Boulos x Nunes x Marçal: Candidatos miram seus rivais no 1º ato de campanha

O primeiro dia de campanha eleitoral em São Paulo foi marcado por críticas entre os candidatos com caminhadas pelas periferias e na região central.

O que aconteceu

Guilherme Boulos (PSOL) direcionou críticas ao candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), que mirou em Pablo Marçal (PRTB). O psolista usou boa parte do discurso para falar mal da atual gestão e do vice do emedebista, o coronel Mello Araújo (PL). Ele também manteve elogios as gestões do PT na prefeitura — apesar do partido não ter conseguido reeleger nenhum dos postulantes, a ideia da campanha é tentar colar a imagem de Boulos nas administrações petistas na cidade.

Após elogios de Bolsonaro (PL) para Marçal, Nunes criticou o empresário e disse que eleição não é "jogo de videogame". Mais tarde, em outra agenda de campanha, o prefeito minimizou os elogios do ex-presidente ao empresário. "Às vezes dá um ruidinho de interpretação. A gente está unido. Eles nos disse que foi mal interpretado e ele nos disse que é 100% com a gente", disse. O efeito Marçal pode tirar votos no campo bolsonarista do candidato à reeleição — já houve pedido de aliados de Nunes para que ele acene mais a esse eleitor.

Bolsonaro falou em entrevista à rádio que Nunes não é seu "candidato dos sonhos" à prefeitura. "Lá tem a figura nova do Pablo Marçal, que fala muito bem, é uma pessoa inteligente, tem as suas virtudes. Não tem experiência, mas faz parte", afirmou o ex-presidente na quinta-feira (15).

Sem citar nominalmente o candidato do PRTB, Boulos disse que não iria cair em "jogo rebaixado, de quem quer rolar na lama". "Quero ser prefeito de São Paulo, não quero ser especialista em internet", afirmou após ser questionado do engajamento de Marçal nas redes sociais. Sobre uma possível divisão de votos bolsonaristas, o deputado ressaltou que "é um problema do Ricardo Nunes".

Diferentemente da postura nos debates, Marçal não focou em ataques aos adversários. Ele gastou o tempo na rua para posar para fotos, principalmente, e distribuiu adesivos com o slogan da campanha "Faz o M". A carteira de trabalho usada em confronto com Boulos virou objeto pedido por apoiadores para fazer selfies.

Segundo o empresário, Bolsonaro vai apoiá-lo em um eventual segundo turno. O candidato garantiu que o ex-presidente, entretanto, teria deixado claro que deu sua palavra ao prefeito para a primeira etapa da votação. Marçal teve agenda na zona leste e finalizou com uma caminhada na 25 de Março, onde foi recebido como celebridade.

O apresentador José Luiz Datena (PSDB) foi o único candidato que fez agenda fora de São Paulo. Ele foi ao ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no Vale do Paraíba, a 168 km da capital. "Só venho agradecer, não peço absolutamente nada. Agora a única coisa que eu peço é a proteção a todo o povo brasileiro", disse.

Tabata Amaral (PSB) fez a primeira agenda em frente a uma escola na Brasilândia, zona norte. A unidade foi escolhida por ter o pior desempenho no Ideb 2023, principal indicador da educação no país, entre as escolas da cidade. Ela conversou com mães de alunos e depois encontrou costureiras.

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O que os candidatos falaram

Tenho muita tranquilidade de sempre ter defendido aquilo em que acredito e de nunca ter mudado de posição por conta de uma questão eleitoral.
Nunes em menção direta a Marçal, que não apoiou Bolsonaro em 2022

Tem gente que ficou três anos e meio no cargo e só veio aparecer agora, na véspera de eleição, para fazer obra mal feita, superfaturada.
Boulos em crítica ao atual prefeito

No nosso tracking, eu passei pela primeira vez o Nunes e o Boulos, não vou falar o número que porque [o levantamento] não foi registrado.
Marçal

Já alertei para a política que financia candidatos. Se elegem até para cargos de Executivo.
Datena sobre interferência de Pablo Escobar na política

São Paulo precisa de uma gestão que coloque a periferia no centro: no centro das atenções, das políticas públicas, no centro da atuação da Prefeitura.
Tabata Amaral

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