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Ex-capitão do Costa Concordia admite que fez manobra fatal para "agradar"

Do UOL, em São Paulo

02/12/2014 13h42Atualizada em 02/12/2014 13h46

O ex-capitão do Costa Concordia admitiu nesta terça-feira (2), em seu primeiro depoimento à Justiça italiana sobre o naufrágio do navio, que levou o cruzeiro para próximo do costa para fazer um agrado aos passageiros e um membro da tripulação. O acidente, em 2012, deixou 32 mortos.

Em um interrogatório conduzido, em Grosseto, pelo procurador Alessandro Leopizzi, Schettino negou que tenha tentado manobrar a embarcação perto da ilha para impressionar a bailarina e hostess Domnica Cemortan, apontada como affair do ex-comandante.

No entanto, o italiano confirmou que a mulher estava na cabine de comando na hora do acidente e ressaltou que, "geralmente, em cruzeiros, grupos de pessoas pedem para visitar a cabine e observar as operações de navegação".

"No máximo, deixamos entrar uma dúzia de passageiros por vez", argumentou, explicando que se pagava entre 50 e 60 euros pela visita.

"Eu quis matar três pássaros com uma pedra", disse Schettino. "A aproximação da ilha favorece o aspecto comercial. Várias vezes naveguei perto da ilha de Giglio", contou Schettino, que ficou conhecido como "o capitão covarde" por ter abandonado o navio antes que os passageiros, durante o naufrágio.

Questionado sobre a qualidade de sua visão, Schettino também contou que usa lentes de contato e frequenta um médico especialista duas vezes por ano.

O ex-comandante tentou se desvencilhar das acusações e apontar uma série de erros e omissões de seus suboficiais como o principal motivo do naufrágio. Ele chegou a acusar o timoneiro indiano Jacob Rusli Bin de falhar durante a navegação.

"Ou somos todos kamikazes, ou eles tinham medo de se comunicar, ou algum oficial mentiu para mim sobre a carta náutica", criticou Schettino, dizendo que em nenhum momento foi informado de que o navio já estava próximo da ilha de Giglio.

O Costa Concordia naufragou em 13 de janeiro de 2012, após colidir com rochas da ilha de Giglio. A embarcação tombou e ficou encalhada no local até meados de 2014, quando pôde ser rebocada graças a uma complexa operação náutica.

O comandante está sendo julgado por homicídio culposo, por causar um naufrágio e por abandono de navio. Caso seja condenado, ele pode pegar mais de 20 anos de prisão.  (Com agências internacionais)