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Vaticano diz que seguranças estão preparados para lidar com espontaneidade do papa

Fernanda Calgaro

Do UOL, na Cidade do Vaticano

18/03/2013 11h33

A espontaneidade do papa Francisco, que nos últimos dias deu provas de que não se prende ao rígido protocolo do Vaticano, como o fez ao cumprimentar a multidão na saída de uma missa, não preocupa a equipe responsável pela sua segurança, informou nesta sexta-feira (18) o porta-voz, padre Federico Lombardi.

Improviso e humildade

  • Papa Francisco anda de ônibus ao lado do cardeal brasileiro dom Raymundo Damasceno

  • Papa pagou a conta de hotel para "dar exemplo"

  • Papa cumprimeta multidão após rezar missa

  • Papa abençoa cão-guia de jornalista durante audiência com a imprensa após eleição

Ele disse que a equipe “é bastante preparada e saberá lidar com a espontaneidade dele”. Lombardi ressaltou ainda que os seguranças estão preocupados não apenas com o papa mas também com o povo, mas que o encarregado da segurança que o acompanha tem “a capacidade e a inteligência para saber se adaptar”.

Fora da lista de apostas dos favoritos para suceder Bento 16, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio surpreendeu o mundo ao ter seu nome anunciado como o próximo papa. Virtual desconhecido, em poucos dias de pontificado, porém, ele chamou a atenção pelo comportamento simples e discurso espontâneo e cativou boa parte da comunidade católica.

Logo após ser eleito, ao retornar, já com os trajes brancos de sumo pontífice, à Casa Santa Marta, edifício no Vaticano onde os cardeais dormiam e faziam suas refeições durante o conclave, Francisco recusou a limusine oficial que o aguardava e preferiu usar o mesmo ônibus em que viera. Sentou-se ao lado do cardeal brasileiro dom Raymundo Damasceno e veio batendo papo.

No dia seguinte, logo cedo, sem nenhuma pompa, foi até uma das principais basílicas de Roma orar. No caminho, fez questão de parar no hotel para clérigos onde ficara hospedado antes de se confinar com os demais cardeais na capela Sistina, e pessoalmente pagar a conta das suas diárias e pegar seus pertences.

De forma anônima, ele também conseguiu dar uma escapada no sábado (16) para visitar um cardeal amigo que sofrera um infarto e estava internado em um hospital de Roma.

No domingo (17), ele quebrou outra vez o rígido protocolo. Pouco antes de celebrar uma missa para funcionários do Vaticano na pequena igreja de Santa Anna, que fica dentro da cidade murada, mas a poucos metros de um portão com acesso à rua, o papa foi ao encontro da multidão, para espanto dos seus seguranças. Francisco cumprimentou diversas pessoas e beijou outras tantas crianças.

Assim como o seu esforço para permanecer na esfera das pessoas "comuns", as suas falas improvisadas têm lhe rendido fãs. Ao ser apresentado pela primeira vez na sacada da basílica de São Pedro como o novo papa, ele cumprimentou as milhares de pessoas na praça em frente com um singelo "boa noite" em italiano, em vez da tradicional saudação em latim.

Em uma audiência no Vaticano com os mais de 5.000 jornalistas que participaram da cobertura do conclave, ele interrompeu a leitura do seu discurso, em que exaltava as qualidades da imprensa, para brincar: "Vocês trabalharam, hein!". Foi aplaudido e ganhou a empatia da imprensa.

Perfil do novo papa 

Primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.

Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969. O jesuíta foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João Paulo 2º em 20 de maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo titular da capital argentina em 27 de junho.

Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres.

O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.

Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.

Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao afirmar que a adoção feita por casais gays provoca discriminação contra as crianças.

Em seu primeiro discurso, feito logo após o anúncio de seu nome, Francisco 1º agredeceu ao acolhimento da comunidade de Roma e, também lembrou do papa emérito Bento 16, seu antecessor.

Ele bateu outros cardeais considerados favoritos, como o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer. (*Com agências internacionais)