Capitão do Costa Concordia quis mentir sobre naufrágio para evitar processo por mortes
O diretor da companhia Costa Crociere Pier (proprietária do navio de cruzeiro Costa Concordia, que naufragou em 13 de janeiro de 2012 na costa italiana da Ilha de Giglio), Roberto Ferrarini, declarou nesta segunda-feira (14), em um tribunal em Roma, que o capitão da embarcação à época, Francesco Schettino, tentou alinhar com o alto escalão da empresa uma "versão conjunta" falsa do acidente que matou 32 pessoas, como forma de se livrar de possíveis responsabilidades em juízo.
"Schettino sugeriu que nós disséssemos às autoridades italianas que uma queda geral de energia causou a colisão. Mas nós rejeitamos fortemente essa ideia. Eu, aliás, fiquei bastante zangado"
Ainda de acordo com o diretor, a empresa levou algum tempo para entender a extensão e a gravidade do acidente, já que Schettino passava informações "em gotas" sobre o caso naquela fatídica noite.
"Na terceira ligação, o capitão assegurou que o navio não estava afundando", declarou Ferrarini, dizendo ainda que "lá pela quarta ligação, eu entendi que ele [Schettino] passava a informações de forma fragmentada e que nós precisaríamos confirmar tudo com os oficiais dele".
O depoimento do diretor piora ainda mais a situação de Schettino, 53, que está sendo julgado no Tribunal de Grosseto, em Roma, pelos crimes de homicídio múltiplo por imprudência, danos ao meio ambiente e abandono de navio. Em julho do ano passado, a Justiça italiana já condenou cinco réus pelo naufrágio.
A companhia Costa Crociere Pier acusa Schettino pelo acidente. Na última quarta-feira (10), o ex-presidente e ex-CEO da Costa Crociere, Luigi Foschi, prestou depoimento como testemunha no processo sobre o naufrágio e também responsabilizou o ex-capitão.
Segundo ele, a empresa realizou uma investigação interna logo após o fato e apurou que a culpa foi da equipe que comandava o navio na ocasião. "Em 16 de janeiro de 2012, em uma entrevista coletiva, eu já tinha indicado a responsabilidade do comando. A companhia não acha adequados os tempos de resposta a bordo", afirmou.
'Pequena pedra'
Em sua defesa, Schettino argumentou hoje que achou, inicialmente, que a embarcação tinha se chocado contra "uma pequena pedra", naquela noite fatídica, ao descrever ao júri uma conversa gravada pela caixa-preta do navio cerca de 10 minutos após a embarcação se chocar contra rochas, em um julgamento que se arrasta desde julho do ano passado.
O ex-capitão rejeita as acusações. À corte, Schettino argumenta que não abandonou o navio, mas disse hoje ao júri que escorregou e caiu em um bote salva-vidas, então ficou em terra --apesar das ordens de um oficial da guarda costeira italiana para voltar a bordo. (Com agências internacionais)
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