Lula apressou discurso de vitória para evitar ataques a resultado das urnas
18h44. Geraldo Alckmin (PSB), agora vice-presidente eleito, olha apreensivo para a televisão junto a outros coordenadores da campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quando a apresentadora anuncia a virada na apuração sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) a sala de reuniões no subsolo de um hotel em São Paulo vem abaixo.
A apuração da campanha em um hotel de luxo próximo à avenida Paulista, região central da capital, começou com clima de tensão e acabou em euforia e sensação de alívio. Teve de choro do deputado Márcio Macedo (PT-SE) e pulos entusiasmados da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Lula acompanhava o resultado em casa, na zona oeste da capital paulista, com a esposa Janja da Silva e alguns assessores. Chegou ao hotel por volta das 20h30 e não demorou para fazer discurso à nação e à imprensa em prol de solidificar a vitória.
Sem perder tempo. Lula chegou ao hotel com a esposa, recebeu beijos e abraços de apoiadores, algumas poucas ligações —nenhuma delas do adversário derrotado ou de seu grupo— e correu para o auditório onde esperava a imprensa.
Os petistas não queriam perder tempo para anunciar a vitória e mostrar Lula fazendo um pronunciamento à nação. A campanha já esperava que Bolsonaro fosse demorar para se pronunciar elogiando Lula ou reconhecendo o resultado, mas não sabia se ele ou apoiadores poderiam, de bate pronto, passar a questionar o resultado das urnas.
Com discurso sóbrio, propositivo e sem poupar críticas a Bolsonaro, o objetivo de Lula era indicar estabilidade democrática e mandar a mensagem: vencemos, vamos assumir.
Da tensão ao alívio. A cúpula petista se reuniu em um dos hotéis mais usados pela campanha durante a eleição, estrategicamente posicionado próximo à região do Masp (Museu de Arte de São Paulo), onde Lula deverá fazer discurso para o povo.
Presentes, o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, coordenador de comunicação da campanha, a presidente petista Gleisi Hoffmann entre outros começaram a tarde tensos.
Na imprensa e nas redes sociais, dezenas de denúncias de operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) atrapalhando eleitores de votar em especial em redutos lulistas. O partido já tinha entrado na Justiça.
Em falas apressadas, todos se diziam confiantes com a vitória, mas esboçavam preocupação sobre o feito de uma possível abstenção em áreas específicas poderia ter sobre uma votação tão apertada.
A tensão foi se dissipando à medida que as urnas foram abrindo e a distância em relação a Bolsonaro não era maior do que dois pontos. Havia uma expectativa que até os 50% seguisse em cerca de dez pontos e só houvesse a virada em volta dos 80% de urnas apuradas.
Não foi o que aconteceu. Às 18h44, bem antes do previsto, Lula passou Bolsonaro em alguns décimos e a sala no subsolo do hotel começou a gritar "Olê olê olê olá, Lula Lula".
Com o placar apertado, outros membros da campanha, como o marqueteiro Sidônio Palmeira, foram chegando aos poucos, à medida que o resultado se solidificava. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) chegou sozinha, minutos antes da finalização numérica.
Dancinhas, pulinhos e provocação. Com o resultado fechado, as músicas da campanha começaram a tocar alto no hotel. A principal pedida? O hit "Tá na Hora do Jair", que chegou ao topo das paradas do Spotify na última semana.
Macêdo, o deputado André Janones (AV-MG) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), dançavam animados fazendo o "L" com as mãos. Até Alckmin, conhecido por sua postura comedida, dançava e pulava junto à esposa Lu Alckmin.
Dilma também extravasou. Ela chegou um pouco mais tarde, também a minutos do resultado ser consolidado. Com o número cravado, a ex-presidente chorou e, aos pulos, gritava o nome do companheiro de partido.
Entre os petistas, a principal sensação era de alívio. "Acabou" foi a frase mais gritada entre os apoiadores.
Também havia uma provocação em relação à campanha de Bolsonaro, com um resultado muito mais apertado do que a campanha petista previa antes do primeiro turno, apoiadores brincavam: "Sabe como irrita um adversário? Ganhando de pouquinho".
Os apoiadores diziam ainda que o presidente deu "tiro no pé atrás de tiro no pé" e não conseguiu ganhar "nem com o maior uso da máquina da história".
Agora, é iniciar os trabalhos de transição, dizem eles, de olho no que e como Bolsonaro deverá agir nesses dois meses.
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