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Entenda como funciona o bloqueio à faixa de Gaza

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

10/06/2010 17h35

Israel suavizou hoje o bloqueio imposto a Gaza ao permitir a entrada pela primeira vez nos últimos três anos de alimentos, como bebidas não-alcoolicas, marmelada e doces, anunciou Raed Fatuh, do Ministério da Economia do Executivo do Hamas na faixa. "Israel informou que decidiu aumentar a quantidade de produtos na faixa e permitirá nesta semana a entrada de sucos, frutas em conserva, biscoitos, aperitivos e batatas fritas", disse o muçulmano à imprensa.

No entanto, o país continua proibindo a importação de cimento, matéria-prima para a indústria e a agricultura, madeira, eletrodomésticos, máquinas elétricas, televisores e transistores, entre outros.

O que é o bloqueio
A faixa de Gaza vive sob bloqueio imposto por Israel desde que o grupo islâmico Hamas venceu as eleições e assumiu o controle da região, em junho de 2007. Israel quer enfraquecer o Hamas, pôr fim a seus ataques com foguetes contra cidades israelenses e resgatar o soldado Gilad Shalit. Mas muitas agências de ajuda humanitária dizem que a política serve apenas para punir civis.

A Anistia Internacional chamou o bloqueio de "punição coletiva" que resulta em uma "crise humanitária"; funcionários da ONU descreveram a situação como "preocupante" e como "sítio medieval", mas Israel diz que não há desabastecimento em Gaza, justificando que permite, sim, a entrada de ajuda no território.

O que entra e o que sai
Na maior parte dos três anos desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza, os 1,5 milhão de pessoas da região contam com menos de um quarto do volume de importações que recebiam em dezembro de 2005. Em algumas semanas, muito menos do que isso chega à região, apesar de as importações em 2010 terem atingido entre 40% e 45% dos níveis pré-bloqueio.

Na esteira da chegada do Hamas ao poder, Israel afirmou que permitiria apenas a entrada de suprimentos humanitários na faixa de Gaza. O país tem uma lista de itens que poderiam ser usados para fabricar armas, como canos de metal e fertilizantes.

Esses itens não podem entrar, à exceção de "casos especiais humanitários". Não foi publicada, entretanto, qualquer lista do que pode ou não pode entrar em Gaza, e os itens variam de tempos em tempos.

A lista da agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos, a UNRWA, tem itens de uso doméstico que tiveram entrada proibida várias vezes, como lâmpadas, velas, fósforos, livros, instrumentos musicais, giz de cera, roupas, sapatos, colchões, lençóis, cobertores, massa para cozinhar, chá, café, chocolate, nozes, xampu e condicionador.

Muitos outros artigos - que vão de carros e frigideiras a computadores - quase sempre têm entrada recusada.

Materiais de construção como cimento, concreto e madeira tiveram entrada quase sempre proibida até o começo de 2010, quando uma pequena quantidade de vidro, madeira e alumínio foi autorizada.

Durante os seis meses de trégua entre Israel e Hamas que começaram em junho de 2008, e no começo de 2010, o volume e a gama de bens que entram em Gaza aumentaram um pouco, com a chegada de caminhões de sapatos e roupas.

Israel diz que o Hamas desviou ajuda no passado, e que poderia se apropriar de materiais de construção para seu próprio uso. Agências de ajuda respondem afirmando que têm sistemas de monitoramento rígidos em vigor.

Desde então, o Estado judeu só tinha permitido o acesso de 25 a 150 tipos de alimentos e materiais básicos a Gaza, com o argumento de que as milícias palestinas poderiam utilizar as mercadorias proibidas para fins militares.

*Com agências internacionais