Fim da eleição: as diferenças nas campanhas de rua de Lula e Bolsonaro
O UOL rodou o país para acompanhar as campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República. De junho a outubro, a reportagem percorreu 24 cidades, em 14 estados.
Esta é uma das eleições mais polarizadas da história, com o primeiro turno, em 2 de outubro, o mais acirrado da democracia brasileira. Lula teve 48,4% dos votos válidos; Bolsonaro, 43,2%. Já a soma de todos os demais candidatos e o percentual de brancos e nulos foram os menores já registrados.
Desde então, nas quatro semanas até o segundo turno, pesquisas de intenção de voto mostraram um cenário de grande estabilidade, apesar de graves crises na campanha de Bolsonaro, como o episódio com as mulheres venezuelanas e o ataque com fuzil e granadas de Roberto Jefferson, aliado do presidente, a policiais federais.
Neste domingo (30), quando o próximo presidente será escolhido, o UOL compara oito itens das campanhas dos candidatos.
Principais temas dos discursos
O presidente Bolsonaro tentou fazer da campanha "uma luta do bem contra o mal", considerando a esquerda um inimigo maléfico. Criticou Lula e os regimes de esquerda na América Latina, dizendo sempre que deseja que o "povo não sofra as dores do comunismo". Também reforçou pautas de costume em geral.
Já Lula destacou o aumento da pobreza e da fome durante o governo Bolsonaro. Também recordou programas implementados nos seus dois mandatos e nos dois de sua sucessora, Dilma Rousseff. Acusou o adversário de promover um clima de ódio político no Brasil e prometeu restaurar a esperança.
Tempo de fala e regiões mais visitadas
Tanto Lula quanto Bolsonaro costumam falar ao final das agendas, depois de outros apoiadores. O petista leva mais tempo: em média, 40 minutos. O presidente, por sua vez, faz discursos mais curtos, com cerca de 15 minutos.
Bolsonaro e Lula tiveram grande concentração de agendas de campanha nas regiões Sudeste e Nordeste, que somam 70% do eleitorado que votou no primeiro turno. À exceção de Brasília, o petista não teve agendas no Centro-Oeste, um forte reduto bolsonarista.
Companhia das esposas
Rosângela da Silva, a Janja, mulher de Lula, é presença obrigatória nos eventos de campanha do petista e tem um papel importante na organização: ajuda a escolher destinos e palpita na agenda. No palco, costuma cantar um dos jingles de apoio ao petista.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro teve muito mais destaque na campanha de 2022 do que na de 2018. Ainda assim, participou de poucas viagens ao lado do presidente e fez um tour próprio no Nordeste com a ex-ministra Damares Alves, eleita senadora no DF.
Presença dos candidatos a vice e de outros políticos
O candidato a vice na chapa de Bolsonaro, General Braga Neto, participou de poucos compromissos de campanha com o presidente. Já o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, candidato a vice de Lula, acompanhou o petista na maioria das viagens no primeiro turno.
Correligionários dos candidatos também se avolumam nas agendas. No lado de Bolsonaro, um destaque é Nikolas Ferreira (PL-MG), eleito deputado federal com a maior votação do país. Nos eventos de Lula, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e André Janones (Avante-MG), também eleitos para a Câmara dos Deputados, participam de alguns eventos.
Figurino
A vestimenta dos candidatos a presidente é bastante diferente. Bolsonaro geralmente veste camisas de manga curta com as cores da bandeira - verde, amarelo ou azul. Por baixo, usa colete à prova de balas.
Lula, por sua vez, se veste despojado com camisetas, jeans e tênis. Costuma evitar a cor vermelha, símbolo do PT. Quase não usa colete à prova de balas, mas é acompanhado por um policial federal com pasta balística, que pode ser usada como escudo de proteção.
Execução do hino
O hino nacional é tocado nas campanhas dos dois candidatos. Na de Lula, costuma ser cantado por mulheres negras, enquanto na de Bolsonaro é tocado o arranjo tradicional, muitas vezes seguido de orações.
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