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Movimento "La Cámpora" concentra o exército de jovens de Cristina Kirchner

Andréia Martins<br>Enviada especial do UOL Notícias<br>Em Buenos Aires

20/10/2011 07h21

Camisas pretas com frases de Néstor e Cristina Kirchner e o nome “La Cámpora” estampado no peito. Este é sem dúvida o maior – e um dos mais barulhentos – grupo de apoio do kirchnerismo. No encerramento da campanha de Cristina, na quarta-feira (19), o grupo era maioria e ovacionava a presidente a cada palavra.

Criado em 2003, a “La Cámpora” é hoje coordenado por Máximo, filho mais velho do casal K, com apoio de Juan Cabandié e José Ottavis, dirigentes juvenis que o ajudam a organizar a militância. O nome é uma homenagem ao ex-presidente Héctor J. Cámpora, que pregava a importância da militância, entendida como uma vocação política, e que contaria com a participação dos setores mais vulneráveis da sociedade.

“Nossa militância é contínua. Não termina aqui [no encerramento da campanha]. Não chegamos em casa e tiramos a camisa. A militância continua em casa, na universidade, no trabalho, até no ônibus se for preciso”, diz o estudante L.F., 18, há um ano e meio na “Cámpora” e que prefere não se identificar por receio da imprensa local, comportamento comum entre esses jovens. E não é à toa. O jornal “Clarín”, por exemplo, já os definiu como “propulsores do projeto de Néstor” e “que enfrentam de maneira violenta os meios de comunicação”.

Questionado sobre o que espera dos próximos quatro anos de Cristina, caso sua vitória seja confirmada no domingo (23), o estudante responde dizendo “o aprofundamento do atual modelo econômico e da educação”, uma resposta já comum a todos os partidários da presidente.

 “Vamos apoiá-la no aprofundamento do seu projeto, principalmente a política de nacionalização e integração. Nosso apoio se deve ao fato de que este governo presta atenção nos jovens”, disse Julian Vázquez Fernández, há um ano no grupo.

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Para tornar-se uma organização com representatividade, os líderes do “La Cámpora” se espalham por bairros da capital, distritos e universidades, abrindo um núcleo em cada local. Hoje, entre as organizações jovens atuantes que integram a Juventude Peronista, esta talvez seja a mais preparada para integrar o núcleo do poder argentino. O espaço já está aberto.

Este ano o Partido Justicialista decidiu que, em todas as províncias, as listas dos seus candidatos ao legislativo deveriam dar destaque aos nomes dos militantes-candidatos da agremiação, a maioria com idades ente 25 e 35 anos.

"O papel da juventude e o desafio hoje é ser protagonista. (...) Hoje, La Cámpora tem a maior adesão espontânea de jovens na Argentina. Nosso papel não é só organizar o movimento, mas seu conteúdo político", disse Ottavis em uma entrevista publicada no site da Secretaria de Juventude do Partido Justicialista nesta semana.

Cristina já admitiu que por meio dessa agrupação quer realizar um processo de mudança de geração, ou seja, introduzir os jovens na política. Considerando que dos 40 milhões de argentinos, 9 milhões têm entre 18 e 38 anos, essa é uma fatia da população que, para os políticos, sai vitorioso quem souber mantê-los ao seu lado.