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Apesar de protestos, França celebra nesta quarta primeiro casamento gay do país

Vincent Autin (e), 40, e Bruno Boileau (d), 30, se casam nesta quarta em Montpellier - Pascal Guyot/AFP
Vincent Autin (e), 40, e Bruno Boileau (d), 30, se casam nesta quarta em Montpellier Imagem: Pascal Guyot/AFP

Do UOL, em São Paulo

29/05/2013 06h00

Apesar das manifestações e toda a pressão de opositores, o primeiro casamento gay da França será celebrado nesta quarta-feira (29), na cidade de Montpellier.

Casal homossexual se prepara para casamento na França

O primeiro casamento gay da França será celebrado na próxima quarta-feira, em meio à tensão social que toma conta do país, após uma nova grande manifestação dos opositores do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, promovida no último domingo.

Vincent Autin, 40, e Bruno Boileau, 30,  vão dizer "sim" no salão de honra da prefeitura. O casal  aguardava a aprovação da lei há muito tempo.

Depois da decisão, Boileau fez questão de parabenizar "todos os militantes que lutaram por anos".

O primeiro matrimônio entre pessoas do mesmo sexo no país contará com a presença da ministra de Direitos das Mulheres e porta-voz do governo, Najat Vallaud-Belkacem, e da ministra da Família, Dominique Bertinotti.

No total, 200 familiares e amigos do casal, 300 convidados de associações e grupos políticos e 130 jornalistas - ou seja, mais de 600 pessoas - vão participar da cerimônia.

"Nosso casamento é muito midiático, o que pode intimidar um pouco, mas estamos cuidando para que a sua finalidade não seja esquecida. O que queremos é a igualdade para todos, que todos possam se casar na prefeitura de suas cidades", declarou Bruno Boileau.

Autin concorda com o companheiro e espera que o casamento inspire outros casais.

"Isto aqui não é apenas sobre Vincent e Bruno. Isto é sobre a igualdade perante a lei, sobre todas as pessoas que lutaram pelo direito de dizer sim", afirmou Autin.

Autin e Boileau esperam ainda formar uma família completa com a adoção de uma criança.

"Temos consciência de que não vamos conseguir adotar agora. As mentalidades precisam mudar aqui na França", disse Autin.

O casamento será celebrado em Montpellier devido à militância da prefeita da cidade, a socialista Hélène Mandroux. Em 2011, a prefeita casou, simbolicamente, dois homossexuais.

Protestos

A lei que autoriza o casamento de pessoas do mesmo sexo, uma das promessas de campanha do presidente socialista François Hollande, provocou uma imensa turbulência na França, com a multiplicação das manifestações no último mês. As ações são frequentemente marcadas por atos de violência, ameças e agressões homofóbicas.

No domingo (26), os adversários do casamento gay organizaram um grande protesto em Paris, que acabou com combates entre os policiais e membros de extrema-direita.

A prefeita de Montpellier afirmou, em entrevista, que o respeito deve prevalecer durante este momento histórico.

"Não quero alvoroço, não sou famosa. Nesse momento deve prevalecer o respeito ao acontecimento", disse Mandroux.

A cerimônia será sóbria. Depois de perguntar aos dois se aceitam um ao outro como marido e escutar o "sim" de cada um, a prefeita dirá aos noivos: "Eu vos declaro unidos pelo vínculo do matrimônio".

Temendo manifestações hostis, a prefeitura pediu que não seja organizada uma festa na área externa. Uma festa particular com os parentes do casal será celebrada em um local que é mantido em segredo.

A lei que autoriza o casamento e a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo foi aprovada pelo Parlamento francês em 23 de abril. Depois de um recurso da oposição de direita ao Conselho Constitucional, a corte validou a medida em 17 de maio, que foi promulgada pelo chefe de Estado no dia seguinte. (Com AFP)

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