Guerra deixa 10 mil órfãos e 1 milhão de palestinos sem casa, diz ONU
Uma avaliação interna da ONU enviada a governos de todo o mundo estima que, mais de oito meses depois do início da guerra em Gaza, há uma "escala sem precedentes de destruição e perda de vidas de civis".
Os dados do raio-X da ONU revelam a dimensão da crise humanitária em Gaza, desde o dia 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel. A retaliação do governo de Benjamin Netanyahu deslocou praticamente toda a população de 2,2 milhões de pessoas do território palestino.
O levantamento faz parte dos documentos que a Coordenação da ONU para Assuntos Humanitários compilou para fazer um apelo internacional por recursos. A entidade estima que precisa de US$ 3,8 bilhões (R$ 19,7 bilhões) para o resgate dos palestinos. Mas, em oito meses de conflito, recebeu de doadores internacionais apenas 27% do valor.
Com base nas informações fornecidas pelo Ministério da Saúde em Gaza e fontes próprias, a ONU estima que:
Mais de 5% por cento da população de Gaza foi morta, ferida ou está desaparecida;
Pelo menos 3.000 mulheres ficaram viúvas;
Pelo menos 10 mil crianças ficaram órfãs;
Mais de 17 mil crianças estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias;
Mais de 1 milhão de pessoas perderam suas casas, quase metade da população de Gaza.
De acordo com a ONU, há ainda um cenário preocupante diante do colapso da ordem social:
As crianças estão enfrentando situações cada vez mais perigosas para tentar encontrar alimentos, água, madeira e suprimentos essenciais.
Os riscos associados à violência de gênero aumentaram, com oportunidades limitadas para os sobreviventes dessas agressões acessarem serviços de apoio que salvam vidas e riscos crescentes para crianças, especialmente meninas com deficiência.
Há várias indicações de "um aumento extremamente preocupante de detenções em massa e arbitrárias", com "sérias preocupações de detenções incomunicáveis e desaparecimentos forçados".
Os dados, na avaliação dos especialistas da entidade, reforçam a ideia de que crimes de guerra e crimes contra a humanidade podem ter sido cometidos em Gaza.
Depois de a Corte Internacional de Justiça determinar, na sexta-feira (24), que Israel deve cessar qualquer ofensiva sobre Rafah, no sul de Gaza, o informe aponta que os conflitos mataram 250 palestinos e deixaram 829 feridos.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberNesse mesmo período, um soldado israelense morreu.
No total, os dados apontam para mais de 36 mil mortos em Gaza e mais de 81 mil feridos.
Cortes internacionais são ignoradas por Netanyahu
O informe da ONU é enviado a governos no momento em que o governo de Benjamin Netanyahu é colocado sob forte pressão internacional. Nesta terça-feira (28), três países europeus passarão a reconhecer o Estado palestino.
Os ataques no fim de semana contra um campo de refugiados geraram indignação até mesmo de aliados de Israel, como a França e a União Europeia.
A ofensiva ocorre num momento em que tanto a Corte Internacional de Justiça como a procuradoria do Tribunal Penal Internacional insistem em apontar que os crimes em Gaza e em Israel não podem ficar impunes.
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