Senador diz que ficou 'contente' com troca de ministros, diz advogado
O senador boliviano Roger Pinto Molina, que fugiu da Bolívia e está asilado em Brasília, ficou “contente” com a substituição de Antonio Patriota por Luiz Alberto Figueiredo no comando do Itamaraty, segundo informou na manhã desta terça-feira (27) o advogado Walter Bittar, que está acompanhando o asilado nos últimos dias. A fuga de Molina foi o estopim para a queda de Patriota, cuja relação com a presidente Dilma Rousseff estava desgastada.
Quem é o senador Roger Pinto Molina
Idade: 53 anos
Região da Bolívia: eleito pela província de Pando, no norte do país
Partido: Convergência Nacional (oposição ao governo Evo Morales)
Acusações: Assassinato de camponeses em 2008; desacato ao presidente Evo; desacato à ministra da Transparência e Anticorrupção; dano ambiental; corrupção e desvios na Zona Franca de Cobija, entre outros
Defesa: O senador nega os desvios em Cobija e diz ser perseguido pelo governo de Evo Morales
“Ele ficou contente, não exatamente pela saída do Patriota, mas por achar que esta troca é uma luz no fim do túnel”, disse Bittar, que trabalha no escritório de Fernando Tibúrcio, advogado do senador boliviano e dono da casa onde ele está abrigado, no Lago Norte, em Brasília.
Após a queda de Patriota, Molina suspendeu a visita que faria ao Senado, onde concederia entrevista coletiva na Comissão de Relações Exteriores da Casa, a partir de 15h de hoje.
Molina estava asilado há mais de 450 dias na Embaixada brasileira em La Paz. Na tarde de sexta-feira (27), fugiu para o Brasil, com auxílio do diplomata Eduardo Saboia, encarregado dos negócios e titular interino da representação do Brasil em La Paz. Sob escolta de dois fuzileiros navais, eles deixaram a capital boliviana, percorreram 1.500 km em 22 horas até chegar a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, perto da fronteira.
De lá, foram acompanhados por agentes da Polícia Federal e seguiram de avião até Brasília, onde desembarcaram na madrugada de domingo (25). Opositor do governo de Evo Morales, Molina foi condenado em primeira instância por corrupção e é acusado por vários outros crimes.
A fuga foi planejada à revelia do Itamaraty, segundo afirmou Saboia, que está afastado da função até que o ministério conclua a sindicância para apurar a conduta do diplomata. Saboia disse que tomou a decisão de fugir com o senador por temer pela saúde do asilado, que apresentava quadro de depressão e ameaçava se suicidar, de acordo com o diplomata.
Segundo Walter Bittar, o senador aparenta estar bem, mas não deixou a casa onde está abrigado para fazer exames médicos em função do assédio de jornalistas. “Ele está tomando medicamentos e está em repouso até ter condições de ir ao médico.”
De acordo com o advogado, Molina ficará na casa de Tibúrcio por tempo indeterminado. Os familiares do parlamentar boliviano fugiram para o Acre no final de 2012. Também não há previsão da data em que os parentes de Molina viajarão a Brasília para encontrá-lo.
Senador é acusado de corrupção
Acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, Molina refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012. Após dez dias de ser recebido na embaixada, o governo brasileiro concedeu ao senador o status de asilado político.
Em junho, o político foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano, que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão. Molina também é acusado de participar do assassinato de camponeses em 2008, entre outros crimes.
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