Topo

A sete dias da eleição, oposição argentina reforça ataque à gestão Kirchner

Andréia Martins<br>Enviada especial do UOL Notícias<br>Em Buenos Aires

17/10/2011 07h01

Na última semana da campanha presidencial na Argentina, os candidatos devem deixar de fazer críticas entre si para mirar na favorita, a atual presidente Cristina Kirchner, numa estratégia ao estilo tudo ou nada. A votação será realizada no próximo domingo (23). Até agora, as atenções do público eleitor se dividem com as cinzas do vulcão chileno Puyehue, que voltaram a trazer problemas para o tráfego aéreo no país, e também com o anúncio do FMI (Fundo Monetário Internacional) de que a crise econômica chegará em breve à Argentina. O anúncio pode ter caído como luva para reforçar o discurso da oposição, que pede mudança e afirma que o modelo econômico de Cristina Kirchner está esgotado.

Hermes Binner, governador da província de Santa Fé e candidato do Partido Socialista, criticou o que chamou de “governo patrocinador do coronelismo político, corrupção e inflação”, além de acusar a presidente de “governar um país com 10 milhões de crianças pobres”. Como em Buenos Aires a popularidade de Cristina é baixa, Binner concentrará a reta final de sua campanha em Córdoba, La Plata e Rosário.

O terceiro colocado nas pesquisas, Ricardo Alfonsín, deixou de lado o confronto com os demais adversários e, nos spots de campanha, manda um recado direto a Cristina: “Não acredito em nada”. Sua última semana será dedicada a percorrer as ruas de Buenos Aires, com encerramento marcado para quinta-feira (20), ao lado da liderança jovem de sua coalizão, a União Cívica Radical.

O candidato Alberto Rodríguez Saá, do Partido Justicialista, sublegenda Peronismo Federal, aposta em um discurso mais popular, garantindo a certeza da moradia aos argentinos, com o slogan “Meu Partido, Sua Casa”, acusando o governo de aumentar a miséria no país. Ele também promete conexão WiFi grátis em todo o país e a criação de uma agência federal para investigar o crime organizado.

O ex-presidente Eduardo Duhalde, candidato pela sublegenda União Popular do Partido Justicialista, vende a ideia de que, se eleito, a Argentina se tornará o país do progresso. Para isso, aposta no eleitorado jovem, principal público dos vídeos exibidos na TV. É também o que mais bate na tecla da economia. Segundo ele, “mais um governo K trará desastres” para o país – uma alusão aos governos Néstor e Cristina Kirchner.

Enquanto isso, Cristina Kirchner aposta no tom passional que marcou o discurso do “governo K” nessa última década. “Seremos 40 mil argentinos loucos, loucos por novo um país”, diz a presidente nos vídeos recheados de imagens de comícios, caminhadas e da candidata ao lado do povo. Sua campanha deverá ser encerrada em grande estilo, na próxima quarta-feira, no Teatro Coliseu, um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires.