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Família não aposta na eleição de dom Odilo, mas deixa passaportes preparados

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

12/03/2013 06h00Atualizada em 12/03/2013 11h18

Ainda que o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, faça parte da lista dos possíveis sucessores de Bento 16, a família do cardeal brasileiro diz não "apostar" em sua eleição, apesar de os irmãos já estarem com os passaportes preparados para uma possível viagem de última hora com destino ao Vaticano.

Quem você acha que será o novo papa?

"Não acredito que meu irmão realmente se transforme no novo papa, mas já nos dignifica pelo simples fato de participar da escolha do religioso que ocupará o cargo mais importante da Igreja Católica", disse Flávio Scherer, 67, que diz que a família foi orientada pelo próprio cardeal a manter os "pés nos chão".

Mas, mesmo afirmando ser "remota" a eleição do irmão, Flávio afirma acreditar no potencial do arcebispo de São Paulo. "Odilo tem dez anos de experiência dentro da estrutura do Vaticano e conhece os problemas da Igreja Católica, assim com os desafios internos da Santa Sé", conta o professor que mora em Toledo (PR).

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Segundo ele, o cardeal brasileiro está consciente de que a missão do religioso que assumir o lugar de Bento 16 não será nada fácil. "E seja quem for o candidato escolhido, poderá contar com meu irmão." E se o resultado da eleição for diferente das previsões da família Scherer e dom Odilo for eleito, na opinião de Flávio, o irmão tende a ser um papa mais aberto às questões da atualidade.

"Isso não quer dizer que ele vai modificar os dogmas da igreja ou revogar os 10 mandamentos. Mas, dom Odilo tem a capacidade de fazer uma nova leitura do mundo e possibilitar, por exemplo, o convívio da religião com a tecnologia", aponta Flávio, que entre as características de seu irmão também cita a facilidade de conversar com as pessoas simples.

Dom Odilo, como conta o irmão, também é a favor de uma reforma interna na Cúria Romana, principalmente após os escândalos do vazamento das informações confidenciais do Vaticano --chamado de Vatileaks. E quanto ao celibato dos padres e as denúncias de abuso sexual, Flávio diz que o arcebispo de São Paulo relata ser necessário maior atenção à formação do clero. "Ele tem se mostrado bastante sensível a todas essas questões."

Apesar de 10 dos 11 irmãos de dom Odilo ter frequentado seminários, o cardeal brasileiro foi o único da tradicional família de origem alemã a seguir a carreira religiosa, que foi iniciada no sudoeste do Paraná.

Frequentou a Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo (1970-1975) e o curso de Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Conquistou o título de mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1994-1996) e o de doutor pela mesma instituição em (1988-1991).

Origem alemã

  • BBC

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Outro brasileiro em destaque no conclave

Outro brasileiro também compõe a lista dos possíveis substitutos de Bento 16: dom João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano e arcebispo-emérito de Brasília.

Para o irmão de Aviz, José Amauri -- que também seguiu a carreira religiosa e atualmente é vigário de uma paróquia no Lago Sul, em Brasília--, caso o arcebispo-emérito que já está no Vaticano há dois anos seja escolhido para ser o novo papa ele não fugiria dessa missão. "Meu irmão é membro convocado para esse conclave e, assim como os 115 cardeais que participarão da eleição, se considera um dos candidatos a ser eleito."

"Desde Brasília, Aviz vem respondendo as missões entregues a ele e caracterizou-as sempre como vontade de Deus. Quando recebeu a notícia por telefone que o papa o chamava a assumir um cargo importante no Vaticano, disse: 'é vontade de Deus e eu sirvo ao papa e a Deus'", relembra o irmão.

O arcebispo que começou como padre no norte do Paraná, logo foi nomeado bispo em Vitória (ES) e, após passar por Ponta Grossa (PR) e Maringá (PR), foi para Brasília para assumir o Congresso Eucarístico Nacional. "Pessoalmente sinto que é uma trajetória ascendente. Não posso garantir que ele vai ser papa, mas vejo que tem potencial para assumir cargos maiores", diz o irmão que ingressou junto com dom João no seminário.

José diz que até umas das irmãs, a única evangélica da família tradicionalmente católica do interior de Santa Catarina, está torcendo pela eleição do arcebispo-emérito de Brasília.