Retirada de minas terrestres viabiliza investimentos em infraestrutura na África
A retirada das minas terrestres de uma área de 15 mil hectares próxima à fronteira da Namíbia com Angola vai tornar possível uma nova ligação elétrica entre os dois países. A instalação da rede de transmissão entre Onuno, na Namíbia, e Ondjiva, em Angola, depende agora da expedição de um certificado que ateste que a área está livre de minas.
Segundo a Empresa Nacional de Eletricidade, de Angola, resta apenas sair o aval para uso de um trecho de dez quilômetros, em território angolano, entre Namacunde e Santa Clara. De acordo com a agência Angoop, o documento deve ser expedido em 15 dias, pela Comissão Nacional Inter-Sectorial de Desminagem e Assistência Humanitária. A fiscalização já foi concluída.
As várias guerras civis no continente deixaram como herança milhares minas terrestres em muitos países africanos. As bombas continuam sendo uma ameaça, mesmo anos depois da chegada da paz. Só no lado angolano da fronteira com a Namíbia, 815 artefatos explosivos foram localizados e desarmados entre janeiro e setembro. No começo de outubro, mais de 500 explosivos não detonados foram destruídos na região sul da província de Cunene.
Na Argélia, no Norte da África, mais de 10 mil minas do período colonial foram encontradas em setembro. Um campo minado foi localizado à volta de uma velha linha de transmissão de energia que unia o país à Tunísia, nas proximidades da cidade de Bir El-Ater. Desde a independência da França, em 1962, a Argélia já desarmou e destruiu mais de 500 mil minas só do tipo antipessoais.
Em Moçambique, oito pessoas morreram em explosões de minas no primeiro semestre deste ano. A desminagem começou um ano depois do fim da guerra civil, em 1992 e, segundo o Departamento de Estudos e Planificação do Instituto Nacional de Desminagem, deve estar concluída em 2014. Nos primeiros anos do processo, os acidentes chegavam a 300 por ano. Hoje, não chegam a 20.
A Agência Brasil acompanhou a desminagem de uma área no sul de Moçambique em agosto deste ano. A desminagem é naturalmente lenta. O processo começa com a captação de informações nas comunidades, para delimitação do espaço a ser limpo. As áreas indicadas pela população são cercadas e limitadas por estacas. Metro a metro, desminadores vasculham o chão, munidos de sapadores (uma espécie de detector de metais), equipamento de proteção pessoal e muita paciência. O país ainda tem que desminar praticamente toda a fronteira Oeste, na divisa com o Zimbábue, de cerca de 2 mil quilômetros de extensão.
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