Na ONU, Raúl Castro cobra o fim do embargo e a devolução de Guantánamo
Em seu primeiro discurso na Assembleia-Geral da ONU em Nova York, nesta segunda-feira (28), o presidente cubano, Raúl Castro, reafirmou que a normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos será alcançada somente com o fim do bloqueio econômico contra a ilha. Raúl admitiu que será um longo e complexo processo para a regularização dos laços diplomáticos e agradeceu o apoio dos países-membros da ONU ao fim do embargo.
Raúl também deixou claro que Cuba exige que os EUA devolvam o território de Guantánamo, onde o governo americano mantém uma base naval. Ele pediu ainda o fim de "programas subversivos" e uma compensação pelos anos em que a ilha sobreviveu ao embargo. "Que compense o nosso povo pelos danos humanos e econômicos que ainda sofre", disse.
Mais cedo, em seu discurso, o próprio presidente dos EUA, Barack Obama, pediu que o Congresso americano acabe com o embargo imposto ao governo cubano. "Teremos que ser suficientemente fortes para admitir que o que está sendo feito não funciona", afirmou Obama. "Confio que o nosso Congresso inevitavelmente levantará o embargo que já não deveria seguir vigente", acrescentou.
O presidente cubano deve se encontrar com Barack Obama nesta terça-feira (29). O encontro será o segundo entre ambos dentro do processo para a normalização das relações bilaterais anunciado em dezembro do ano passado e que permitiu a restauração dos laços diplomáticos entre EUA e Cuba. Obama e Raúl conversaram por telefone na semana passada, às vésperas da visita do papa Francisco a ambos países, e analisaram o processo de normalização bilateral e as possíveis medidas para aumentar a cooperação.
A Assembleia-Geral da ONU vota majoritariamente a favor do fim do embargo dos EUA desde que Cuba apresentou a moção pela primeira vez, em 1992. Apenas um pequeno grupo de país já votou contra. Na votação do ano passado, 188 países apoiaram o pedido cubano e apenas dois se opuseram --EUA e Israel-- além de três abstenções.
Após criticar as "tentativas de desestabilização da ordem constitucional" na Venezuela e defender o presidente do Equador, Rafael Correa, a independência do território norte-americano de Porto Rico e o direito da Argentina às ilhas Malvinas, Castro fez uma breve menção à crise vivida atualmente pelo Brasil. "Reiteramos nosso apoio solidário à presidente Dilma Rousseff e ao povo brasileiro na defesa de suas conquistas sociais e da estabilidade do país", disse o líder cubano. Pouco antes, ele havia sido aplaudido pelo público presente no auditório ao falar sobre o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e cobrar uma maior ajuda financeira das nações desenvolvidas à África.
O líder cubano afirmou que a Europa deve assumir, de maneira imediata e plena, suas responsabilidades com a crise humanitária que ajudou a criar, referindo-se aos milhares de imigrantes que fogem das áreas de conflito do Oriente Médio, da África e da Ásia. (Com agências internacionais)
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