Putin defende aliança com regime da Síria para combater terrorismo do EI

Presente pela primeira vez à Assembleia Geral da ONU em dez anos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (28) que tem apoiado Iraque e Síria a combaterem o grupo extremista Estado Islâmico e que uma aliança com o governo de Bashar al-Assad é um caminho para lutar contra o 'terrorismo" dos radicais islâmicos.

"Qualquer tentativa de flertar com terroristas armados é perigosa, não pode ser controlada. (...) A Rússia não tem ambições expansionistas, mas não pode tolerar o terror", afirmou Putin.

Militantes do Estado Islâmico treinam recrutas de muitos países, incluindo europeus e a Rússia. Putin afirmou que Moscou tem lutado contra o terrorismo de todas as maneiras e está fornecendo equipamentos militares para o governo sírio.

“Nós deveríamos reconhecer que ninguém, exceto a Síria e sua milícia, está verdadeiramente combatendo o Estado Islâmico na Síria”, disse o russo.

O presidente defendeu que deveria existir uma coalizão internacional maior contra o terrorismo, similar àquela formada durante a Segunda Guerra Mundial para combater Hitler.

Enquanto o chefe de Estado da Rússia apresenta Assad como vetor para solucionar o desequilíbrio sírio, o presidente dos EUA, em direção inversa, sustenta que o ditador deveria ser afastado do comando de seu país. 

Pouco antes de Putin se dirigir aos líderes mundiais que participam da assembleia, Obama havia defendido que apenas um governo provisório sem Assad poderia por fim ao conflito que assola o país e que tem como consequências uma grave crise humanitária e um exôdo de refugiados para países vizinhos e a Europa.

"Precisamos reconhecer que não pode haver, após tanto derramamento de sangue, tanta carnificina, um retorno ao status quo do pré-guerra, porque foi assim que o conflito começou – com protestos pacíficos reprimidos com assassinatos", afirmou Obama.  "Assad e seus aliados não podem pacificar o país com armas nucleares e bombardeios indiscriminados que matam milhares de pessoas. É preciso um governo de transição longe de Assad até que se chegue a um novo líder, para que a população síria possa reconstruir o país." 

Obama usou a palavra "tirano" para descrever Assad. E isto é sinal de apenas mais um impasse entre eles.

Os dois têm encontro marcado para o fim da tarde de hoje. Assuntos como o conflito separatista na Ucrânia e a crise na Síria ilustram algumas das divergências entre Putin e Obama.

Poderá sair desta reunião uma resposta para a proposta russa de aliança com Assad. Mas, se ela for negativa, que outra opção teriam os EUA? (Com agências internacionais)