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Irã confirma condenação à morte de Sakineh, mas descarta apedrejamento

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

27/09/2010 16h48Atualizada em 27/09/2010 17h01

O procurador-geral do Irã, Gholam-Hossein Mohseni-Ejei, afirmou nesta segunda-feira (27) que a viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada à morte por participação no assassinato do marido, indicando que tal sentença precede a questão do adultério.

“De acordo com a decisão da corte, ela foi condenada por assassinato e sua sentença à morte tem prioridade sobre sua punição [por apedrejamento pelo adultério]”, afirmou Mohseni-Ejei, em coletiva de imprensa, de acordo com a agência de notícia iraniana Mehr.

A agência de notícias acrescenta que, de acordo com as afirmações do procurador-geral, Ashtiani não será apedrejada por infidelidade porque antes será executada por envolvimento em homicídio.

“A questão não deve ser politizada e o judiciário não será influenciado pela campanha midiática lançada pela imprensa ocidental”, acrescentou o procurador-geral, que também é porta-voz do judiciário iraniano.

Execuções

De acordo com a Anistia Internacional, o Irã é o segundo país que mais executa condenados no mundo, atrás apenas da China. Segundo o último levantamento do órgão, o país governado por Mahmoud Ahmadinejad matou 388 pessoas em 2009 e é o líder em execuções no Oriente Médio.

Assassinato, adultério, roubo armado, apostasia e tráfico de drogas são crimes puníveis com a pena de morte pela lei islâmica do Irã, implementada desde a Revolução de 1979.

A morte por apedrejamento foi sentenciada muitas vezes depois de 1979, mas só foi oficializada no Código Penal do país em 1983. Até 1997, pelo menos dez pessoas foram mortas nessa modalidade por ano, segundo dados da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.

O ex-presidente moderado Mohammad Khatami conseguiu reduzir a aplicação da punição, mas a sentença voltou a ser usada mais frequentemente depois que Ahmadinejad chegou ao poder.

Nas condenações por apedrejamento no Irã, as mulheres são enterradas até o busto e homens atiram pedras pequenas o bastante para não matar rapidamente. No caso dos homens, eles são enterrados até a cintura, com os braços livres para que possam se defender.

*Com informações da agência Mehr