Topo

UE diz "não haver justificativa" para retirar diplomatas da Coreia do Norte

Do UOL, em São Paulo

10/04/2013 12h10

A comissão da União Europeia afirmou nesta quarta-feira (10) que a atual situação por terra na Coreia do Norte não justifica a retirada de diplomatas dos países membros do bloco, embora a tensão tenha aumentado na península coreana.

O arsenal norte-coreano

  • A quantidade exata de armas nucleares na Coreia do Norte é uma incógnita, uma vez que o país não é signatário de tratados para controle de tecnologias para destruição em massa.

    No entanto, estima-se que o arsenal do país inclui alguns foguetes que poderiam atingir não só Seul, mas capitais como Tóquio e até mesmo bases norte-americanas no Pacífico.

    Clique na imagem para saber mais

A mensagem comunicada pela embaixada da Suécia ao Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte em Pyongyang é uma resposta à ameaça feita pelo país asiático na semana passada, que dizia não poder garantir a segurança de diplomatas que estivessem no país depois de 10 de abril, afirmou um porta-voz da UE.

“Apesar da tensão atual que [Coreia do Norte] deliberadamente tenta aumentar a retórica agressiva, julgamos que a situação em terra não justifica a retirada ou re-localização das missões diplomáticas dos estados membros da União Europeia, seja no Norte ou na Coreia do Sul.”, disse a porta-voz da UE para Política Externa, Catherine Ashtonz, que ainda conclamou a Coreia do Norte a "abster-se de fazer novas ações e declarações provocativas".

Na terça-feira, um membro da UE declarou que os sete países europeus --Alemanha, Reino Unido, Bulgária, Suécia, Romênia, República Checa e Polônia.-- com embaixada em Pyongyang não pretendiam, por enquanto, evacuar o pessoal diplomático, apesar da recomendação feita pelas autoridades norte-coreanas.

A UE reiterou nesta quarta às autoridades norte-coreanas que, sob as Convenções de Viena, o país tem "uma obrigação contínua e em todas as circunstâncias de proteger as missões diplomáticas e cidadãos da UE".

As missões diplomáticas da União Europeia em Pyongyang, Seul e Pequim, "permanecem em estreito contato e coordenação". "Atualmente, os Estados-membros da UE não mudaram seus conselhos para viagens à região e não recomendam aos seus cidadãos a tomar medidas especiais", acrescentou o porta-voz.

Número de ogivas por país

  • Estima-se que existam mais de 17 mil ogivas nucleares no mundo, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos. Do total, cerca de 4.300 são consideradas operacionais.

    Clique na imagem para saber mais

Coreia ameaça o Japão

A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira (10) transformar o Japão em um "campo de batalha", com possíveis ataques a suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado. O Japão, por sua vez, anunciou que se encontra em "estado de alerta" para interceptar qualquer míssil que ameace o arquipélago.

Como países devem reagir a ataque da Coreia do Norte

NaçãoResposta
Coreia do Sul"Um ataque simples com armas convencionais contra forças sul-coreanas levaria a uma resposta militar por parte da Coreia do Sul. Por sua vez, esta ação forçaria o aumento da escalada de agressões que, se não for parada, poderia resultar em uma guerra de grandes proporções com o uso de armas nucleares e químicas", segundo o diretor do programa de não proliferação de armas no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, Mark Fitzpatrick
Estados UnidosAfirmaram na terça-feira (9) que têm capacidade para interceptar um míssil norte-coreano, mas que só vai fazer isso se a trajetória projetada for perigosa. O país não especificou o limite do que seria “perigoso”, mas isso com certeza incluiria um ataque ao seu território: Guam ou o Estado do Alaska, por exemplo
JapãoPosicionou nesta terça-feira (9) uma bateria de mísseis Patriot no centro de Tóquio para enfrentar qualquer disparo que ameace o país. Outras baterias antimísseis também serão instaladas na ilha de Okinawa, no sul do país
ChinaÉ aliada da Coreia do Norte. O presidente chinês, Xi Jinping, disse no domingo (6) que nenhum país "deve ter permissão para jogar uma região e mesmo o mundo inteiro no caos para ganho próprio", sem citar o aliado
União EuropeiaPlaneja enviar na quarta-feira uma nota diplomática à chancelaria norte-coreana dizendo que o país está errado ao proclamar que uma guerra é iminente. Também adotará em breve as sanções da Organização das Nações Unidas aprovadas em março, após o teste nuclear
BrasilO país está longe do alcance norte-coreano. O embaixador brasileiro na Coreia do Norte, Roberto Colin, diz que “os únicos cidadãos brasileiros que vivem na Coreia do Norte hoje são a mulher do embaixador da Palestina e sua filha caçula. (...) Não existe um plano de evacuação definido, mas, em situação de emergência, a embaixada seria evacuada para Dandong, China”

Diante desse quadro,  Coreia do Sul e Estados Unidos elevaram hoje  o nível de alerta ante o que chamaram de "ameaça vital" representada pela Coreia do Norte, que estaria a ponto de executar um ou vários lançamentos de mísseis a qualquer momento, de acordo com a aproximação do aniversário da data de nascimento do fundador do país, 15 de abril.

O comando integrado das forças americanas e sul-coreanas alterou de  três para dois o nível de alerta - o nível um é sinônimo de guerra, o quatro equivale a tempos de paz -, informou uma fonte militar à agência sul-coreana Yonhap.

Entenda

O regime de Pyongyang, irritado com as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU depois do teste nuclear de fevereiro e das atuais manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas e as ameaças.
Pyongyang advertiu os países que têm representação diplomática na Coreia do Norte que não poderia garantir a segurança das missões a partir desta quarta-feira.

Na terça-feira (9), o governo retirou 53 mil funcionários norte-coreanos que trabalhavam no polo industrial de Kaesong. O acesso ao local está proibido aos sul-coreanos desde 3 de abril.

Nesta quarta, o mais importante posto de fronteira da China com a Coreia do Norte, em Dandong, estava fechado para os turistas, mas permanecia aberto para os negócios, segundo um funcionário da alfândega na cidade.

A Coreia do Sul e seus aliados ocidentais questionam as verdadeiras intenções do jovem dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, que ainda não completou 30 anos e sucedeu o pai, Kim Jong-Il, morto em dezembro de 2011.

Ministros das Relações exteriores do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia) vão debater o impasse entre as Coreias nesta quarta-feira em Londres.