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Futuro da Síria está nas mãos de seu povo apenas, diz chanceler sírio na ONU

Chanceler da Síria, Walid al-Moualem, discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York (EUA) - Mike Segar/Reuters
Chanceler da Síria, Walid al-Moualem, discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York (EUA) Imagem: Mike Segar/Reuters

Do UOL, em São Paulo

02/10/2015 12h45

O chanceler sírio, Walid Al-Moualem, afirmou em discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York (EUA), nesta sexta-feira (2), que “o futuro da Síria está nas mãos de seu povo apenas”, sem interferência internacional.

“Ninguém pode negar isso ao povo sírio”, disse, possivelmente rebatendo críticas feitas por líderes de países ocidentais em dias anteriores, como Estados Unidos, França e México, que defenderam a saída do poder de Bashar al-Assad e a formação de um governo de transição na Síria.

O país árabe enfrenta uma guerra sangrenta há quatro anos, entre forças do governo e grupos dissidentes, e mais recentemente a ocupação de algumas regiões por radicais do Estado Islâmico. A população civil, amplamente afetada, tem fugido das constantes agressões para nações vizinhas e para a Europa.

“O papel da comunidade internacional é parar o fluxo de terroristas. Como é sabido, eles vêm de mais de cem países para criar um califado que não inclui somente a Síria e o Iraque”, outro país sob ataque do EI. “Os países continuam armando e treinando os terroristas”, criticou o diplomata.

Nesta semana, a Rússia deu início a uma série de ataques aéreos a pedido de Assad. Segundo os EUA e a França, porém, esses ataques têm alvejado rebeldes contrários ao regime e não militantes do Estado Islâmico. 

“Ataques russos feitos pelo governo sírio ocorreram em coordenação com o governo sírio e são um apoio ao esforço do governo para combater o terrorismo”, disse Moualem.

No último domingo, a França já tinha promovido ataques aéreos no território sírio, mas sem avisar o governo de Assad. O presidente Hollande apoiou na ONU, nesta semana, que "Assad não é parte de uma solução" para a crise no país.

"Ataques aéreos serão inúteis, a menos que ocorram em coordenação com o regime sírio, o único que está de fato combatendo os terroristas", afirmou o chanceler.

“O Exército da Síria é capaz de limpar o país desses terroristas e o Exército vai continuar combatendo. (...) A Síria não pode implementar medidas democráticas, como a realização de eleições, enquanto terroristas estiverem ameaçando civis”.

Assad está em seu terceiro mandato consecutivo (cada um com duração de sete anos), mas sua reeleição à Presidência em junho de 2014 foi contestada pela oposição e pela comunidade internacional.

A ONG OSDH (Observatório Sírios dos Direitos Humanos) acusou o regime de ter forçado os cidadãos a votar, ameaçando-os com a prisão; opositores contestaram a credibilidade de um pleito realizado em meio a uma guerra civil; e a União Europeia considerou as eleições ilegítimas.

Em seu pronunciamento hoje, Moualem confirmou que a Síria participará de conversações preliminares propostas pela ONU para negociações de um acordo que ponha fim à guerra civil. 

O diplomata fez referência a "quatro comitês de especialistas" sugeridos pelo mediador das Nações Unidas, Staffan de Mistura, para realizar "consultas preliminares não vinculantes". (Com agências internacionais)