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Eleitores enfrentam fila no último dia de votação antecipada em Chicago

Eleitores enfrentam até 45 minutos de fila para votar - Fabiana Uchinaka/UOL
Eleitores enfrentam até 45 minutos de fila para votar Imagem: Fabiana Uchinaka/UOL

Fabiana Uchinaka

Do UOL, em Chicago (EUA)

03/11/2012 13h21

Os postos de votação em Chicago ficaram cheios durante toda a semana. Em um dos locais oficiais, um ginásio no Welles Park, no norte da cidade, a fila chegava a demorar cerca de 45 minutos, e a expectativa é de que o movimento seja ainda maior ao longo do sábado (3), último dia para quem quiser votar antecipadamente no condado de Cook. Aqueles que não comparecerem até hoje, precisarão esperar para votar no dia oficial de eleição, a terça-feira (6).

A movimentação na cidade foi acima do esperado e, segundo o Comitê Eleitoral de Chicago, bateu recorde. Em cada dia de votação antecipada, exceto na quarta-feira (31), Halloween, a votação foi maior que em 2008, ano da última eleição presidencial. Desta vez, os eleitores tiveram 14 dias para votar mais cedo, sendo que quatro anos atrás foram 18. Chicago conta com 51 locais de votação.

“Eu acho super importante votar, então vim hoje, porque não quero pegar fila na terça ou correr o risco de não conseguir vir. No fim, demorei mais de meia hora, mas tudo bem”, contou Ashton McLean-Hall, 27. “Vejo que alguns dos meus amigos não fazem questão de votar, mas sempre dá para a gente achar uma bandeira que gostaria de defender, não é? Por isso, vou votar no Obama. Espero que ele ganhe.”

“Vim hoje porque queria evitar a fila da terça-feira”, também explicou Brian Weiss, 41, que aproveitou um passeio com o filho de dois anos para passar no ginásio do bairro onde mora e votar em Mitt Romney. “Não gostei do que o Obama fez na economia, então vou de Mitt”, disse.

O medo das filas é a principal razão para os moradores optarem pelo voto antecipado. No sábado passado, algumas pessoas precisaram esperar quase duas horas para conseguir votar. Os funcionários eleitorais especulam que o número de eleitores no dia da eleição pode superar o recorde de 74% registrado em 2008.

“Eu faço questão de votar, votei em todas as eleições desde que completei 18 anos. Acho que cada voto individual conta e se a gente não vota, não tem direito de reclamar depois. Então, como queria muito vir, decidi que era melhor vir antes e tirar essa pendência logo da frente. Aproveitei que hoje é meu dia de folga no trabalho”, disse a garçonete Riva Groening, 22.

Eleições 2012 nos EUA
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Até o presidente, a primeira-dama e o prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, optaram por garantir o voto antes da hora. Obama votou no dia 25 de outubro, no centro comunitário Martin Luther King, ao sul da cidade, e se tornou o primeiro presidente em exercício a fazer uso deste direito. Michelle Obama preferiu votar pelo correio e Emanuel foi na terça-feira passada até o posto de votação do sudoeste de Chicago.

"Isso significa que você não tem que descobrir se você precisa se afastar do trabalho, descobrir como pegar as crianças e ainda votar", disse Obama, ao defender o voto antecipado. Nos Estados Unidos, as pessoas não recebem folga para votar, e não é feriado.

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Todos os Estados americanos aceitam o voto antecipado, mas ele só é apurado após a eleição, embora em alguns locais seja possível identificar o partido do eleitor. Em algumas regiões as pessoas também podem enviar a cédula pelo correio, prática que tem sido cada vez mais comum.

No Estados Unidos, o voto não é obrigatório, mesmo assim mais de 17 milhões de americanos já escolheram entre o presidente Barack Obama, candidato democrata à reeleição, o republicano Mitt Romney ou algum dos vários candidatos que disputam a Casa Branca de forma independente, como o ex-governador do Novo México Gary Johnson, do Partido Libertário, o ex-prefeito de Salt Lake City Rocky Anderson, do Partido da Justiça, a médica de Massachusetts Jill Stein, do Partido Verde, e o ex-parlamentar republicano de Virgínia Virgil Goode, do Party da Constituição.

Entenda

A maioria dos americanos, maiores de 18 anos e registrados, vota em 6 de novembro por voto secreto. No entanto, o processo varia muito e para quem está acostumado com o domingo de votação no Brasil, com suas urnas eletrônicas (e até biométricas) e seus mesários enfileirados, a terça-feira de votação nos Estados Unidos pode parecer complicadíssima.

Saiba mais

As eleições gerais são realizadas na primeira terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro. A data foi escolhida quando os Estados Unidos ainda eram uma sociedade predominantemente agrária. Na época, era conveniente para os legisladores que a eleição fosse em novembro, depois da época de colheita e antes da chegada do inverno.

Como a população rural morava muito longe dos locais de votação, a terça-feira, e não a segunda, foi escolhida para permitir aos que frequentavam a igreja no domingo viajar depois do culto e chegar a seu destino em tempo para votar. Além disso, o dia primeiro de novembro é Dia de Todos os Santos para os católicos e dia de balanço das contas para os comerciantes, eram era melhor evitar a data.

Os eleitores votam, antecipadamente ou não, em igrejas, escolas, bibliotecas e outros espaços públicos, onde são colocadas as urnas, que podem ser eletrônicas, de escaneamento ótico, cartão perfurado ou outros métodos. Mas no Estado de Oregon, por exemplo, as pessoas só podem votar pelo correio.

Ao todo, 35 Estados e o distrito de Columbia permitem algum tipo de votação adiantada, pessoalmente ou pelo correio. Neste último caso, o voto precisa ser postado em envelopes contendo várias informações e assinaturas, inclusive uma de uma testemunha que ateste que “o eleitor marcou as cédulas na presença do indivíduo, sem mostrar como votou”. Para evitar fraudes, uma junta eleitoral analisa cada voto mandado por carta.

O voto pelo correio é visto com desconfiança pelos observadores das eleições, porque é mais passível de fraudes e erros. Há relatos, por exemplo, de pessoas muito idosas ou que sofreram derrames que tiveram seus votos anulados porque a assinatura não batia com a registrada. Ou de pessoas que são coagidas a votar em determinado candidato. Ou ainda dezenas de votos vindos de um mesmo endereço. No entanto, dada a facilidade que ele proporciona, os partidos tendem a relevar as distorções, considerando-as pouco relevantes para o resultado geral.

A eleição presidencial não é determinada pelo total de votos populares, mas pelo Colégio Eleitoral. Cada um dos 50 Estados e Washington, D.C., a capital, recebe um número determinado de “votos eleitorais” baseados, grosso modo, na população. A Califórnia tem a maior parte dos votos eleitorais, 55.

Então, os cidadão votam em representantes, escolhidos normalmente pelas convenções partidárias estaduais ou por voto do comitê central do partido, que votam em nome da população do Estado. Com exceção de dois Estados, todos adotam o sistema de o vencedor com mais votos leva todos os votos do Colégio Eleitoral, independentemente da margem.

Na disputa presidencial, o primeiro candidato a acumular 270 dos 538 votos eleitorais vence (maioria simples). Se empatar, a Câmara vota e escolhe o vencedor entre os que tiveram mais votos. Se os vices empatarem, quem escolhe é o Senado.

Já houve 17 eleições presidenciais nas quais o vencedor não recebeu a maioria dos votos populares apurados. A primeira delas foi a eleição de John Quincy Adams em 1824, e a mais recente, a de George W. Bush em 2000.