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Se seguir média de últimos conclaves, eleição do novo papa deve durar até 4 dias

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

07/03/2013 06h00

Se seguir o tempo médio dos conclaves dos séculos 20 e 21, a eleição do sucessor de Bento 16 --cuja data de início ainda não foi divulgada pelo Vaticano-- deve durar até quatro dias e ser resolvida em até sete votações.

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Segundo levantamento feito pelo UOL, entre 1903 e 2005 --quando foi realizado o último conclave que elegeu o então papa emérito--, nove pontífice foram eleitos. As eleições de Pio 10 e Pio 11 foram as mais longas do período, com duração de cinco dias. A mais curta foi a de Pio 12, que conseguiu ser concluída em apenas três votações e dois dias. Bento 16 também foi eleito em dois dias, mas com quatro votações.

A previsão, no entanto, é que o próximo a ocupar o cargo mais importante da Igreja Católica seja eleito em um único dia. Foi o que disse o vaticanólogo Giancarlo Nardi, que diz acreditar que essa será o conclave mais rápido da história do Vaticano. "Muitos dos cardeais já se conhecem e a própria mídia tem auxiliando para que os religiosos que têm direito a voto cheguem à eleição decididos",  afirma.

Posição também compartilhada pelo padre José Arnaldo Juliano, especialista em História da Igreja Católica e coordenador do Departamento de Pesquisa e Curso de Extensão Universitária no Museu de Arte Sacra de São Paulo. "Logo no primeiro dia do conclave, possivelmente, já sai o próximo papa. Isso porque o voto de cada um deles já tem sido muito pensado e muito refletivo neste período pré-conclave."

Prologar a sé vacante -- expressão que designa o período em que o lugar do papa está vago--, segundo Nardi, é prejudicial tanto para os fiéis como para o desenvolvimento e modernização da Igreja Católica. Cabe ao camerlengo assumir as responsabilidades administrativas da Santa Sé durante essa fase de transição, mas a sua atuação é restrita. "Sem contar que o religioso que assume essa função, Tarcisio Bertone, segue a mesma linha de João Paulo 2º e Bento 16."

O padre Juliano cita ainda a existência de um "desconforto" e de certa "tensão" na Santa Sé em épocas de conclave.

Mas, independente do tempo de duração do conclave, esta eleição certamente já entrou para história, não só por se tratar da sucessão da primeira renúncia dos últimos 600 anos, mas também por reunir o maior número de cardeais eleitores. Ao todo, são esperados os votos de 115 religiosos e o novo papa terá que receber ao menos 2/3 das indicações. Quando Bento 16 e João Paulo 2º foram eleitos, havia 111 cardeais. 

Conclaves longos

O conclave mais longo da história da Igreja Católica foi o que elegeu o papa Gregório 10º (1271), que assumiu o cargo quase três anos após a morte de seu antecessor Clemente 4º. "Há relatos inclusive de que as autoridades da época decidiram destelhar a igreja para acelerar o processo de escolha, já que os cardeais teriam que enfrentar frio, neve e chuva", contou o vaticanólogo. 

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A Santa Sé também manteve o cargo de papa vago por dois anos na década de 1290. Com a morte do papa Nicolau 4º, os cardeais que estavam reunidos em conclave havia dois anos decidiram eleger Pedro Morrone, batizado como Celestino 5º, um velho eremita que não participava do conclave, mas enviou carta aos religiosos cobrando uma definição.

"As demoras eram provocadas principalmente pelas disputas de poder e pela interferência dos reis e dos imperadores, que tinham poder de indicar e vetar a escolha dos cardeais", explica o padre Juliano, que aponta a existência de diversas modificações na eleição do papa porque "o tempo assim exigiu", principalmente para "favorecer a simplificação do processo" e para evitar a "interferência externa".

Nos primeiros anos da história da Igreja Católica, como explica o padre, o papa era eleito pelas comunidades cristãs. "Em 1059, Nicolau 2º limitou a eleição apenas aos cardeais. Regra que foi mantida por Alexandre 3º (1179), que estabeleceu que para ser eleito o papa deveria ter ao menos 2/3 dos votos", descreve Juliano, que acrescenta que o figura do conclave só veio a aparecer em 1274, com Gregório 10º, que determinou que a eleição fosse feita em uma grande sala dez dias após a morte do papa.

"No período de Sé Vacante, os cardeais tinham as refeições reduzidas, caso a eleição não fosse resolvida em três dias. Se o tempo excedesse cinco dias, essa mesma refeição seria baseada exclusivamente de pão, vinho e água", conta o historiador, que aponta a medida como uma maneira de acelerar a votação, mas que foi extinta por Adriano 5º (1276) e restituída por Celestino 5º (1294). 

Mudanças também foram propostas por Gregório 15 (1621-1623), que instituiu o voto secreto e a reclusão, Pio 10 (1904), que aboliu o veto das nações católicas, Paulo 6º, que limitou o direito do voto aos cardeais com idade até 80, assim como o número máximo de 120 eleitores, e João Paulo 2º, que eliminou a possibilidade da eleição por aclamação e por comprometimento.