menos três obras prioritárias de infraestrutura envolvendo a área da Saúde e da Educação, e nós trabalharemos juntos, de forma harmônica, sem brigar com governador e sem brigar com prefeito. A gente vai trabalhar junto. Esse é o papel de um Presidente da República, é harmonizar a sociedade, é fazer o pacto entre federativo e trabalhar junto. Ficar de fora xingando todo mundo, ofendendo todo mundo, o Brasil não vai pra frente assim. Portanto, eu queria dizer que, se Deus ajudar, e o povo brasileiro quiser, a gente vai consertar esse país para a gente voltar a ser alegre e feliz outra vez.

[Jair Bolsonaro]: Vamos lá, Lula. Há poucas semanas me reuni com 650 Prefeitos de Minas Gerais, com o governador Zema. Também com Caiado aqui em Brasília. Me reuni com quase todos os prefeitos. E assim tem sido em vários estados do Brasil. Por que os Prefeitos me apoiam? Porque eu repassei mais recursos para os prefeitos. Então não brigo com prefeito. Não é verdade o que você está falando. Os prefeitos estão tão bem financeiramente que não se tem notícia de que eles tenham atrasado pagamento ou parcelado o 13º. Estamos muito bem com os prefeitos e, por isso, eles me apoiam. Não tem briga. No teu tempo, faziam romaria a Brasília, de pires na mão, para buscar recursos no teu governo.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu vi uma cena triste esses dias. Vi o Presidente Bolsonaro com o Governador Zema para encontrar com prefeitos, e os prefeitos não apareceram. Sabe por quê? Porque os prefeitos do Brasil sabem que nunca antes na história do Brasil um presidente tratou eles com a dignidade, com o respeito que tratei. Na Casa Civil tinha uma sala de prefeito, cada Caixa Econômica tinha uma sala para atender os prefeitos do interior, e eles não precisavam ficar pedindo favor. Era só apresentar o projeto, a gente atendia. E isso vamos voltar a fazer com governadores e com prefeitos, porque é na cidade que surge o problema, e o Presidente da República precisa entender que o prefeito é uma mola-mestra do desenvolvimento desse país.

[Jair Bolsonaro]: Você de cidade pequena, em especial, procure o teu prefeito e pergunte qual é o tratamento que ele recebe de mim e qual recebia de Lula. Não dá para comparar. Em Teófilo Otoni, lotei a praça lá, mais que o dobro de pessoas que foi no teu comício, e no teu tinha um montão de ônibus lá fora. No meu, tudo orgânico, pessoas que foram para lá de graça, trajando verde e amarelo, cor da esperança do nosso Brasil, e não vermelho de comunismo da tua ideologia, Lula.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Sinceramente, eu vou voltar a dizer para vocês o seguinte. Nós vamos consertar esse país. Nós vamos ter uma política de financiamento para pequenos e médios empreendedores individuais, nós vamos fomentar a criação de cooperativa aos milhares nesse país, porque nós temos que aproveitar a criatividade do povo brasileiro e fazer esse país crescer, fazer as pessoas viverem bem. Nós vamos efetivamente isentar do Imposto de Renda todas as pessoas que ganham até cinco salários mínimos. Nós vamos— Até cinco mil reais. Nós vamos voltar aumentar o salário mínimo todo ano acima da inflação, de acordo com crescimento de PIB. E para vocês terem um exemplo, um exemplo, a economia no governo dele cresce 1%. Metade do que cresce no mundo. No meu, o mundo crescia 2, a economia crescia 4. É por isso que nós geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional, e a gente não contava com bico, biscate, a gente não contava com trabalho eventual como trabalhador contratado, não. Inclusive, vamos reunir os trabalhadores e vamos inclusive rediscutir a CLT para que a gente faça com que os trabalhadores não sejam tratados como escravos. Eles têm o direito, sobretudo, de segurança social, coisa que a gente não tem hoje para quem trabalha na economia informal. Então nós vamos cuidar, você sabe, que eu sei como fazer isso. Aguarde.

[Jair Bolsonaro]: No final do Governo PT, 2015 e 2016, o Brasil perdeu três milhões de empregos. Qual foi a crise? Incompetência, corrupção. O nosso governo enfrentou uma pandemia. O mundo achava que a gente ia cair 9% e caímos 4. No ano seguinte recuperamos. Estamos pronto para decolar, para fazer desse Brasil uma grande nação na economia. Temos o Parlamento perfeitamente afinado conosco. Mais de centro-direita. Tudo acertado para decolarmos. E a economia está sendo o carro-chefe no momento. Uma das melhores economias do mundo. Vamos crescer mais do que a China. Temos inflação menor do que a Europa, menor que os Estados Unidos. O que você quer mais do que isso, Lula? Fala logo que você apoia o que está acontecendo na economia no meu governo.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu, sinceramente, não acredito. Queria pedir desculpa a você, companheiro e companheira, que está assistindo em casa porque é lamentável. É lamentável. Você já viu esse país crescer. Você já viu esse país gerar emprego. Você já viveu o melhor. O que você não pode ficar acreditando em fantasia. Esse ano vai crescer 1% ou menos. O salário dos trabalhadores todos foram rebaixados, a massa salarial caiu, e eu volto a repetir, o salário mínimo não teve nenhum aumento real durante todo mandato desse homem. Ele agora veio aqui com a cara de pau prometer que vai aumentar o salário mínimo. Não vai. Não vai. Não vai como não aumentou. Não vai sequer aumentar o dinheiro para a merenda escolar. Então, companheiros e companheiras, eu tenho fé em Deus que no dia 30 você vai comparecer para votar e a gente vai consertar esse país e você vai voltar a ser feliz outra vez.

[Jair Bolsonaro]: Você aí tem Pix? Que maravilha, hein. Foi o nosso governo. Não tem taxação do Pix. Quantos de vocês viraram MEI com o Pix? A inflação tá negativa? Veja no mercado caindo o preço dos produtos da cesta básica. Você estudante que estava devendo para o Fies, anistiamos 99% da sua dívida. Você nordestino, não tinha água? Tá chegando água no Nordeste. É o nosso governo que está fazendo tudo isso. A costa do Nordeste está um oásis para produção de energia limpa, eólica. Tá tudo certo, o país tá indo para frente. Você de Minas Gerais, vamos começar fazer agora o metrô de BH no mês de dezembro. Dois mil e oitocentos meu, quatrocentos do Zema. Você vai ter metrô em BH, e não vai mais ouvir falar de metrô lá em Cuba. Você que é tão preocupado, e com razão, com a cota 762 no Lago de Furnas, está resolvendo esse assunto. Você que está no Vale do Jequitinhonha, já está tudo certo, vai começar a explorar lítio aí, criando milhares de empregos para vocês. Você de Roraima, já começamos fazer o Linhão de Tucuruí. Obras dez anos parada. Você do Ceará, Santa Quitéria, vai começar explorar urânio. Tá tudo resolvido por nós. Quando nós privatizamos a Eletrobras, que ela ia quebrar, conseguimos recursos para revitalizar a bacia lá das nascentes do São Francisco para garantir água para o Nordeste. Já caiu 30% o número de caminhões pipa no Nordeste depois da transposição que fizemos. Não foi ele, não. Ele transpôs dinheiro para o bolso dele e da turma dele. Nada mais além disso. Estamos começando a fazer a usina nuclear 3. Angra 3. Assim não dá, né? Ele faz para tirar a minha atenção. Petista aí.

[William Bonner]: Pode retomar, candidato. Vamos dar ao senhor dez segundos.

[Jair Bolsonaro]: Vamos terminar Angra 3, de verdade. Estamos inclusive os royalties lá das eólicas vai para o Auxílio Brasil e para a conta de energia dos mais pobres. Esse é nosso governo.

[William Bonner]: O senhor ainda tem dez segundos, candidato. O senhor abre mão? Ok.

[Jair Bolsonaro]: Posso falar?

[William Bonner]: O senhor tem dez segundos.

[Jair Bolsonaro]: Aqui local é apropriado. Deus, pátria, família e liberdade. Obrigado, meu Deus, por esse momento.

[William Bonner]: Muito bem. Quem faz a pergunta agora é o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, com base no nosso tema. Vamos ver os temas disponíveis, então. Equilíbrio das contas públicas, meio ambiente e racismo. Candidato.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu queria perguntar para o preside— o candidato Bolsonaro sobre a questão do clima.

[William Bonner]: Meio ambiente, portanto?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: A questão do meio ambiente.

[William Bonner]: Ok, cinco minutos para cada um dos senhores.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: É que hoje em dia não se fala mais meio—hoje não se fala mais só meio ambiente, hoje se fala a questão climática. E eu queria perguntar para o senhor candidato: até quando o senhor vai continuar a política de desmate nos biomas brasileiros, sobretudo na Amazônia? Até quando? Essa é a pergunta.

[Jair Bolsonaro]: Então vamos lá. Na última tu já se deu mal comigo, que você desmatou mais do dobro, nos seus quatro anos, do que meus quatro do lado de cá. Vamos agora: queimada no bioma Amazônia. No teu Governo, 430 mil quilômetros quadrados por ano. Tá aqui, tá? Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE. No meu governo, 195. 430 mil no teu, 195 no meu.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ainda bem—

[Jair Bolsonaro]: Quem tratou melhor-- Deixa eu terminar, Lula. Quem tratou melhor a questão do clima?
[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ainda bem que eu--

[Jair Bolsonaro]: Olha, o clima não é só Amazônia. Tem a ver também com outras questões que nós vamos discutir aqui. Mas o que tu acha do teu desmatamento e do meu?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ainda bem que eu trouxe a Marina Silva nesse debate e ela foi minha ministra, e possivelmente foi a ministra que mais ganhou respeitabilidade no mundo com relação à questão de clima. O candidato sabe que nós reduzimos o desmatamento da Amazônia, durante uma década, em quase 80%, enquanto a agricultura crescia em média 2%. Nós evitamos lançar na atmosfera cinco bilhões de toneladas de CO2. Nós pegamos 1.500 empresas clandestinas de madeira e fechamos. Mais de um milhão de metros quadrados, cúbicos de madeira ilegal, e você tinha um ministro vendendo. Várias organizações criminosas foram descobertas, desarticuladas e as pessoas foram presas, 659 pessoas foram presas, incluindo funcionários públicos federais e estaduais. Tomou do Brasil— O Brasil se tornou altamente respeitado na questão ambiental, porque a gente fez cinco institutos dos biomas para cuidar de todos, sem distinção. E eu quero aproveitar e fazer a pergunta e dizer o seguinte: nós vamos acabar com as queimadas e com invasão em terras indígenas, e muito menos com garimpo em terra indígena.

[Jair Bolsonaro]: Vamos lá. Números. PRODES. Vamos falar agora de desmatamento. Dá pena debater com o? com o cidadão ali, não é? O rei da mentira. Desmatamento governo Lula: 20 mil quilômetros quadrados por ano. No nosso Governo está alto, mas está 11 mil quilômetros quadrados por ano. Metade, praticamente. Tem que diminuir mais? Tem que diminuir mais, e estamos nos esforçando para isso. Agora, Lula? eu estou cansado de falar aqui: para de mentir, Lula. Não dá para comparar com números o teu governo e o meu. Você promete tudo agora, como você disse lá atrás. Lá atrás: "Depois que assumimos, vimos que tínhamos que fazer diferente daquilo que havíamos falado lá atrás". Você está fazendo a mesma coisa agora, Lula.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Sabe qual é a minha sorte? A minha sorte é que o povo sabe. A minha sorte é que os especialistas sabem, a minha sorte é que o pessoal que cuida do mundo ambiental sabe a diferença entre o meu governo e o dele. Portanto, eu não vou ficar discutindo os números invisíveis que ele traz, que eu nem sei qual é a fonte.

[Jair Bolsonaro]: Ué? Dei a fonte para você aqui. Dei a fonte para você. Se quiser, depois do evento aqui, discutir com todos os jornalistas, com tempo, eu discuto sem problema nenhum. O Brasil, dois terços do seu solo aqui está preservado. Está da mesma forma como Pedro Álvares Cabral chegou aqui. Tem coisa errada? Tem. Estamos buscando aperfeiçoar. Hoje, quem trata da questão do desmatamento e foco de calor é o Ministério da Justiça, e tem programas que têm levado a bom termo a questão ambiental no Brasil. O Brasil é um exemplo para o mundo, como vai ser agora na geração da energia eólica. Vamos construir, na costa do Nordeste — já começou a construção —, o equivalente à geração de energia de 50 vezes Itaipu! O Brasil é uma potência no agronegócio. O agro não é fascista, não, ô Lula, que você vive falando por aí. O agro é uma coisa fantástica no Brasil, e vamos agora ser referência para exportação de energia limpa lá na Costa do Nordeste. Quem deu as condições para isso? O meu governo.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Parece que somente agora ele aprendeu o que é energia limpa. Ele não sabe que a primeira usina de eólica foi a companheira Dilma Rousseff que fez, na cidade de Osório, no Rio Grande do Sul. Ele não sabe que fomos nós que fizemos os primeiros leilões de eólica, de solar, de biomassa. Ele não sabe que agora já está discutindo, inclusive, hidrogênio verde, no Ceará, na Bahia, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte. Ele sabe de tudo isso porque alguém disse para ele vir para o debate. Ele nunca se preocupou com isso. Quem se preocupou com isso e fez grandes leilões foi esse ser humano aqui, que governava o Brasil, e o povo brasileiro e os especialistas nos ajudaram a fazer. Por isso, eu acho que o Brasil precisa caminhar para a energia limpa mesmo, inclusive nós vamos fazer muito mais.

[Jair Bolsonaro]: Meio ambiente tem que ver com saneamento também. Já reduzimos 800 lixões no Brasil, e quando votamos o marco do saneamento, acredite, nós votamos o marco do saneamento para que cem milhões de pessoas, até 2035, tenham esgoto e água tratada, o PT votou contra! O PT votou contra o marco do saneamento! Quem é prejudicado com isso? Os pobres, que vivem nas comunidades, apertados. Os filhos pisando ali no esgoto a céu aberto. Ele votou contra. Já eliminamos centenas de lixões pelo Brasil; e até 2035 cem milhões de pessoas terão água tratada e esgoto também. Lula, esse é o meu Governo, Lula. Não é Governo de gogó, não, que só fala que vai fazer. Você não fez nada lá atrás, não vai fazer nada para frente também.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Uma coisa que o povo brasileiro tem que compreender é que há uma diferença entre os dois governos. É só você saber como era o Brasil no meu tempo. Só você saber como você vivia, só você saber que depois de 140 anos, eu fiz a transposição do São Francisco. Ele fez 2% e acha que foi ele que fez. Nós fizemos 80% da BR-163, ele fez 2%, acha que foi ele que fez. Nós fizemos 2.700 quilômetros de ferrovia, ele não fez nem um trilho, e acha que foi ele que fez. Eu se fosse você, pediria para o Ministério do Planejamento, que você deve ter acabado, para lhe dar um pouco do que nós fizemos nesse Brasil, para você pelo menos copiar um pouco e aprender o que é investimento em infraestrutura.

[Jair Bolsonaro]: Bem, com essas eólicas offshore na costa, nós vamos reindustrializar o Nordeste e criar milhares de empregos, de verdade, na região. Nós temos mais que um carinho, nós temos um trabalho para o povo nordestino. Dizer também, o tema não é esse, mas termo usado "taxação" do sol. Nós impedimos isso. Cresceu quase uma Itaipu do ano passado para este ano a geração de energia solar caseira, residencial. Por quê? Nós isentamos impostos, placas fotovoltaicas e quase tudo para instalação dessas placas no telhado de casa. Ou seja, fizemos a nossa parte, Lula, investimos em energia limpa pra valer.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Tudo o que ele quer fazer o PT já fez. Tudo que ele quer fazer, nós já colocamos em prática. O que você precisa aprender é que nós vamos fazer muito mais coisa neste país. Este país vai ter que voltar a crescer, gerar emprego, distribuir renda. As pessoas vão voltar a comer carne. As pessoas vão poder ir ao supermercado comprar comida para comer, coisa que não conseguem hoje. É isso que você tem que reparar. Não é ficar tentando fazer um discurso sem pé e sem cabeça aqui. No mínimo, você quer agradar a tua bancada ali na tua frente.

[Jair Bolsonaro]: Lula, comer carne... Você lançou esse factoide aí de picanha. A média do Bolsa Família, no teu governo, comprava três quilos e meio de picanha. No meu, compra nove quilos. Olha a diferença, Lula. Que diferença! Vem para cá, Lula. Dá os parabéns aqui.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu queria, mais uma vez, pedir desculpa a você que está em casa, a você que está sentado no sofá, com a sua mulher, com os seus filhos, esperando alguma coisa diferente, mas lamentavelmente você não ouviu, porque um presidente que deveria vir aqui dizer o que ele fez, ele só sabe fazer provocação. Não tem nada de real.

[William Bonner]: Tempo esgotado. Lembrando que ao longo deste debate ambos os candidatos fizeram pedido de exercer direito de resposta, mas os dois pedidos foram negados. É o fim do quarto bloco. No próximo, os candidatos vão fazer as considerações finais. Até já!

*Participaram desta cobertura: Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Beatriz Gomes, Felipe Pereira, Herculano Barreto Filho, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy, Letícia Mutchnik, Lucas Borges Teixeira, Stella Borges, Saulo Pereira Guimarães e Wanderley Preite Sobrinho. No Rio de Janeiro: Lola Ferreira. Em Brasília: Camila Turtelli, Leonardo Martins e Paulo Roberto Netto. Colaboração para o UOL: Amanda Araújo e Pedro Villas Boas.

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