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Cerca de 980 mil estão desabrigados ou desalojados no Paquistão, afirma ONU

Medain é uma das cidades mais atingidas pelas inundações; VEJA MAIS FOTOS DA TRAGÉDIA - A Majeed/AFP
Medain é uma das cidades mais atingidas pelas inundações; VEJA MAIS FOTOS DA TRAGÉDIA Imagem: A Majeed/AFP

Do UOL Notícias <br> Em São Paulo

02/08/2010 19h03Atualizada em 02/08/2010 19h08

Cerca de 980 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas no Paquistão em decorrência das inundações que castigam o país, informou nesta segunda-feira (2) a ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo a organização, esse número pode chegar a um milhão.

“Depois de uma rápida avaliação realizada pelo Programa Alimentar Mundial da ONU em quatro distritos do país -- Nowshera, Charsadda, Mardan e Peshawar-- pudemos afirmar o alto número de desabrigados ou desalojados”, indicou o Ocha (Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU).

De acordo com a ONU, desabrigados são as pessoas que perderam suas casas e estão em algum abrigo público, enquanto os desalojados saíram de suas casas --sem necessariamente tê-las perdido-- e estão em casas de parentes ou amigos.

As inundações estão entre as piores em 80 anos e já deixaram um balanço de mais de 1.200 mortos e 1,5 milhão de afetados.

"Agora precisamos urgentemente não apenas de alimentos, mas também de meios para cozinhá-lo como conjuntos de panelas ", afirmou o diretor do Crescente Vermelho do Paquistão, Muhammad Ateeb Siddiqui.

Segundo a organização, a preocupação com o risco de surtos epidêmicos, inclusive com a dengue, aumentou e a alta contaminação da água depois das enchentes tem potencial para gerar sérios problemas de saúde pública. "Em um país onde desastres naturais são comuns, esta crise tem uma dimensão própria, já que muitas pessoas perderam literalmente tudo o que tinham”, afirmou o Crescente Vermelho por meio de um comunicado.

"Calculamos que cem mil pessoas, na maioria crianças, tenham sido afetadas pelo cólera ou por doenças gástricas", disse Syed Zahir Ali Shah, ministro da Saúde da província de Khiber Pajtunjua (noroeste). "Nossa prioridade imediata é evacuá-los para locais seguros e depois dar-lhes cuidados sanitário", disse, acrescentando que várias equipes médicas já tinham sido enviadas de helicóptero para as áreas afetadas.

As chuvas causaram fortes inundações e deslizamentos de terra, destruindo milhares de casas e devastando terras agrícolas em uma das regiões mais pobres do Paquistão, já castigada pela violência atribuída aos insurgentes talebans e a grupos vinculados à Al-Qaeda.

Doações

Diante da magnitude da catástrofe, as ofertas de ajuda começaram a chegar. O governo americano prometeu ontem uma ajuda de dez milhões de dólares e o envio de helicópteros, botes, água e artigos de primeira necessidade.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, também se comprometeu em ajudar com até US$ 10 milhões, enquanto a China --também castigada por inundações-- anunciou que contribuirá com US$ 1,5 milhão.

A Comissão Europeia anunciou no sábado a liberação de 30 milhões de euros em ajuda humanitária para o país.

Afetados

"Minha família encontrou refúgio em uma escola, mas não recebemos nem água potável, nem comida, nem medicamentos", disse à AFP Fahimud Din, comerciante de 27 anos da região vizinha a Peshawar.

"Meu filho está doente de cólera, mas não há médicos", acrescentou.

O exército e o Centro Nacional de Gestão de Catástrofes, encarregados das operações, destacaram ter socorrido mais de 28.000 pessoas na província de Khiber Pajtunjua.

Segundo as mesmas fontes, 29.529 lares foram destruídos no noroeste.

Os serviços paquistaneses de meteorologia destacaram que estas foram chuvas "sem precedentes" e anunciaram que, durante as próximas duas semanas, pode-se esperar uma precipitação de até 200 milímetros na região.