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"Meninas da Nigéria são minhas irmãs", diz Malala a TV

A jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai, 16, concede entrevista à rede de TV "CNN" - Reprodução/CNN
A jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai, 16, concede entrevista à rede de TV "CNN" Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL, em São Paulo

07/05/2014 17h09

A ativista paquistanesa Malala Yousafzai, 16, disse na terça-feira (6) que as 200 estudantes nigerianas sequestradas no dia 15 de abril pelo grupo radical islâmico Boko Haram são suas “irmãs”.

As garotas da Nigéria são minhas irmãs, então é minha responsabilidade falar por minhas irmãs. Acredito que somos uma comunidade e que devemos cuidar uns dos outros”, disse Malala em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da “CNN”.

Malala se tornou mundialmente conhecida em 2012, quando sobreviveu a uma tentativa de assassinato cometida pelo regime fundamentalista do Taleban no país, que proíbe meninas de frequentarem escolas. A jovem, que na época já atuava pela educação das garotas, se tornou então um ícone mundial da luta pela educação.

Boko Haram significa "a educação ocidental é pecaminosa" em hausa, a língua mais falada no norte da Nigéria. Na entrevista à CNN, Malala criticou o grupo dizendo que seus líderes “não entendem o islã”.

“Eu acho que eles ainda não estudaram o islã, não leram o Alcorão. Islã significa paz, e o islã manda uma mensagem para gente, de que devemos buscar conhecimento e educação”, disse. "Eles deveriam pensar nessas meninas como suas próprias irmãs. Como se pode aprisionar suas próprias irmãs e tratá-las de maneira tão cruel?", questionou.

Mapa Nigéria - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

“Medo do poder da mulher”

Para Malala, os grupos radicais justificam suas atitudes dizendo que atuam em nome do islã porque, na verdade, temem que as mulheres um dia alcancem a independência.

“Alguns terroristas usam o nome do islã porque têm medo do poder das mulheres, não querem que as mulheres tenham educação. Então eu acho que esses terroristas têm medo das mulheres e por isso as estão sequestrando”, afirmou.

“Na minha opinião, a comunidade internacional precisa ficar alerta. Caso contrário esse tipo de coisa vai acontecer cada vez mais e mais”, concluiu.

Malala concedeu a entrevista de Birmingham, na Inglaterra, onde está vivendo e estudando. Questionada se deseja voltar ao Paquistão um dia, Malala disse que retornar à terra natal é um "sonho".

"É meu sonho voltar ao meu belo país e encontrar meus amigos de novo. Voltarei para lá assim que possível", disse.

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