Topo

'Berlusconi paraguaio' e ex-ministro de Lugo disputam Presidência do Paraguai

Horácio Cartes, do Partido Colorado, um dos homens mais ricos do Paraguai - Jorge Adorno/Reuters
Horácio Cartes, do Partido Colorado, um dos homens mais ricos do Paraguai Imagem: Jorge Adorno/Reuters

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

20/04/2013 06h00

Os dois candidatos favoritos para vencer as eleições presidenciais no Paraguai, que serão realizada nesse domingo (21), são o empresário Horacio Cartes, 56, da Associação Nacional Republicana (ANR, nome oficial do Partido Colorado), e o advogado Efraín Alegre, 50, do Partido Liberal Radical Autêntico.

Neófito na política, Cartes ingressou no Partido Colorado em 2009, de orientação conservadora, quando a sigla vivia um momento de profunda crise por conta da derrota histórica, no ano anterior, da candidata Blanca Ovelar, que obteve 30,7% dos votos contra 40,8% do ex-bispo Fernando Lugo. Derrotados, os colorados deixaram a presidência após 60 anos consecutivos e se desapoderaram da máquina pública.

Multimilionário, Cartes evita falar sobre sua fortuna e costuma dizer que lhe atribuem cem vezes mais o montante que tem. O colorado é dono de um conglomerado de 25 empresas --a maior parte do ramo tabagista-- e desde 2001 preside o Libertad, clube de Assunção que acumula oito títulos nacionais e 11 participações seguidas na Libertadores da América após a ascensão de Cartes ao mais alto posto da agremiação.

Tais características permitem comparar o empresário com o ex-premiê italiano Silvio Berlusconi, que detém um império de empresas de telecomunicações e que atuam no ramo financeiro, além de presidir o Milan desde 1986, ininterruptamente.

O dinheiro de Cartes oxigenou o Partido Colorado e ajudou o partido a se reestruturar. Em contrapartida, o empresário conseguiu que a legenda reformasse seus estatutos para que ele pudesse disputar a presidência do país. Embora tenha adquirido adversários internos, Cartes conseguiu articular unidade entre os colorados, tirando de cena velhos quadros do partido desprestigiados.

Mas a biografia de Cartes nem é feita só de fama. O empresário frequentemente tem imagem associada a ilegalidades. Na década de 80, chegou a ficar alguns meses preso por evasão de divisas. Ele era acusado de comprar dólares por valores abaixo dos regulares e negociá-los pelo valor paralelo.

RAIO-X DO PARAGUAI

Arte/UOL
Nome oficial: República do Paraguai

Capital: Assunção

Localização: América do Sul

Superfície: 406.750 km²

População: 7.356.789

Moeda: Guarani

Idioma oficial: Espanhol e Guarani

PIB per capita: US$ 5.400

Religião: Católica (89,6%), Protestante (6,2%), outra (1,9%)

Governo: Presidencialista

Principais atividades econômicas: agricultura (grãos e sementes), comércio e geração de energia

Sobre o candidato colorado recaem ainda suspeitas de ligação com uma rede de lavagem de dinheiro e narcotráfico, conforme telegrama vazado pelo WikiLeaks em 2010. No Brasil, o colorado foi citado na CPI da Pirataria, em 2004, que apontou que uma de suas empresas do ramo de tabaco fazia contrabando de cigarros.

Quando confrontando pelas acusações, Cartes as nega e afirma que nunca foi condenado pela Justiça.

O candidato também costuma dizer que é o maior pagador de impostos do Paraguai e se vangloria de quantidade de empregados que tem. "Se Deus me deu habilidades na vida empresarial, acredito ter condições para usar essas habilidades na política", disse Cartes, em entrevista à AFP.

Politico de carreira

Ao contrário do colorado, Efraín Alegre é político de carreira. Ingressou na juventude do partido liberal aos 20 anos, em 1983. Dez anos depois, foi nomeado para secretaria-geral do Departamento Central, uma das 17 regiões administrativas do Paraguai, que abriga a capital Assunção.

Em 1998, foi eleito deputado, chegando a presidir a Câmara entre 2000 e 2001 e de 2002 a 2003. Alegre foi eleito senador em 2008, mas não exerceu o mandato, já que foi convidado para integrar o Ministério de Obras Públicas e Comunicações--pasta que faz a gestão da usina de Itaipu--, ao longo da gestão de Lugo.

  • Efraín Alegre, do Partido Liberal, político de carreira

Alegre é acusado por adversários de ter usufruído de recursos da Itaipu --denúncia que não foi comprovada-- e de ter concedido favores políticos, como nomeações em estatais paraguaias, para costurar sua candidatura.

Pesquisas e outros candidatos

As pesquisas eleitorais não permitem estabelecer um cenário preciso, dada a falta de credibilidade das sondagens, que indicam percentuais distintos para os dois principais candidatos. Em pesquisa da Grau & Associados divulgada no domingo (14), Cartes aparece com 45,3%, contra 31,2% de Alegre. Já na sondagem do Gabinete de Estudos de Opinião (GEO), o colorado aparece com 34,8% das intenções, atrás do liberal, que tem 36,7%.

A terceira força é o apresentador de televisão Mario Ferreiro, candidato do movimento Avança País, uma das três coalizões de esquerda que disputam o pleito, que aparece com cerca de 10% das intenções de votos nas pesquisas.

Anibal Carrillo, candidato da Frente Guasú, agrupamento de partidos que sustentou o governo Lugo, oscila em torno de 2%, patamar não atingido pelos sete candidatos restantes. Como não há segundo turno no Paraguai, vence o candidato que conquistar maioria simples dos votos. (Com AFP)